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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Uma foto maravilhosa do TOQUIN!

 Toquin foi o nome escolhido em votação pelos membros do COA/ES, Clube de Observadores de Aves do Espírito Santo, para um filhote de Urutau, ou Mãe-da-lua, Nyctibius griseus. A ave, escolheu o local do ninho em uma árvore no campus da UFES-Universidade Federal do Espírito Santo.

Foi uma eleição disputada, inclusive para decidir se seria TOQUIN  ou TOQUIM! Venceu o Toquin, e, entre as muitas fotos que foram feitas para admirar o filhote, destacamos a foto abaixo, do colega Luiz Claudio Effgen:








































A belíssima foto do Toquin com sua mamãe, feita pelo Luiz Claudio Effgen,  ganha um toque especial no colorido PB, realçando com  um toque sublime, o milagre da criação e da maternidade! Luiz, Parabéns pela sensibilidade!

O nome Urutau vem da língua Tupi, e significa ave fantasma, uma referência, talvez, ao canto melancólico dessa ave, que, não raras vezes, chega assustar quem a ouve, quebrando o silêncio de nossas noites! Outras pessoas, atribuem a denominação Mãe-da-lua a uma suposta predileção dessa ave para entoar seu canto fantasmagórico em noites de lua cheia. Essa última crença, acreditamos não ser verdadeira, pois já a ouvimos em noites sem lua cheia!
A família dos urutaus ou mães da lua é denominada de Nyctibiidae, e, no Brasil temos cinco espécies de urutaus, dos quais, quatro ocorrem aqui no estado do Espírito Santo. O Nyctibius griseus, aqui mostrado, é o mais comum, sendo muito registrado em campos, capoeiras, borda de matas e até dentro de cidades. Sua camuflagem é perfeita, imitando a continuação de um toco de árvore, e por essa razão, passa quase sempre despercebido.

OBRIGADO às pessoas que nos visitam!!

domingo, 20 de novembro de 2022

A passagem do MAÇARICO DE ASA BRANCA, por Vitória!

 Todos os anos, quando se aproxima o inverno no hemisfério norte, muitos maçaricos migratórios dirigem-se para o sul fugindo do frio. Nessa longa rota migratória, de mais de 10.000 km., algumas vezes temos a sorte de encontrar algum desses viajantes transcontinentais!

Esse fato, já documentado por nós algumas vezes aqui nesse espaço, teve mais um episódio hoje, dia 20 de novembro. Estivemos na Ilha do Boi, bairro aqui de Vix circundado pelo oceano atlântico, e, encontramos esse maçarico, já nosso conhecido de verões passados!  Ele escolheu para forragear, o local das pedras próximo à praia do Nenel, de onde se divisa ao longe o porto de Tubarão. Com vocês, Tringa semipalmata, também conhecido como Maçarico-de-asa-branca, para os amigos!


Esse belíssimo maçarico pode ser considerado grande se comparado a outros visitantes que já vimos por aqui como o maçarico pintado, o maçarico rasteirinho ou o maçarico de sobre branco. Essa ave tem um comprimento médio variando entre os 33 a 41 cm. e pesa entre 173 e 375 gramas segundo o Wiki Aves.



Nas pedras da beira mar, onde inúmeros seres marinhos se alojam, incluído aí algas marinhas, sururus, ostras, caranguejos, etc. Esses maçaricos gostam de ficar explorando esses locais à cata de alimento.






Vasculhando o fundo procurando comida!








 Próximo a um "amigo" vira pedras e em um momento de descontração e descanso!








Simpático e confiável!




















Algumas vezes, porém, essa simpatia termina por causar ciúmes em colegas presentes no lugar!












No site Wiki Aves, que é considerado como a Enciclopédia on-line das aves brasileiras, e, talvez, nosso "museu virtual" mais conhecido, encontramos até hoje, 20.11.2022, um total de 53 fotos dessa ave aqui no Espírito Santo, sendo 45 somente na ilha do boi! Portanto, não se pode dizer que encontra- lo por aqui seja muito comum, mas, superior aos registros mais austrais como do Rio Grande do Sul (20 registros) Santa Catarina (51 registros) São Paulo (12). Mas no Rio de Janeiro são 186 fotos, inclusive fotos de bandos maiores.

A plumagem desse individuo fotografado hoje, é a plumagem de descanso reprodutivo, mas existem registros no Wiki Aves, com fotos feitas no mês de março, em que as aves ja aparecem com sua plumagem reprodutiva!

Terminamos o relato dessa visita agradável de hoje, agradecendo todas as pessoas que nos honram com suas visitas!

Muito Obrigado!




sábado, 19 de novembro de 2022

O Anambezinho, Iodopleura pipra, faz mais de uma postura por ano?

 Em setembro p.p., fizemos uma postagem aqui nesse blog informando sobre a Nidificação do anambezinho, vide: mensagem intitulada "A nidificação do Anambezinho, Iodopleura pipra" fizemos algumas observações sobre o casal de Anambezinho que localizamos nidificando na estrada marginal à Reserva de Duas Bocas, aqui neste estado do Espírito Santo. Essa ave, tempos atrás era tida como rara e até mesmo ameaçada!

A informação corrente, de que a espécie choca apenas um ovo, nascendo um único filhote em cada postura já foi por diversas vezes verificada e confirmada.

Porém, ainda não sabíamos que essa pequena avezinha (9,5 cm) pode fazer mais de uma postura por período reprodutivo, e, mais que isso, pode se aproveitar do mesmo ninho usado na postura anterior!

Foi o que observamos ontem, dia 18 de novembro de 2022, no mesmo local, na estrada marginal a Duas Bocas em Cariacica.

A ave ao lado do filhote. Observar que a árvore hospedeira, que em setembro estava despida de folhas, agora, com as chuvas da primavera, encontra-se verdejante.















o local do ninho, na curva do galho, onde o filhote já está instalado e bem visível.










 A mãe, cuidadosa próxima ao filhote.






















cuidados parentais,


















Alimentando o "júnior"!












































A ave, ao pousar em galho próximo ao ninho!



















Acreditamos que a observação de aves pode ajudar como auxiliar na compreensão e esclarecimento de muitas coisas a respeito de nossas aves! Essa postagem, tem essa finalidade, contribuir mesmo que de forma humilde, para se conhecer algo mais sobre o comportamento e nidificação do anambezinho!

Agradecemos a todas as pessoas que nos honram com suas visitas!!

Falcão peregrino em prédio de Vitória-ES.

 Por alguns dias neste mês de novembro de 2022, moradores do bairro Bento Ferreira aqui em Vitória, tiveram a companhia de um visitante de verão, famoso e distinto! Trata-se do Falcão peregrino, Falco peregrinus, individuo migrante que todos os anos, à medida que se aproxima o inverno no hemisfério norte, migra para o sul, à procura de lugares mais quentes para passar seus dias.


O Falco peregrinus, pousado na estrutura de ar-condicionado de um prédio em Bento Ferreira.


Registrar esse falcão em Vitória, não é novidade.

Em consulta ao site do Wiki Aves, pudemos ver que na última temporada, de 2021 para 2022, esse falcão foi registrado pelo menos oito vezes em pontos diferentes da capital.






O Hábito da espécie de empoleirar em estruturas de ar-condicionado dos prédios já tinha sido notado há muito tempo! Em relatos antigos, jornais do Rio de Janeiro fizeram referência a um certo "gavião da Mesbla", referindo-se ao falcão que se empoleirava no prédio da antiga loja Mesbla no centro do Rio. Na ocasião, surgiu também a explicação para esse fenômeno: a ave, migratória, e longe de seu habitat natural que seriam as montanhas no Canadá. servia-se dos prédios como uma forma de lembrança de suas pousadas anteriores.

O Falcão peregrino é ave que pode ser encontrada em todos os continentes, com exceção da Antártida. A Fêmea é bem maior que o macho, o que é bem típico em aves de rapina.

É um exímio caçador, principalmente de aves. Mas já o vimos caçando morcegos no crepúsculo!
É considerado o animal mais rápido do mundo. Em seus mergulhos de caça, afirma-se que sua velocidade pode chegar a mais de 300 km por hora!


Agradecemos a todas as pessoas que nos honram com suas visitas!

domingo, 6 de novembro de 2022

A Canela branca, Nectandra membranacea, uma "lanchonete" para as aves!

 Finalmente consegui a identificação de uma árvore muito especial que encontramos em Duas Bocas, mas também em outros locais como em Chaves!

Trata-se de uma árvore que fornece uma abundante quantidade de frutos para as aves! Tucanos, araçaris, periquitos, sabiás, arapongas e outros visitam essa árvore quando está pejada de frutos!

Sabia que era uma laurácea, uma canela, mas não conseguia identificar qual a espécie. Um biólogo conhecido contactou um especialista no assunto e nos informou: Trata-se da Canela branca, ou Canelão em alguns lugares, a     Nectandra membranacea.


A Canela branca fornece abundante alimentação abundante para as aves.

Mas as aves não esperam as frutas amadurecer!

Invadem tudo e comem os frutos até verdes!







Não é uma árvore muito grande! Os exemplares que vimos, alcançam uns 15 metros de altura, mas, já vimos uma dessas árvores com altura maior que isso.
Essa árvore é uma pioneira, sempre a vimos em lugares chamados de capoeirões, são lugares de mata secundária, isto é, onde foi derrubada a mata original e a mata quer voltar! Através da sucessão vegetal à medida que o tempo vai passando, a mata vai voltando e aumentando de altura e densidade.


A árvore é bonita, mas não apresenta um aspecto uniforme.
Existem exemplares mais altos e com o tronco mais grosso. Alguns populares chamam essa árvore de "canela caruncho", numa alusão aos sulcos (?) que algumas dessas aves apresentam em seu tronco.,













As frutinhas dessa canela são muito apreciadas pela avifauna.















As frutas, verde e seca.















As folhas da árvore.














Pesquisando a distribuição dessa árvore, a Nectandra membranacea, encontramos no site da Embrapa, muitas informações sobre essa árvore incrível:


Nos aspectos ecológicos, confirmamos o que já tínhamos observado: trata-se de uma espécie pioneira, mais encontrada em capoeiras e capoeirões! 
Segundo o portal no site da Embrapa, a distribuição dessa árvore ocorre no Mexico e no Brasil. Ocorre no Brasil, nos estados da Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Mas, certamente sua distribuição deve ser mais vasta alcançando outros estados, necessitando apenas mais estudos.

Aqui no Espírito Santo, já localizamos essa canela nos municípios de Santa Leopoldina, na localidade de Chaves, em Cariacica nas proximidades da Reserva de Duas Bocas e também no município de Ibiraçu.

Agradeço às pessoas que nos visitam! Este artigo sobre a canela, creio ser importante devido ser uma fonte de alimentação ´para nossas aves, principalmente aves maiores e frugívoras como os tucanos e os anambés.

Valeu pessoal!




terça-feira, 25 de outubro de 2022

TRÊS AVES AMEAÇADAS VISTAS NO BIG DAY OUTUBRO/2022

 Dia 8 de outubro recente tivemos o BIG DAY OCTOBER 2022. Nossa equipe trabalhou nas trilhas da mata da Reserva biológica de Duas Bocas, Cariacica, próximo aqui de casa cerca de 35-40 km. Identificamos 152 espécies, algumas raras. Dentre essas "avis raras", separamos para comentarmos sobre algumas delas.


Myrmotherula minor, a Choquinha pequena é uma pequena ave passeriforme da família Thamnophilidae. Seu nome científico significa: "o menor dos pequenos caçadores de formigas". Trata-se de uma avezinha que mede comumente 9 cm. de comprimento, sendo o macho de cor escura chumbo e a femea pardacenta!

É considerada pela IUCN como ameaçada e colocada na categoria de VU, de vulnerável.

Essa avezinha alimenta-se de insetos que encontra nas folhas das árvores. Frequentemente, segue bandos mistos de aves que perambulam pela mata á procura de alimento.



Nesses bandos mistos, essa choquinha obtêm vantagens e proteção, pois além de ficar com os insetos menores espantados das aves maiores, ela fica relativamente segura já que é menor e com isso menos visível a potenciais predadores.

Esse espécime que fotografamos estava na trilha dentro da mata primária da Reserva de Duas Bocas, no sub-bosque em arvores mais baixas, de uns 6 metros de altura. Lembrando que nesses locais as árvores geralmente possuem mais de 30 metros de altura e fazem com que o sub-bosque seja permanentemente sombreado, o que, naturalmente ajuda as espécies como essa choquinha.

Já havíamos registrado essa choquinha também na estrada marginal, em local de mata secundária, mas sempre no sub-bosque sombreado da mata.

Aparentemente as ameaças para essa choquinha são ligadas todas ao desmatamento. É uma ave pequena e naturalmente rara, habitante do sub-bosque sombreado, habitat esse somente encontrado em matas altas, tanto primárias quanto secundárias pouco alteradas. Aliando-se a isso sua relativa restrita distribuição, tem-se um quadro ameaçador.



Registros de Myrmotherula minor conforme o site Wiki Aves.

A espécie já foi registrada do sul da Bahia até São Paulo.


















Essa ave ao lado, uma foto ruim, mas assim mesmo importante pelo registro da espécie, rara também, retrata a Choquinha chumbo, Dysithamnus plumbeus.

Como a Choquinha pequena, essa ave da família Thamnophilidae, está ameaçada devido aos mesmos fatores: a espécie é naturalmente rara e restrita a determinados tipos de mata, que, infelizmente estão sob constante risco de desmatamento. Seu nome científico significa: "pássaro do arbusto com plumagem cor de chumbo". Na informação do Wiki Aves.



A femea da Choquinha chumbo possui a cor parda esverdeada, apresentando, como o macho também, pequenas maculas brancas na asa.

É maior que a choquinha pequena, atingindo um comprimento de 13 cm. e ocupando mais ou menos os mesmos habitats. 

A ameaça dessas duas choquinhas, parece estar ligada ao estado das matas altas das baixadas ou das encostas baixas, muito mais ameaçadas que as matas das encostas mais altas. Essas matas de encostas mais altas, são mais inacessíveis e, também, impróprias para a agricultura, o que acaba favorecendo a preservação de sua fauna, já que são mais poupadas do desmatamento.



O Sabiá-pimenta, Carpornis melanocephalus é uma ave já diversas vezes citada aqui nessas páginas.
Conhecemos essa espécie nesse local há pelos menos 34 anos!
Em nosso BIG DAY agora em outubro, essa ave, junto com a araponga, Procnias nudicollis, foram as duas únicas Cotingidae registradas!
Notamos a falta do tropeiro da serra, Lipaugus lanioides nesses locais, cuja altitude é de cerca de 550 metros.

Como observadores e amantes das aves, preocupados com sua preservação, não podemos deixar de informar esse dado: conhecemos essa mata primária de Duas Bocas desde 1988, junto com o Sr. Álvaro Ribeiro, um dos fundadores dessa reserva! Nessas ocasiões, munido de binóculo DFV Nacional 8x30, registramos a presença dessas três cotingas na trilha. Acreditamos que o Lipaugus ainda deva ocorrer nesses locais, apenas não vocalizou nesse dia do Big Day. Toda a área florestal em questão, uns 5.000-6.000 hectares de matas segundo nosso cálculo feito por meio das imagens utilizando o Google Earth, certamente propicia condições de sobrevivência a esses cotingideos no lugar! e no caso do Sabiá-pimenta, nós que o conhecemos primeiro aí, há mais de 30 anos, ficamos a imaginar que a ave tem conseguido se reproduzir aí, permanecendo nessas matas até hoje!  Essas aves já eram ameaçadas naquela época da década de 80 do século passado. E para quem o conhece, solto na mata, fica sempre a observação do comportamento dessa ave: uma espécie sedentária, encontrada quase sempre nos mesmos locais ou nas proximidades! Ao contrário da araponga que é muito ativa e pequena migratória!  Isso tudo somente reforça a extrema importância dessa reserva de Duas Bocas e das matas remanescentes de particulares contiguas à essa área florestal.

Ressaltando ainda mais essa importância, lembramos que aqui no Estado do Espírito Santo, o Sabiá-pimenta somente pode ser encontrado nesse bloco florestal de Duas Bocas e no bloco florestal das reservas de Sooretama e da RNV- Reserva Natural da Vale. E, apesar de ser uma ave florestal da Mata atlântica, de baixas altitudes até 700 metros, ela somente foi registrada no Wiki Aves, até esta data, nos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.


Mapa dos registros no WIKI AVES, do Sabiá pimenta, Carpornis melanocephalus.


















Assim, terminamos nossas observações sobre essas três aves ameaçadas e que vimos e registramos no dia do BIG DAY de 2022.,


AGRADECEMOS ÀS PESSOAS QUE NOS HONRAM COM SUAS VISITAS: OBRIGADO!!



































quarta-feira, 12 de outubro de 2022

NOVOS REGISTROS DE "AVES DIFICEIS"

 "Aves difíceis" não é uma denominação preconceituosa! Sim, toda ave é importante, mas algumas, seja pela raridade ou por sofrerem ameaça de extinção, podem ser consideradas como dignas de destaque. Pensando assim, então, passaremos a listar algumas dessas aves, que vimos recentemente, principalmente no último mês.


A Choquinha-pequena, Myrmotherula minor, é uma ave rara e ameaçada pelo desmatamento (WikiAves). Está categorizada como VU, Vulnerável na classificação da IUCN.
Essa foto ao lado foi feita recentemente, dia 8.10.2022 dia do BIG DAY, dentro da mata primária da Reserva de Duas Bocas, em encosta de cerca de 550-600 m. de altitude. Ocorre do sul da Bahia ao Paraná. É uma ave pequena, cerca de 9 cm. de comprimento e seu nome científico significa "o menor dos pequenos caçadores de formigas".



O mesmo individuo da choquinha pequena, fotografada no mesmo dia.

Essa choquinha vive em matas bem preservadas, ocupando o estrato médio, abaixo das copas, na mata sombreada e penumbrosa. Pode seguir bandos de formigas de correição e alimenta-se de insetos. Nesses bandos, essa choquinha muitas vezes é beneficiada pelos insetos espantados pelas aves maiores.







O Surucuá de coleira, Trogon collaris.

Um dos mais belos surucuás, essa ave não está (felizmente!) ameaçada de extinção. Ocorre na maior parte da Amazonia e nas matas de tabuleiro do sul da Bahia e norte do ES. Por essa razão, colocamos essa ave nesse post. O fato de ser uma das "amazônicas" das matas de tabuleiro tem especial importância, pois testemunha uma possível antiga ligação entre essas duas florestas. Como as matas do leste do Brasil estão muito degradadas, seus registros nessa região crescem de importância!
Esse registro foi feito agora no fim de setembro, dentro da RNV- Reserva Natural da Vale, no município de Linhares neste estado do Esp. Santo.





Coxó, Sabiá-pimenta, Carpornis melanocephalus.

Endêmico do Brasil, ocorre na mata atlântica no leste do Brasil. Ocupa as matas de baixada, justamente as mais degradadas da região e por essa razão está classificada pela IUCN como VU, vulnerável.
Espécie exigente, habita matas altas e bem preservadas e por essa razão são poucos os lugares onde sobrevive. No estado do Espírito Santo, ocorre apenas no bloco de florestas da Vale-Sooretama e em Duas Bocas, onde a foto ao lado foi feita recentemente.
Nos últimos dias registramos a ave nos dois locais onde ocorre: na RNV e em Duas bocas.





Em 8.10.2022, no dia do BIG Day, voltamos a registrar essa cotinga.

Encontrado no sub-bosque da mata primária da Reserva de Duas Bocas.

Nesse local, no mesmo dia, registramos a Araponga, Procnias nudicollis, mas não ouvimos e nem vimos o Tropeiro da serra, Lipaugus lanioides.





O Capitão de saíra amarelo, Attila spadiceus é uma ave comum na Amazônia.
Sua inclusão nessa lista é a mesma razão do Surucuá de coleira. Trata-se de mais uma das aves "amazônicas"! 
São frequentes nos estados da Amazônia, mas ocorre também no leste do Brasil, desde o Norte do Espírito Santo até o Nordeste.

Essa foto foi feita na Reserva Natural da Vale, onde essa espécie ocorre, mas não é comum.

Quando está presente, logo é notado devido sua vocalização insistente e alta.







O Poaieiro de sobrancelhas, Ornithion inerme é uma ave de ampla distribuição geográfica, ocorrendo em toda a Amazonia e no leste do Brasil, do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte.
Incluímos aqui na lista, em razão de considerarmos como mais uma ave "amazônica".
Talvez no Estado do Espírito Santo somente ocorra nas reservas contínuas de Sooretama-RNV, pois não é ave comum de ser registrada. Registramos no dia 28 de setembro na RNV- Reserva Natural da Vale.





O Anambezinho, Iodopleura pípra é uma ave considerada pela IUCN como EM PERIGO em sua Lista vermelha das espécies.

Habitante da copa das matas, onde é muito difícil de ser observado, esse anambezinho é ameaçado pela destruição da floresta.

Recentemente fizemos uma postagem sobre a nidificação do anambezinho localizada na Reserva Biológica de Duas Bocas.





Agradecemos a visita das pessoas interessadas em nossas aves!!
























sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A NIDIFICAÇÃO DO ANAMBEZINHO, Iodopleura pipra.

 

A  NIDIFICAÇÃO DO ANAMBEZINHO, Iodopleura pipra.

Algumas notas e observações.





 

Desde o dia 8 de setembro, p.p., temos conhecimento de um ninho de Anambezinho, Iodopleura pipra, localizado na estrada de Sertão Velho, marginal à Reserva Biológica de Duas Bocas, no município de Cariacica, neste Estado do Espírito Santo.

O local é uma encosta de mata atlântica, secundária, mas mata alta com arvores de altura superior a 25 metros. Trata-se de um dos trechos da mata de Duas Bocas, onde temos registrados várias espécies raras e ou ameaçadas de extinção, como o Sabiá-pimenta, Carpornis melanocephalus, o Patinho de asa castanha Platyrinchus leucoryphus e a Choquinha chumbo Dysithamnus plumbeus. Nesse local, divisa entre a propriedade pública da reserva e as propriedades de particulares, a mata é mais larga, de forma que essas aves, talvez se sintam mais protegidas pela maior cobertura florestal.

O ninho foi colocado a uma altura de cerca de 20 metros sobre o solo, em uma árvore seca localizada ao lado da estrada marginal que corta a mata. Fica bem na divisa do território da reserva, já do lado vizinho à reserva. Chama a atenção o aspecto do ninho, pequeno, parecido com ninhos de beija flores e em uma saliência do galho da árvore que forma um arco. Dessa forma, a ave dá sempre a impressão de estar confortavelmente instalada em sua pequenina “poltrona”! Parece ser confeccionado com musgos e sua aparência é de uma taça aberta no alto da arvore. Isso dá um aspecto vulnerável ao ninho e quando os pais não estão por perto, o filhote fica incrivelmente exposto. A cor do filhote, esbranquiçada, e também do ninho, talvez funcione como uma camuflagem, impedindo a visão por predadores mais apressados.

O ninho conta com apenas um filhote. E desde o dia em que descobrimos essa pequena construção, relatamos que o desenvolvimento do filhote ao que parece é lento. Visitamos o local várias vezes após a descoberta, feita pela observadora do COA, Ana Delboni, e constatamos 10 dias depois, que o filhote continua no ninho e tendo aumentado pouco de tamanho. 

Observamos também, algumas vezes, os adultos alimentarem o filhote. Dessas vezes, pudemos notar sempre que os pais levam no bico pequenas frutas para o filhote.



 Coletando frutos na árvore.
Voando com o fruto no bico.

Com o fruto no bico.




Finalmente, em 21 de setembro, 13 dias após a descoberta do ninho, e pelo menos há uns 15 dias após o nascimento do filhote terminamos nossas visitas ao local. Constatamos que os pais já deixam o filhote sozinho no ninho. Talvez a ave precise de uns 25 dias para abandonar o ninho. Infelizmente não pudemos acompanhar todo o processo, mas observamos que o Anambezinho alimenta seu ninhego principalmente com frutos, o que talvez leve a um desenvolvimento lento do filhote.



Pode ser visto o bico do filhote no lado direito do ninho.

Acreditamos que já nessa fase, o filhote já tenha tido um bom crescimento, mas ainda não está apto a sair do ninho.

Pelas fotos que observamos no site Wiki Aves, de outros ninhos com filhotes, o desenvolvimento desse filhote ainda pode demorar uns 7 dias até voar dos ninhos dos pais. Nesse caso, teríamos pelo menos cerca de 25 dias para abandonar o ninho!



O Anambezinho, Iodopleura pipra, não é uma espécie comum ou fácil de ser observada. Trata-se de avezinha de 9 cm. de comprimento, que vive comumente nas copas da mata, onde é difícil de ser vista. Tem como hábito, pousar nas copas de arvores com galhos despidos de folhas ou arvores secas, o que diminui a dificuldade de sua localização, principalmente se chegar a vocalizar. Pesa cerca de 10 gramas e é um dos componentes da família Tytiridae. Antigamente era classificada entre os Cotingideos, mas estudos posteriores dividiram a grande família e algumas das espécies ficaram enquadradas como titirideos.

Está classificada na tabela da IUCN na categoria de EN, ameaçada. É uma ave endêmica da Mata atlântica, onde habita preferencialmente as matas das baixadas ou das encostas baixa e já foi registrada até mesmo em matas de restinga. No Brasil, ocorre da Paraíba até o norte do Paraná conf. registros do Wiki Aves.


Agradecemos às pessoas que nos honram com suas visitas!

Obrigado!!


terça-feira, 6 de setembro de 2022

o BAIACU - ARARA

 Nos meses mais frios do ano, o peixe mais frequente em pescarias aqui nas praias do Espírito Santo, é o Lagocephalus leavigatus , o famoso Baiacu arara.

Normalmente os exemplares capturados pesam entre 1 a 1,5 quilos, porém, já presenciamos a captura de peixes até de 3,5 Kg.!

Baiacus atacam todos os tipos de iscas, naturais e ou artificiais.

Já houve casos de até pedaços de isopor serem encontrados em seus estômagos!





É um peixe abundante em certas épocas do ano, mas cuja pescaria requer alguns cuidados. Como possuem uma forte dentição, cortam linhas e anzóis com muita facilidade. Devem ser usados empates de aço para conseguir retirar da água esses valentes glutões. Sua dentição perigosa exige cuidados do pescador ao retirar da boca do peixe fisgado o anzol. Os dentes do baiacu, dois na mandíbula e dois na maxila, funcionam como alicates afiados e por essa razão a necessidade de em sua pesca o uso dos empates de aço, bem como os cuidados no manuseio para a retirada do anzol!

Na escolha dos empates de aço, os de aço flexível são mais indicados pois prejudicam menos o trabalho e balanço das iscas no mar.,
Baiacus são peixes lentos e pesados. Não proporcionam as emoções da pesca com iscas artificiais de outros peixes. E quando fisgados, não "tomam linha" como outros peixes, limitando-se a dificultar sua retirada com alguma resistência e força.
Segundo Alfredo Carvalho Filho em seu livro Peixes da Costa Brasileira, o baiacu arara ocorre no Oceano Atlântico, dos Estados Unidos até a Argentina. E nas costas africanas, da Mauritânia à Namíbia.

Mas uma das características mais famosas e temidas do baiacu é o fato de, em sua pele e vísceras ser encontrado o veneno tetrodo toxina, que conforme a quantidade consumida pode ser fatal.
Esse fato reduz muito o consumo da carne do baiacu. Porém, é preciso que tenhamos conhecimento para saber limpar o peixe e conhecer o seu real perigo.

Um baiacu muito famoso e que possui a maior quantidade de veneno é o baiacu Fugu, do Japão. O nosso baiacu arara é a espécie que possui a menor quantidade do veneno. Consta que os maiores baiacus Fugu possuem toxina suficiente para matar até 30 pessoas! No Japão, apenas profissionais muito bem treinados e certificados podem manusear e preparar os sushis do Fugu, e, mesmo assim, todos os anos cerca de 50 pessoas morrem no país devido ao veneno dos baiacus.

Mesmo com essa fama de venenoso, nosso baiacu arara é um peixe bem apreciado e sua carne, muito boa, fica muito deliciosa em vários pratos, especialmente na famosa moqueca capixaba! E chegando mesmo a fazer sombra em outros peixes mais famosos!

Para se limpar com cuidado o peixe, o principal é localizar sua bolsinha de fel, de cor roxa, no meio das vísceras.

Na internet existem muitas postagens com orientações sobre como se proceder na limpeza desse peixe de forma que sua carne possa ser apreciada sem o perigo do veneno.



Muito obrigado pessoas que nos visitam!




sexta-feira, 19 de agosto de 2022

OS INCRÍVEIS COTINGAS AMAZÔNICOS!

Pessoas conhecedoras da diversidade e um pouco da biologia da classe AVES, sabem que, uma das famílias mais incríveis nesse universo e também mais famosas e belas, é a família dos COTINGIDEOS!

Os  COTINGAS  como são comumente chamados e referenciados, são famosos não apenas por sua beleza ou iridescência das plumagens de muitos de seus integrantes, mas, também pelo seu comportamento e pela diversidade de suas espécies.

Nesse pensamento, lembro-me da descrição que Eurico Santos fez em seu livro Pássaros do Brasil, Ed. Itatiaia, BH, 2004. Segundo ele, o mundo dos Cotingídeos compreende uma multidão de aves das mais diversas cores, com uma grande variedade de comportamentos e cantos.  Vão desde os gigantes Anambé-preto (Cephalopterus ornatus) até criaturas diminutas como o Tietê-de coroa (Calptura cristata) na época ainda classificada entre os Cotingídeos. Com vozear impressionante como as arapongas, ou altissonante como o Cri-crió.

Nessa mensagem, farei referencia apenas às quatro espécies que vimos recentemente em nossa viagem ao Amazonas. Foram quatro (4) espécies! A Amazônia é a região onde existe a maior diversidade e evolução essa família. É a região dos incríveis pássaros conhecidos em língua inglesa como os famosos Umbrellabirds, ou dos Fruitcrows. 

Porém, o viajante que for até lá esperando encontrar essas aves vai ter trabalho. Apesar da imensidão da floresta, verde por todo lado, cortada por algumas estradas, muitos rios e alguns lugares mais acessíveis, registra-los não é fácil! Sai-se com a impressão, que na verdade, em que pese  a grandeza e imensidão da floresta, são aves raras. O tamanho da floresta torna ainda mais difícil encontrar com eles. Talvez seja menos difícil conhecer algum ponto de alimentação para conseguir um possível encontro fortuito com essas aves magnificas, verdadeiras joias da criação! Outra possibilidade é o conhecimento de suas vocalizações. Se a pessoa não conhecer essas vocalizações tudo fica ainda mais difícil. Só mesmo a sorte para ajudar nesse encontro!

Por essa razão, os guias de birdwatching conhecedores da região e de suas vozes, são imprescindíveis para se conseguir localiza-los.


Então, vamos às quatro espécies que vimos:

PRIMEIRO REGISTRO:  SAURÁ.















Saurá, Phoenicircus carnifex, nos observando, desconfiado, meio escondido na árvore!

Ave linda demais, com seu colorido vermelho que se destaca contra o verde da mata. Foi descoberto por nossa guia Vanilce de Souza Carvalho, ao ouvir seu chamado dentro da mata. Alimenta-se principalmente de frutos e o curioso, segundo o Wiki Aves é a plumagem do filhote no ninho. O ninhengo chega a assemelhar-se mais a uma lagarta que a um pássaro. Mesmo não sendo considerado como raro ou ameaçado, podemos notar que sua área de distribuição conhecida ( pelo menos até hoje!) não é muito vasta:


Os registros do Saurá, Phoenicircus carnifex conforme fotos e sons publicados no Wiki Aves.


Mapa retirado do Wiki Aves:

Mapa de registros da espécie saurá (Phoenicircus carnifex) | Wiki Aves - A Enciclopédia das Aves do Brasil




                SEGUNDA ESPÉCIE:  ANAMBÉ-AZUL.


Nossa segunda espécie foi o Anambé-Azul, Cotinga cayana.

O Anambé azul, a Cotinga cayana é desses cotingas típicos, que acreditamos poder encontrar ou ambicionamos registrar graças à beleza de sua plumagem!  No local que registramos essa ave, havia dois machos e também vimos fêmeas. As aves procuravam o lugar devido à abundancia dos açaizeiros, Euterpe oleracea, que estavam com os cachos cheios de coquinhos de palmito açaí ainda maduros! A forma deles pegarem esses coquinhos é muito típica dos cotingas:  Em um pulo, abocanham o fruto e logo a seguir num movimento rápido e gracioso, "deixam-se cair" no estrato mais baixo da floresta. 

 Outra foto de um dos machos que estiveram no local.


A cor roxa marca fortemente a garganta da ave!








A fêmea do Cotinga cayana também é muito bonita!









O Mapa de distribuição do Anambé- Azul, mostra que essa espécie tem a mais vasta distribuição na Amazônia, ou seja, pode ser considerada como a "menos rara" dos cotingas. Inclusive, o numero de registros é bem maior que o do Saurá.

imagem retirada do site Wiki Aves:








TERCEIRA                   ESPÉCIE REGISTRADA:        ANAMBÉ POMBO.


Anambé-Pombo, Gymnoderus foetidus, pousado calmamente, escondido na vegetação à beira-rio.

Esse foi o registro mais difícil e também o mais aguardado! Há muito tempo tencionava conhecer essa ave, mas desta vez, por um pequeno lapso de tempo, pude vê-lo e quase fotografa-lo! Digo quase, porque essas fotos ficaram ruins, mas mesmo assim resolvi aproveita-las porque considero um grande momento e registro. Foi somente graças à nossa guia Vanilce de Souza Carvalho, que consegui essas fotos, que teve a proeza de descobrir "o bicho" escondido no meio dessa copa! Essas fotos foram feitas no arquipélago das Anavilhanas, dentro do Parque Nacional das Anavilhanas.


Ele se inclinou no galho da arvore!












o "figurão", na sua zona de conforto.











 Depois de algum tempo, a ave voou atravessando o rio. Nessa hora que muitas vezes falta agilidade para mudar as configurações de foto e acompanhar o voo.

Não ficou boa, mas valeu o encontro furtivo com esse cotinga tão típico e interessante!





A tradução do nome latino significa "ave fedorenta com pescoço nu". Ainda não li referencia sobre o cheiro dessa ave, se ela realmente apresenta mal cheiro. Mas o fato é que é um anambé muito bonito e interessante! Como alguns cotingas, criam apenas um filhote.


A distribuição do Anambé Pombo, indica que ele não é tão raro como eu pensava. É uma distribuição vasta que abrange toda a Amazônia e, também nos países vizinhos amazônicos.
É uma ave que aprecia viver nas margens dos grandes rios.

fonte:





QUARTO E ULTIMO COTINGA VISTO:  GALO DA SERRA.


O Galo da Serra, Rupicola rupicola fotografado nas matas da pousada Mari-Mari.

Essa é uma das aves mais famosas e mais bonitas da Amazônia! SICK, em sua obra monumental sobre as aves brasileiras, compara sua beleza à das aves do paraíso!

É uma emoção diferente ve-lo voar baixo no sub-bosque da floresta. Visitamos um lugar em que vários machos escolheram para fazer sua "arena", onde se reúnem para atrair as fêmeas para acasalamento!

Porém, apenas uma fêmea compareceu ao encontro quando lá estivemos! Aparentemente o numero de machos é superior ao de fêmeas!

Esse comportamento dos machos, é comum ao de vários cotingideos, que costumam se reunir em arenas ou "cemas" para cantar e atrair as fêmeas!

 Fotografei uma fêmea, em local escondido, procurando os açaizeiros para alimentação!

Também é muito bonita, mas, me pareceu mais desconfiada que os machos!












A beleza dessa ave realmente é muito brilho!

















Ao pressentir, ou mesmo (creio!) imaginar que a fêmea está se aproximando, os machos jogam-se ao solo exibindo-se e mesmo fazendo algumas coreografias!

Procuram mesmo chamar a atenção e nesse dia contamos 8 machos no local!





A Distribuição do Galo da Serra tem uma distribuição pequena, com registros conhecidos em apenas dois municípios do Amazonas e mais comumente em Roraima e também alguns registros no Amapá.

fonte:







É o que lembramos por ora sobre essas aves, ressaltando nossas impressões pessoais. Há muito  literatura sobre os Cotingas, inclusive no próprio site Wiki Aves, que recomendamos!




AGRADECEMOS ÀS PESSOAS QUE NOS VISITAM!!  👍👍