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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Birding no Jardim Botânico de SP

O Jardim Botânico de São Paulo é uma instituição fundada em 1928, dedicada ao estudo da botânica e divulgação da importância da natureza. Situado dentro da zona urbana da cidade de São Paulo, com diversos prédios e departamentos, o Jardim é muito visitado diariamente. Trata-se de uma venerável instituição com mais de 90 anos dedicados ao estudo da flora. Aproveitamos essa sexta-feira dia 12, para visita-lo e praticar nosso esporte, o birding já que o Jardim preserva uma área de mata atlântica dentro de seu território.


























Uma das edificações dentro do Jardim.

A instituição dedica-se ao estudo da Botânica, contando também com cursos de pós graduação nessa área.
Alameda de palmeiras imperiais.

















A primeira ave que conseguimos registrar e fotografar no dia: o Gavião de cauda curta Buteo brachyurus.Trata-se de uma ave predadora que caça realizando voos altos e, ao localizar sua presa, no solo ou em galhos, despenca-se do alto sobre a vitima.












Localizamos esse belo Pica-pau-de banda branca Dryocopus lineatus, forrageando nas árvores dentro do Jardim.
Trata-se de um de nossos maiores pica-paus, atingindo o comprimento de 33 cm. Escava os troncos carcomidos à procura de larvas e insetos.
Esse pica-pau não está ameaçado, sendo registrado tanto em matas quanto em capoeiras.

Mas, em matas secundárias novas, naturalmente, as arvores são novas e como tal, não fornecedoras de arvores velhas e com cupins.









Dentro da Trilha suspensa de madeira, existente no interior da mata, pudemos ver um pequeno bando do Guaribas, Alouatta guariba.
Esse macaco, de bom tamanho, tem uma boa população no lugar. Porém, esteve ameaçado devido à febre amarela. Pelo visto, alguns exemplares não foram atingidos pela epizootia e continuam nos alegrando no lugar.










A trilha suspensa possibilita uma boa lição de educação ambiental. As pessoas ficam a poucos metros do interior da floresta, e podem visualizar como é a vida dos animais.







O interior da mata. Notar a abundancia das palmeiras, principalmente do palmito Euterpe edulis, uma das árvores dominantes na reserva.










A belíssima palmeira, Euterpe edulis, com seus cachos carregados de frutos. É uma palmeira tipica da floresta atlântica.
Seus frutos são muito procurados pelos tucanos, por psitacídeos, surucuás, e muitas outras aves.










Os coquinhos do palmito ainda não estão maduros, mas já estão caindo na trilha e algumas aves já aparecem.













No interior da mata, visto da trilha suspensa, conseguimos registrar e fotografar esse exemplar de Pichororé, Synallaxis ruficapilla.

É um furnarídeo florestal habitante das brenhas.









O interior sombrio e úmido da mata é o habitat ideal  para as samambaias-açu, também chamadas de fetos arborescentes.












Na beira da mata, registramos outras aves.














A saracura do mato Aramides saracura procurava minhocas nos baixios úmidos.














O Neinei, ou Bem-te-vi de bico chato, Megarynchus pitangua, vocalizava muito na beira da mata.


















O Sabiá-laranjeira, Turdus rufiventris, ave nacional do Brasil, é abundante no parque.


















Terminamos nosso relato, agradecendo a todos que nos visitam!

















quarta-feira, 3 de abril de 2019

30 ANOS DE CHAVES: Birding na Mata Atlântica!

Recentemente, entre os dias 29 e 30 de março últimos, estivemos em Chaves, município de Santa Leopoldina. Observando as aves do lugar e lembrando o passado! Conheço a região de Chaves,  neste Estado do Espirito Santo desde o ano de 1987, então um jovem encantado com nossas aves! Foi quando comecei a praticar observação de aves com um antigo binóculo 8X30.

























A Imbaúba de folhas brancas Cecropia hololeuca é tipica da Mata Atlântica do SE do Brasil em suas encostas baixas. Fornece uma abundante alimentação para aves e mamíferos!


A região é formada por extensas matas secundárias que cobrem a maioria dos morros. Desde 1987, a visito periodicamente e isso me proporcionou uma boa visão das aves do lugar. Trata-se de uma região montanhosa, com encostas e morros alcançando 400 a 500 metros de altitude. Devido ao longo tempo que conheço o lugar, creio ser possível analisar nesses 32 anos, as variações da população de algumas aves do lugar. As que desapareceram e as surpresas boas que conhecemos nessas matas!


Todos  os morros e elevações são tomados pela mata secundária. Em alguns pontos restritos, ainda aparecem remanescentes da mata primária, com arvores de 30-40 metros de altura.









Mesmo à distância, a paisagem mostra o "tapete verde" recobrindo os morros!













O Nome de Chaves, é antigo e vem desde os anos 1940, pelo menos, quando a cachoeira do véu de noiva era chamada de Cachoeira de Chaves e ainda hoje, existe um povoado com esse nome, "Chaves".

Meu interesse particular, entre outras razões,  é devido a um antigo livro editado em São Paulo e intitulado CATÁLOGO DAS AVES DO BRASIL, de 1944, de autoria de Olivério Mario de Oliveira Pinto. Desde sempre um dos maiores ornitólogos do Brasil e que foi chefe do Departamento de Zoologia da Secretária de Agricultura do Estado de SP. Esse livro, uma grossa brochura de mais de 500 páginas, descrevia todas as aves então conhecidas do Brasil, com os registros de todos os exemplares coletados e depositados na coleção do Museu Paulista. Catalogados por número e local da coleta, bem como o nome do coletor. No caso das aves do Espirito Santo, parte havia sido coletada nas serras de Chaves. O antigo coletor do Museu, Sr. Emílio Dente, era preciso em suas etiquetas: "Espécie tal, coletada em 12-11-1943: CHAVES,próximo Santa Leopoldina, Estado do Espirito Santo, Brasil"
Dessa forma, CHAVES, adquiriu para mim um encanto especial e nunca deixei de visita-la periodicamente! 

Dessa época,1987, até hoje, infelizmente, tivemos algumas perdas em nossa avifauna! Isso APESAR DA COBERTURA VEGETAL DO LUGAR TER  SE MANTIDO QUASE INTACTA. Aliás, arrisco mesmo a dizer, que na verdade, tivemos nesses 32 anos, um incremento das matas do lugar! morros que antes eram ocupadas por samambaias selvagens da mata atlântica, hoje estão totalmente tomadas por uma mata secundária muito bonita! Em termos econômicos, a região sobrevive do cultivo de bananas nas encostas baixas e hortaliças.
Vejamos então, às espécies que desapareceram de Chaves, segundo meus registros:

1) Tovaca cantadora:  Chamaeza meruloides ; ainda em 1993, era ouvida nas encostas, principalmente por onde desciam córregos. Mas nos últimos 10 anos não tem sido mais ouvida.

2) Borralhara:  Mackensiaena severa;  outro "Papa-formigas", muito arisco, que era ouvida nas encostas e há muitos anos não temos mais noticia.

3) Periquito-rico: Brotogeris tirica; Periquito comum em muitos lugares e que em Chave nunca foi abundante. Há muitos anos desaparecido do lugar. Curioso é que outro psitácida, esse ameaçado, o Apuim-de-costas pretas, Touit melanonotus, ainda é visto no lugar em bandos até numerosos!

4) Gavião-Pombo-grande Pseudastur polionotus; esse grande gavião nunca foi comum em nenhum lugar, porém, sempre víamos dois indivíduos ( seria um casal?) planando sobre os morros nas horas mais quentes, aproveitando as correntes térmicas. Há uns dez anos que não aparecem no lugar!

5) Gavião-Pombo-pequeno Amadonastur lacernulatus; Quando pelas manhãs, por volta das 10-11 horas a temperatura estava subindo, um dos rapinantes que às vezes apareciam planando em círculos era esse gavião. Não temos mais visto há já um bom tempo!

6) Gavião-pato Spizaetus melanoleucus; até há uns 8 anos atrás ainda víamos o gavião pato em seus longos voos planados sobre a serra. Presenciar sua caçada era visualizar um fato espetacular. Esse gavião não tem sido mais visto em Chaves.

Essas faltas locais, eu creio serem pontuais do lugar, uma vez que essas aves não estão ameaçadas de extinção a ponto de não mais serem registradas em outros locais. Talvez simplesmente deixaram de frequentar a região de Chaves, pois ainda são frequentes em muitas outras regiões.

Entretanto, outras aves florestais nos surpreenderam, tendo sido registradas em bom numero no lugar. Citamos dois exemplos:


1) Araponga Procnias nudicollis; Por vários anos a araponga tem aparecido em Chaves. Algumas vezes, de forma abundante. Outras vezes, alguns indivíduos isolados. Mas a partir do mês de Agosto é comum ouvi-las vocalizando na região.

2) Gavião Pega-macaco Spizaetus tyrannus; O Gavião pega-macaco tem aparecido frequentemente na região e pode-se afirmar sem medo de errar, que trata-se de um rapinante de grande porte ainda hoje visto de forma normal, aparentemente não está ameaçado.

ALGUMAS AVES REGISTRADAS NESTA EXCURSÃO, dia 29-3-2019:


Foi a primeira vez que registramos o Urubu-Rei, Sarcoramphus papa na região de Chaves. Um registrão sem dúvida.
A ave passou planando dirigindo-se aos morros florestados.











Planando ao longe.




















Duas espécies de aves florestais na mesma árvore.

a Ariramba-de-cauda-ruiva, Galbula ruficauda  e o Pica-pauzinho-de testa-pintada Veniliornis maculifrons.













Trinca-ferro Saltator similis.

















Arapaçu-rajado, Xiphorhynchus fuscus.






















Assanhadinho, Myiobius barbatus.






















Assim terminamos nosso relato sobre essa ultima excursão a Chaves, Santa Leopoldina.

Muito obrigado amigos e amigas que nos visitam!