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domingo, 29 de novembro de 2015

Beija-Flores e Mariposas: interessante caso de convergência!

O interessante caso de evolução análoga existente entre algumas espécies de beija flores, pequenos, com comprimento em torno de 8 cm. e algumas mariposas foi relatado por  SICK( 1997) em sua obra clássica sobre nossas aves: AVES BRASILEIRAS. Sempre achei esse fato super interessante mas nunca tinha conseguido ver essa mariposa, já que os beija-flores, em várias ocasiões consegui registra-los, mas somente o topetinho vermelho Lophornis magnificus.

Então, recentemente tive a sorte de registrar a mariposa, tão famosa! e creio que sua identificação é a Aellopus titan.



Essa mariposa foi citada  por SICK  em sua obra magistral:



 No capitulo sobre beija flores, o mestre tece comentários sobre a evolução muito parecida entre essa mariposa e os Lophornis.



A figura  que se tornou famosa, a comparação entre um Lophornis e Aellopus:


Agora  uma foto do topetinho verde Lophornis chalybeus, retirada  do site http://argentavis.org/2012/sitio/autor2.php?id=74, de Marcel Holyoak


Nossa  foto  da Aellopus  titan:



Pode ser observada a incrível semelhança entre o beija flor e essa mariposa tão  bonita quanto interessante. É destacado por SICK em seu livro, que essa semelhança é corroborada  por diversas observações de populares sobre esses beija flores pequenos! Em muitos lugares as pessoas acreditam que os beija flores se desenvolvam a partir de lagartas! Ou que se metamorfoseiam em mariposas!


Fica o registro de Aellopus  titan,  com destaque para sua semelhança  com os Lophornis.

domingo, 22 de novembro de 2015

Spizaetus tyrannus: O tirano da Floresta Atlântica!

Gaviões são aves muito especiais! Talvez devido sua dieta diferente, seus hábitos e comportamentos são muito distintos das demais aves! Conheço um biólogo que identifica até mesmo um certo desprezo no olhar de aves de rapina quando nos olham! O Brasileiro tem o hábito de chamar "gaviões" aos rapinantes da família Accipitridae, mesmo os maiores e com portes de águias. Tal é o caso da Harpia, que entre nós tem também o apelido de "Gavião-real". O Gavião pega macaco, Spizaetus tyrannus, também é um desses rapinantes que podem ser enquadrados como uma águia. Tanto que seu nome em inglês é Black hawk-eagle. 
Dos grandes gaviões de penacho, chamados por SICK( 1997) de "águias americanas", o Tyrannus é o mais encontradiço, sendo registrado tanto em matas grandes de reservas quanto em matas secundárias próximas a cidades. Nas proximidades de Vitória, ele pode ser registrado nas cercanias da Reserva de Duas Bocas em Cariacica, 35-40 km; em Chaves, Santa Leopoldina a uns 65 km de distância, nas encostas florestadas de Campinho a cerca de 50 km. Já o registramos em vários outros locais como nas matas remanescentes de Afonso Cláudio e Itarana, no morro de Aricanga em Aracruz, e até em locais de reflorestamentos e matas cultivadas como nas plantações de "cabruca" do cacau, no baixo Rio Doce município de Linhares.
Ontem dia 21 de novembro estivemos nas matas da Pousada Hosparrhaus em Campinho, Domingos Martins e mais uma vez pudemos registra-lo. Planando alto sobre as matas estava um individuo adulto, provavelmente um macho ( presumido devido ao tamanho da ave) que começou a assobiar. No momento que tocamos o play-back a ave logo se interessou começando o processo da descida em círculos que culminou com o pouso em árvores próximas!

Planando  muito alto sobre a região:



Já próximo às copas da mata em voo de caçador, procurando a voz:


Vocalizando muito e descendo:



Pousando nas proximidades:



Procurando de onde vem aquela voz:



Pelas nossas observações, acreditamos que Spizaetus tyrannus, não está tão ameaçado como outros grandes gaviões. Vários autores já se referiram ao fato da espécie ser tolerante a pequenas alterações no meio ambiente, ao contrário de outros gaviões de grande porte. E realmente trata-se de ave de porte avantajado. Possuindo um comprimento entre 58-66 cm. sendo a fêmea maior que o macho, pesando as fêmeas uma média de 1,1 kg e os machos cerca de 900 gramas. Medidas de preservação de nossas matas estão sendo suficientes para manter essa belíssima ave habitando até mesmo nas proximidades de nossas cidades.
Em diversas analises de conteúdo estomacal da espécie foram encontrados pequenos mamíferos e aves. Entre os mamíferos, muitos morcegos, esquilos( caxinguelês). A fama de ser perseguidor de macacos não é totalmente justificada, sendo plenamente capaz de capturar sauins mas pouco provável com espécies maiores como o macaco prego por exemplo! Ironicamente, seu ninho, inclusive, pode ser predado por macacos!
O fato de ser um gavião de grande porte já o coloca automaticamente na mira de fazendeiros e sitiantes como ameaça às criações domésticas. Mas, em mais de uma ocasião, observamos esse gavião planando acima dos urubus, sendo confundido com esses devido sua cor e, desconfiamos que esse detalhe termina por ajudar a espécie!
Já o encontramos em matas pequenas  como na Reserva existente no SESC de Santa Cruz, município de Aracruz.
Fica o registro dessa ave extraordinária e, pelo visto, com capacidade de sobrevivência em nossas matas.

domingo, 8 de novembro de 2015

JAPUS = Psarocolius decumanus

No dizer de Eurico Santos em seu livro antigo e gostoso de ler "Pássaros do Brasil", o Japu é um "imponente passarão de respeitável bico amarelo e longa cauda". De fato, além da beleza da plumagem, diria que se trata de uma ave espalhafatosa!  Na mata é fácil, percebe-lo, tal a algazarra que seus bandos apronta! Outro antigo naturalista, Azara, dizia que o estrago que produz com seus bandos seria comparável ao de um bando de macacos!.
Mas deixando de lado essas opiniões nem tanto 100% verdadeiras, podemos dizer que Japus são Icterídeos muito gregários, vivendo em bandos na floresta ou em suas bordas e que elegem arvores altaneiras para nidificar. E o fazem em colonias, com lindos e compridos ninhos em formato de bolsas que ficam balançando ao vento, embalando seus filhotes em sono reparador. Mas, suas colonias também são visitadas por predadores o que termina por abandonar esse sossego.
Nesse sábado 7 de novembro, em visita à estrada Marginal à Res. Duas Bocas, pudemos ver cinco colônias de Japus, Psarocolius decumanus!



Essa colonia possuía uns 20 ninhos, e não foi possível mostrar todos nessa foto!.
As aves estavam construindo os ninhos, entrando e saindo das bolsas:


O grande problema foi a presença do parasita Iraúna grande, o Molothrus oryzivorus, que estava vigiando, espreitando a oportunidade de por seus ovos em um dos ninhos:


Igualmente, trata-se de outro Icterídeo, de grande porte, mais de 35 cm. de comprimento!


Durante o período que lá estivemos a Iraúna não conseguiu seu intento, de botar seus ovos no ninho dos Japus!