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domingo, 11 de dezembro de 2016

Maçaricos migrantes em Vitória,ES.


MAÇARICOS MIGRANTES EM VITÓRIA,ES, BRASIL.

A cidade de Vitória, capital do Estado do Espirito Santo, Brasil, está situada no paralelo de 20 graus de latitude Sul e  no trajeto de aves migratórios que saem do Polo Norte, na tundra canadense com destino ao Polo Sul, para depois retornarem ao lugar de onde partiram, para nidificar.


Vitória encontra-se a cerca de 4.500 Km. em linha reta da cidade de Ushuaia na Patagônia Argentina, considerada uma das cidades mais austrais do mundo. E distante há uns bons 12.000 km. do polo norte, também em linha reta!
Então, é com admiração que contemplamos esses viajantes que passam por nossa cidade, fazem uma pousada, em sua longa viagem em direção a um dos polos. Invariavelmente  pensamos: como conseguem não se perder? como aguentam essa viagem tão longa? Atravessando lugares e climas os mais diversos, de que se alimentam?

Concentramos nossas observações na localidade da cidade conhecida como "Ilha do Boi", local ocupado por residências e apartamentos de classe média alta da capital. O local é rochoso, e o encontro do oceano com o continente se dá nas pedras e costões do lugar:






 Como pode ser observado nas fotos, os costões rochosos onde o mar avança na maré alta, são povoados por cavidades e algas marinhas. Muitos pequeninos caranguejos e outros seres marinhos de pequeno tamanho vivem nesses lugares, onde inclusive, alevinos de peixes maiores ficam parte do tempo aguardando crescimento.São esses seres, habitantes dessa zona de algas e cavidades, que atraem aves marinhas que ali buscam alimento. Inclusive aves maiores que não ficam muito tempo nesses lugares, como o Gaivotão, Larus dominicanus, já foram registradas várias vezes se alimentando nessa zona.




Geralmente, as aves mais frequentes nesses locais  são os Piru-pirus, Haematopus palliatus, Batuiras de bando, Charadrius semipalmatus e as Vira-pedras, Arenaria interpres.


Nos últimos três anos, temos observado que esse local, devido aos alimentos existentes, e em virtude ser ser local plano, tem recebido periodicamente a visita dos maçaricos da familia Scolopacidae!  Esse fato chamou-nos a atenção mais recentemente quando verificamos que nada menos de seis espécies visitaram a Ilha do Boi nas épocas apropriadas, isto é, no outono e inverno do hemisfério norte. Precisamente quando essas aves estão em viagem para as proximidades da Antártida, na Terra do Fogo.

Em decorrência dessas observações, apresentamos agora, fotografias de alguns desses indivíduos migrantes, que nos honraram com sua visita. Alguns por poucos dias e outros, mais calmos, ficaram mais tempo. Mas, indiscutivelmente, o mais comum, isto é, o mais encontradiço, o que é o "primeiro a chegar e o último a ir embora", é o lindíssimo e gracioso Maçarico-Pintado, Actitis macularius:





O mais "sensacional", mais espetaculoso desses maçaricos, foi o maçarico de bico torto, Numenius hudsonicus!! Apenas um individuo esteve em nossa cidade em outubro de 2013, ficando por aqui muito tempo, cerca de 10 dias!. Nas nossas primaveras de 2014, 2015 e 2016 ele não apareceu por aqui!😢😢




Outro maçarico muito interessante, que viajou solitário e apareceu em Vitória, foi o maçarico de sobre branco, Calidris fuscicollis! Esse maçarico foi registrado em outubro de 2013 e agora, outubro de 2016, três anos depois, tivemos a alegria de revê-lo!! 😎😊



Além do maçarico de sobre branco, acima, que retornou a nossa cidade, tivemos nessa primavera chuvosa de 2016, o aparecimento de três "novas" espécies que ainda não tínhamos registrado em Vitória!.
Comecemos com o primeiro deles, causador de furor entre os "birders" do Espirito Santo, o Maçarico de asas brancas, Tringa semipalmata.!! O destaque desse belíssimo maçarico, é que não veio de tão longe quanto a tundra canadense. Contenta-se em viajar do sul dos Estados Unidos e golfo do  México até o Brasil. Fotos do maçarico:



Esse maçarico é realmente belíssimo! e seu comportamento chamou a atenção de todos: extremamente  "guloso"capturava grande quantidade de caranguejinhos com avidez!

O maçarico branco, Calidris alba, já havia sido registrado no Estado do Espirito Santo,  nos locais pedregosos da praia do Parque de Setiba em Guarapari, em ambiente muito parecido com o existente na Ilha do Boi! Foto do white:



Finalmente, deixei por ultimo para ressaltar um dos registros mais incríveis que fizemos na Ilha do Boi! Foi nada menos que apenas o segundo registro dessa ave para o Estado do Espirito Santo e a primeira vez em  Vitória! Trata-se do maçarico-rasteirinho, Calidris pusilla, ave muito graciosa e um dos menores maçaricos! Pode ser até mesmo confundido com o maçarico-pintado, mas é menor e não produz o movimento tipico do Actitis, de vai-vem! Parece uma versão menor do maçarico branco, C. alba!
Esse pequeno maçarico, infelizmente foi o que ficou menos tempo em nossa cidade, poucos dias, não dando oportunidade a que outros observadores "birders" o registrasse! 😳


Foram apenas dois indivíduos, talvez um casalzinho viajando após a lua de mel! 😍


Ele mostrou ser o mais arisco e desconfiado de todos, voando para ilha próxima e desaparecendo de Vitória. Temos noticia de registros dele em Tavares, RS. bem mais ao sul, Serão eles?

Muito obrigado a todas as pessoas que nos honram com sua visita!
José Silvério Lemos, Vitória, ES, Brasil.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

REGISTRO DA ÁGUIA CHILENA EM SOBREIRO

A região de sobreiro é local onde sobraram remanescentes florestais no topo dos morros, e que nessa época de poucas chuvas, apresentam-se muito secas e de cor parda. Realmente pode ser observado que o caráter dessas matas é notadamente decíduas  ou então já estão, infelizmente, mortas. Nesse ambiente, onde os remanescentes florestais situam-se abaixo dos 15% da cobertura original, é grande a invasão de espécies tipicas de paisagens abertas como o cerrado e a caatinga.
Muito já se disse sobre a invasão de áreas da mata atlântica por aves e mamíferos vindos do cerrado e da caatinga. Esses "imigrantes" são de diversos tipos e podemos citar aqui a Lavadeira mascarada Fluvicola nengeta; O corrupião Icterus jamacai; e mesmo a gralha do campo Cyanocorax cristatellus; ou então, espécies grandes e tipicas das regiões de origem como a Seriema Cariama cristata; e até mesmo, o espetacular Lobo-Guará Chrysocyon brachyurus!
Porém, o caso, também espetacular, da Águia-chilena Geranoaetus melanoleucus, desafia nossos conhecimentos até aqui, Há relatos de que essa águia habita o Estado há muito tempo, porém, acreditamos que sua expansão é mais recente, habitando inclusive, as áreas planas da região, desde que estejam com pouca vegetação como é o caso de Sobreiro.
Nessas notas, apresento mais um registro da Águia chilena, um casal de jovens, ainda com a plumagem de imaturos, que visualizamos e registramos em Sobreiro, em 15.10.2016. Apresentamos a seguir as fotos, desde o momento em que visualizamos o gavião em uma árvore seca na encosta do morro, até o momento em que levantou voo e começou a circular aproveitando as térmicas, ganhando altura e se afastando.
Importante ressaltar a emoção de se descobrir uma ave dessas no campo. Nesse caso, desconfiamos da identidade do gavião que poderia ser Geranoaetus, devido ao porte da ave. É que a ave foi importunada por um individuo de gavião carrapateiro, Milvago chimachima, que, na atividade de tentar espantar a águia, se aproximou bastante e notamos a grande diferença de tamanho entre os dois contendores:



Milvago vigiando Geranoaetus:



Aproximação tentando espantar o intruso poderoso. Observar a diferença de porte entre os dois.




Aproximando com om zoom e observando a diferença de tamanho:



Finalmente, a Águia começa a descrever círculos.




Eram dois jovens!



Obrigado pela visita!

AVES DO PANTANAL

No final de setembro pp., fizemos nossa segunda viagem ao Pantanal de Poconé. Abaixo, postamos algumas fotos de nossa excursão:


Arara azul grande



Cardeal do banhado



Cujubi



Chincoã pequena


Jacu de barriga castanha



Jacurutu



Pavãozinho do pará 



Pipira de papo vermelho



Surucuá de barriga vermelha



Trinta-réis pequeno

 Maçarico grande de perna amarela


 Tachã


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Canon EOS 300mm F/2.8 II + TC Canon 1.4 III, a Birder review


Minha experiência como fotografo de aves é mais recente que a de birder! Desde  os 7 anos de idade, sou observador de aves, mas somente comecei como fotografo em 2011. E desde então, já possui várias câmeras e lentes. Uma de minhas fixações como fotografo de aves,  sempre foi aquela ave que está distante, voando ou  pousada ao longe! E nessas ocasiões, sempre me lembro dos conselhos de amigos ou de artigos que já li na internet: nesses casos precisamos ter uma lente de grande distância focal, quem sabe uma 800 mm!.
Mas logo descobri que ter uma lente dessas não é para qualquer um!. Além do preço muito alto, temos de avaliar  também o peso! E, devagar, meus conhecimentos, sempre teóricos, sobre o assunto foram aumentando. E descobri  os TCs, ou teleconverters! Uau, finalmente resolvido o problema: não preciso mais comprar uma lente gigantesca, basta comprar um ou dois TCs! Pois é, e aí começaram outros problemas! Qual  TC  comprar? Como todos os equipamentos de fotografia são caros, resolvi comprar uma solução genérica, mais barata, mas que segundo os sites e entendidos, funcionava muito bem!
A essa altura, já estava  com uma câmera Canon 6D!  Excelente full-frame de entrada. Mas, sendo full-frame, exigia ainda mais um teleconverter devido à ausência do fator de crop algo muito importante na fotografia de aves ou de assuntos distantes. Nesse tipo de câmera, o sensor maior e produtor de fotos melhores, também produz imagens com a nítida sensação de tamanho menor. Isto é, como o sensor não é "cortado" ou "cropado", as imagens possuem seu tamanho real, ao contrário, as mesmas imagens em um sensor cropado, apresentam-se maiores, ou "mais perto", isso devido a que o sensor, de menor tamanho dessas câmeras captura uma área menor o que resulta na sensação da imagem ser maior! Na fotografia de objetos ou animais distantes isso tem importância mesmo que a foto produzida apresente alguns detalhes ou nitidez ligeiramente inferiores quando comparadas às fotos produzidas por uma câmera de sensor full-frame!
Partindo para a decisão, comprei o TC  Kenko Teleplus PRO 300. O equipamento sempre funcionou bem, produzindo boas imagens e confirmando elogios de sites de várias partes do mundo sobre esse produto.



Os problemas começaram quando resolvi atualizar meu equipamento, vendendo a 6D e comprando a Canon 7D Mark II mais adequada à fotografia de aves!
A partir desse dia não pude mais usar o Kenko com tranquilidade. Por alguma razão que não conheço ainda, essa câmera parece ter uma incompatibilidade com o Kenko. Para conseguir fotografar usando o TC, eu preciso sempre desativar o micro-ajuste de foco da câmera!Se não, a máquina "travava" sempre.

Temeroso que essa insistência no uso do Kenko viesse a causar algum dano à 7D Mark II, resolvi então, adquirir um TC Canon. E foi o que fiz após ler vários reviews comentando sobre a excelência do Canon 1.4 III. Além do mais, sendo contemporâneo à 7D mark II, eu pensei que talvez esse TC pudesse ter um bom intercâmbio com a cãmera, produzindo até mesmo imagens melhores.



Bom, então parti para os testes, lembrando que tenho uma lente Canon 300mm F/2.8 IS  II e, apesar de muito elogiada, lembro que a distância focal de 300mm é considerado o patamar minimo para se fotografar aves. Lembrando ainda, que por se tratar de uma câmera cropada, o conjunto 7D mark II + Canon 300mm f/2.8 IS II, resultaria numa distância focal de 480mm, devido ao fator de crop da Canon, de 1.6.
Com o TC eu tenho uma distância focal  final de 480mm x 1.4 = 672mm  o que seria suficiente para fotos de aves. E ai veio nova dúvida: vários revisores e fotográfos criticam o uso de extensores, apresentando uma série de inconveniências como:

a) perda de qualidade de imagem.
b) perda de um stop de luz.
c) aumento do peso do conjunto.
d) AF  mais devagar e lento.

e outras  mais, que no momento não me lembro. Mas, finalmente posso passar para meus amigos minha opinião sobre  o assunto, apresentando algumas fotos com esse conjunto:

CANON EOS  7D Mark II + Canon  300mm F/2.8  IS II + TC Canon 1.4 III


O pássaro, um Mimus gilvus, na Ilha do Boi em Vitória, ES, Brasil. a boa distância.
420mm  Iso 400, F/9; velocidade 1/320.


420 mm.  Iso 400, f/9 ; velocidade 1/320

A partir desse momento, a ave pousou, afortunadamente, mais próxima e consegui essas poses:


420mm Iso 320 f/9 velocidade 1/320.


420mm Iso 320  f/9  veloc. 1/320.


420mm  Iso  320  f/9  veloc. 1/250.



A foto final  420mm  Iso  250  f/9  veloc.  1/320.

Terminei o teste dando-me  por satisfeito  por verificar  que a perda de qualidade de imagem  com  o Teleconverter Canon foi pequena, ou melhor, muito pequena: não consegui mensurar e nem perceber essa perda!

É necessário dizer, que a lente Canon 300mm  f/2.8 II foi usada  com o micro ajuste de foco marcando +10 na câmera 7D Mark II. 
Não sei detalhes se esse micro ajuste varia de pessoa para pessoa ou de equipamento para equipamento, mas o fato é que nesse nível de ajuste tenho ficado satisfeito com minhas fotos!

Espero ter acrescentado algo para os interessados e agradeço sempre a visita a esse espaço.

Um abraço.
José Silvério Lemos.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Lecythis pisonis A SAPUCAIA

Em recente viagem a Linhares, pudemos observar e parar debaixo de uma árvore de sapucaia, a Lecythis pisonis. A árvore não estava com sua coloração rosa, típica da primavera mas com o aspecto verde e cheia de frutas, os cocos da sapucaia. Curioso foi vermos no chão, vários cocos, ainda não totalmente maduros, que, pelos sinais, foram nitidamente arrancados da árvore e jogados ao chão. Pudemos ver então, vários macaco prego  Cebus apella, na árvore. Os macacos jogam as frutas no chão na esperança que o opérculo se abra naturalmente, Pegamos dois desses cocos e trouxemos para que possamos preparar mudas para replantar essa árvore magnifica em serras e capoeiras. 




A Lecythis  pisonis, árvore belíssima e um dos mais típicos componentes da mata atlântica da baixada. Foto: www.agron.com.br


O Fruto  ou  coco da sapucaia, pendentes e lenhosos é uma das mais pesadas frutas de nossas matas e atraem muitos bichos, principalmente os macacos. Muitas lendas e curiosidades estão ligadas a essa atração dos macacos pela sapucaia. Um dos ditados antigos  diz: "Macaco velho não põe a mão em cumbuca". Uma alusão ao fato dos macaquinhos, mais jovens, enfiarem a mão dentro da fruta e enche-las das castanhas e não conseguir tira-las, pois quanto maior a quantidade de castanhas, maior o volume e a mãozinha ficava presa não conseguindo passar pela abertura do opérculo. Fonte da foto: Flicker.


A avenida da Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro, toda plantada com sapucaias! Uma árvore tipicamente brasileira e ainda bem encontrada em nossas matas. Fonte:www.arvorescariocas.blogspot.com


Uma sapucaia dentro da mata atlântica. É uma espécie emergente, podendo alcançar 30 ou 40 metros de altura. Fonte: www.modosdeolhar.blogspot.com

Agora os cocos que encontramos e as sementes( castanhas) que vamos plantar para preparar mudas para reflorestamento:



O Opérculo no meio, que se abre naturalmente. E essa parte que os macacos tentam abrir.


Ao todo conseguimos 26 castanhas. Serão 26 mudas que plantaremos. Veremos quantas vão, de fato, compor nossas capoeiras.

Esse post não foi de aves, mas uma homenagem a essa que é uma das árvores mais espetaculares de nossa floresta atlântica, e como tal, importante para nossa fauna e aves.
José Silvério Lemos.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

URUBU REI NA ÁREA METROPOLITANA!

O Urubu Rei, Sarcoramphus papa é uma ave de grande porte, mede comumente cerca de 85 cm. de comprimento, chegando a pesar 5 kg. É o maior de nossos urubus, aves muito uteis pois se alimentam de carne em decomposição, sua caça e abate são proibidos por lei tendo em vista seu papel saneador na natureza. Sabe-se, já há algum tempo, que essas aves magnificas habitam a região metropolitana de Vitória, precisamente nas matas da Reserva Biológica de Duas Bocas. Como visitante dessa região desde 1986, e nunca tendo presenciado qualquer registro dessa ave, tinha grande curiosidade em conhece-la e, mais que isso, entender um pouco de seu comportamento de sobrevivência em uma área de forte influência antrópica como é a região metropolitana de Vitória, com quase 2 milhões de habitantes. Essa região, de grande perturbação, ainda assim, é capaz de proporcionar abrigo a uma ave desse porte! Fato intrigante e porque nunca o registramos mesmo que voando nas proximidades?
A explicação, é que o Urubu-Rei pode ser considerado como tímido. Habita a mata  e passa a maior parte de seu tempo recluso, escondido mesmo dentro da vegetação, o que contribui para que passe despercebido.

Uma  das primeiras fotos, feitas por Leonardo Merçon do Instituto Últimos refúgios, e publicada no livro "Últimos Refúgios: Reserva Biológica de Duas Bocas".



Nossa  foto tirada recentemente, dia 11.9.2016 na estrada da reserva:


Destarte, estamos muito contentes com esse registro, que vem comprovar a importância dessa reserva para a biodiversidade de nossa região, e salientando: são muitas espécies importantes e exigentes habitando essa área de região metropolitana com 2 milhões de habitantes.