Translate

domingo, 21 de novembro de 2021

A BIÓLOGA que impediu a extinção das araras-azuis ( matéria original do ESTADÃO!)

 A bióloga que impediu a extinção das araras-azuis

Premiada pela ONU, Neiva Guedes se dedica a proteger a espécie e teve ideia que ajudou a reprodução

 

Fátima Lessa, especial para o Estadão

21 de novembro de 2021 | 05h00

 

 

 

 SAIBA MAIS

A então estudante Neiva Guedes se sentia inquieta em um fim de tarde de novembro de 1989 ao observar um grupo de araras-azuis em galhos secos do Pantanal. Por meio de uma professora, ela havia ficado sabendo da ameaça que rondava a espécie, situação que a comoveu. “Coloquei na cabeça que iria fazer algo para que elas não desaparecessem

 

 

Na época, estimava-se que a população dessas araras no País chegasse a 2,5 mil, das quais 1,5 mil no Pantanal. A extinção da espécie era uma ameaça real, potencializada pela atuação do tráfico de animais, que até a década de 1980 já havia afetado milhares de aves. Trinta anos depois, os esforços de Neiva ajudaram a mudar essa realidade, e hoje a população já chega a 6,5 mil.









Neiva Guedes em campo: após 30 anos, população de 6,5 mil araras Foto: Eveline Castanho/Arquivo Instituto Arara Azul

 


Em reconhecimento a esse trabalho, a bióloga e doutora em Zoologia, hoje com 59 anos, ganhou mais um prêmio e passou a integrar o grupo de Mulheres da Ciência, da Organização das Nações Unidas (ONU). A premiação, diz Neiva, é válida sobretudo porque ajuda a divulgar ainda mais o seu trabalho. O Instituto Arara Azul, que ela criou, virou referência.

Obstáculos

Para chegar a esse ponto, a bióloga teve de superar obstáculos. “Foi desafiador”, diz. Quando começou, as referências bibliográficas eram escassas e não se sabia nada sobre a reprodução da espécie ao ar livre.

Com a ousadia de uma recém-formada, Neiva foi a campo. Sua proposta era contabilizar ninhos de arara-azul, conhecer seus hábitos e evitar sua extinção. Para isso, viajou de carona em carona pelo Pantanal. Quando conseguiu um carro, ele se tornou sua casa, base itinerante em viagens de 30 a 60 dias.

A arara-azul é a maior espécie de psitacídeos do mundo, com envergadura que pode chegar a 1,5 metro. A reprodução demora de sete a nove anos e os filhotes permanecem com os pais até completarem de 1 a 2 anos. Muito sociáveis, só vivem em famílias, grupos e bandos. Quando amadurecem, formam par até que um deles morra. Só se alimentam da castanha de dois tipos de coquinhos, o acuri e a bocaiúva. Em casos extremos, podem comer outros alimentos.

Em uma de suas primeiras tentativas de estudo, Neiva ficava em uma barraca no refúgio ecológico Caiman, em frente a uma árvore, para conhecer o comportamento das araras. Ficava lá do amanhecer até a noite, anotando tudo. Foi então alertada por um amigo biólogo que ela precisava observar “não um casal, mas uma população”.

Depois da dica, ela saiu caçando ninhos. “Nos primeiros dias, consegui cadastrar 58 ninhos e, destes, 5 ainda com filhotes”. Até então, a catalogação se restringia a observar do chão, pois não conseguia subir na copa das árvores. Mas logo ela conheceu o ornitólogo americano Lee Harper, que lhe ensinou técnicas de campo, principalmente escalada de árvores.

Caixas-ninho

Ao perceber que um dos problemas na reprodução da espécie era a falta de cavidades para construir ninhos, Neiva teve a ideia de criar as caixas-ninho – ninhos artificiais com caixas de madeiras. “Deram certo, e começamos a instalar em larga escala. Depois de um tempo, os ninhos artificiais passaram a ser como os naturais”, conta. Simultaneamente, a equipe restaurava os ninhos naturais e realizava o manejo de ovos e das próprias aves.

E assim, em 2014, a arara-azul saiu da lista de animais ameaçados de extinção. Porém, explica Neiva, a espécie ainda é vulnerável e corre risco, por fatores como tráfico, baixa natalidade e mudanças climáticas.

Atualmente, além das araras-azuis, Neiva trabalha com aves urbanas em Campo Grande. Nesses 32 anos, porém, treinou biólogos em vários cantos do País. A premiação da ONU se somou a outras honrarias que recebe desde 1995 no Brasil e em países estrangeiros.

 


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Pandion haliaetus chegando para o verão!

 A águia pescadora Pandion haliaetus é figura muito conhecida aqui em Vitória. Todos os anos, quando vai se aproximando o verão, essa águia chega a nossa cidade e por aqui vai ficando até pelo menos o mês de abril.



Pandion haliaetus é uma ave de rapina especializada em capturar peixes, possuindo um tamanho grande. Os adultos medem cerca de 55-58 cm de comprimento. Apresentam também o conhecido dimorfismo sexual tão frequente entre aves de rapina. As fêmeas são maiores que os machos, pesando cerca de 1,2 a 2 quilos. O macho pesa entre 1 kg a 1,8 kg. Possuem uma envergadura de asas de 1,74 m. ( dados compilados do site WikiAves).

Apesar de sua alimentação constituir-se basicamente de peixes, em situações excepcionais, pode também capturar aves e ou pequenos mamíferos.


Esta ave procria na América do Norte e quando vai chegando o inverno no Hemisfério norte ela migra para o Hemisfério sul chegando até o Brasil, Argentina e Chile. Até o momento inexistem informações sobre sua nidificação em nosso pais. Porém, algumas vezes já foram registrados indivíduos imaturos, inclusive, pedindo comida aos adultos.


Em Vitória a espécie é avistada com frequência na praia de Camburi e imediações, capturando peixes. Sobrevoa o mar e quando avista algum cardume, plana por alguns momentos e desfere o mergulho. A ave captura o peixe e voa para longe levando seu alimento.








Essa espécie, tem distribuição tanto nas Américas quanto na região paleártica. São poucos, os indivíduos migrantes , porém, devido seu tamanho e o habito de habitar as proximidades de coleções e água, faz com que seja rapidamente notada!

Pelo mapa de distribuição dos registros constantes no Wiki Aves, observa-se que essa ave visita o Brasil inteiro, chegando mesmo a set comum:



fonte: Wikiaves, www.wikiaves.com.br/águia pescadora.













Nos registros feitos em Vitória e consultados no Wiki Aves, verificamos que o peixe mais comumente capturado por essa águia nas águas em Vitória, é a tainha, Mugil curema.





Agradecemos às pessoas que nos honram com suas visitas!!


 

domingo, 14 de novembro de 2021

Topando com um Atobá pardo!

 















Atobás são aves grandes, possuem tamanho entre os 65 e 85 de comprimento, com uma envergadura das asas que chegam a alcançar 1,5 metro!

São exímios pescadores e para pescar ás vezes chegam a praticar manobras e malabarismos incríveis! São aves costeiras e que na época da nidificação procuram pequenas ilhas ou locais inacessíveis para depositar seus ovos( geralmente dois) no chão.

São aves marinhas e comuns. Aqui em Vitória são facilmente vistos na entrada da baia de Vitória! Raramente chegam e entrar nos canais dentro da cidade. O comum é velos ao longe, nas proximidades dos navios encorados na barra do porto de Tubarão, ora pousados nas boias ora dando seus mergulhos nas proximidades dos ditos navios.

Portanto, foi com surpresa que vi esse Atobá aí, e consegui  fotografa-lo  bem perto! Veio voando ao lado da Ilha do Boi, numa manhã fria e com mar agitado devido ao tempo instável desse novembro. Talvez perdido? Ou preocupado com a escassez de alimento próximo aos navios? Eles costumam, também, acompanhar de muito perto os barcos pequenos dos pescadores que saem ao mar, na esperança de sempre ganhar um peixe menor ou pegar os peixes descartados pelos pescadores. Mas nessa agitação desses dias da primeira quinzena de novembro, devem ser poucos os barcos de pescadores!


Com as asas abertas, voando em minha direção!
















Além de grande pescador é também, um grande acrobata aéreo!




















Já desviando para retornar ao mar alto.






















Tenho comparecido quase todos os dias à Ilha do Boi para "vigiar" a chegada dos maçaricos migrantes, intercontinentais, que viajam do polo norte até o Polo Sul, e que, nessa viagem, fazem uma "pousada" aqui na nossa ilha do Boi para descanso. Neste 2021, até agora só registramos dois: o pintado, Actitis macularius e o Maçarico de sobre branco, Calidris fuscicollis.!

Nessa "vigilia" podemos ter fatos diferentes como é o caso desse Atobá e que aqui comentamos!

Um abraço e muito obrigado a todos os visitantes!!


























quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Maçaricos migrantes chegando a Vitória!

Em nossa postagem com o titulo "Vitória, pousada dos maçaricos" de  04 de julho de 2017, http://www.jornaldasavesepeixes.net/2017/07/vitoria-pousada-dos-macaricos.html,

fizemos um relato dos vários registros de maçaricos migrantes, que saindo das imediações do Polo norte passavam por Vitória a caminho da Argentina ou do polo Sul.

Pois bem, os maçaricos continuam viajando, com seus hábitos transcontinentais, alheios a Covid´s e distanciamentos! Recentemente, agora em Novembro, registramos até o momento nesta temporada, duas espécies visitando nossa cidade, no mesmo local, a Ilha do Boi!

São os primeiros que chegam e estamos vigilantes tentando recebe-los bem e também alguns outros mais desconfiados!


O Maçarico pintado, Acititis macularius, já apareceu em bom número na Ilha do Boi.

Costumamos dizer que é o primeiro que chega e o ultimo a ir embora!






Já o Maçarico de sobre branco, Calidris fuscicollis é bem mais difícil de ser visto em Vitória. Registramos o aparecimento desse individuo aqui na cidade. Desde o dia 07 de novembro ultimo temos visto esse individuo forrageando na Ilha.






Outra foto do Calidris fuscicollis, o maçarico de sobre branco em sua interminável tarefa de se alimentar!








Continuamos a observar nossos maçaricos e agradecemos as pessoas que nos honram com suas visitas!!!



quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Encontro com a Perdiz. Rhynchotus rufescens.

 Recentemente, nos finais deste mês de Outubro. já em uma primavera muito chuvosa, voltamos a encontrar a Perdiz, Rhynchotus rufescens,


A   Perdiz, Rhynchotus rufescens é um tinamídeo muito bonito e interessante. Trata-se de nosso maior tinamídeo campestre. Tinamidae é uma família de aves neotropicais muito típica do Brasil e da América do Sul. São aves cinegéticas, isto é, aves que interessam aos caçadores!

A Perdiz tem uma vasta distribuição no Brasil, ´principalmente em áreas campestres e ou pastagens. Espécie resistente à ocupação humana dos campos, porém, sendo perseguida por sua carne, a espécie termina por se tornar escassa em muitas regiões. Na primeira vez que fizemos o registro dessa espécie, em Sobreiro, observamos que se torna muito vulnerável durante a época de reprodução. Nessas ocasiões, a Perdiz, à procura de companheiros para nidificação atende com muita presteza ao chamado de sua voz seja por meio dos pios ou mesmo por meio de playback. Isso pode ser fatal se for manobrado por caçadores, o que leva a espécie lentamente à extinção.

Trata-se de espécie grande, com as fêmeas sendo um pouco maiores e mais pesadas que os machos. Para se ter ideia de como a perdiz pode se tornar atraente para caçadores, basta dizer que as fêmeas maiores chegam a pesar 1 quilograma! Com mais de 40 cm. de comprimento.

No sistema de acasalamento da Perdiz, conhecido como Poliandra, tem sido relatado um nítido aumento de reprodução pelo hábito da fêmea em acasalar-se com diferentes machos, sucessivamente, e a aceitação por parte do macho em incubar e cuidar da prole. Esta isenção da incubação e do cuidado da prole permite à fêmea reduzir o tempo necessário entre duas posturas sucessivas, devido à recuperação mais rápida de energias gastas durante um período de reprodução (MENEGHETI & MARQUES, 1981). Ao referir-se a Rhynchotus rufescens, LIEBERMAN (1936) considera a poliandra uma adaptação eloquente à reprodução rápida num curto período, já que mais de uma fêmea faria postura num mesmo ninho. Assim, mais rapidamente é atingido um número mínimo de ovos normalmente observados nos ninhos. A incubação se iniciaria mais rapidamente e, desta forma, os ninhos ficariam menos expostos a riscos. (Wiki Aves).

Nosso registro atual ocorreu nos pastos de uma propriedade rural no distrito de Sobreiro, no município de Laranja da Terra, região oeste deste Estado do Espirito Santo.


Estavamos observando aves nas proximidades de um capoeirão e chamando com o playback o Inhambu-Chintã, Crypturellus tataupa. 

Próximo, um casal de seriemas caçava insetos e grilos. Subitamente, essa perdiz em um voo rasante veio se abrigar em um descampado muito proximo onde estava. Percebi que nossaa perdiz fugiu das seriemas, provavelmente estava no ninho e, em um comportamento de defesa de seu ninho, a ave precipitou-se para a frente com o intuito de despistar as seriemas que poderiam predar seus ovos ou filhotes. A Perdiz não nos viu e ficou um tempo escondida na vegetação. Após alguns minutos, não vendo mais as seriemas, a Perdiz procurou voltar a seu ninho. Nem tentei descobrir esse ninho, pois poderia ser ruim para a ave. Limitei-me a observar e tirar essas fotos acima e abaixo.















 Aqui a Rhynchotus adentrando a vegetação rasteira, certamente para voltar ao ninho. Hora de deixar a ave com calma e tranquilidade.















Relato assim, do encontro com essa ave maravilhosa! Destaque que a ave, não vocalizou na região nessas datas. Certamente o auge da vocalização ocorre algum tempo antes, quando os indivíduos estão procurando seus parceiros para acasalamento.

Muito obrigado, pessoas que nos honram com suas visitas!!