Até pouco tempo não tinhamos conhecimento da existência no estado do ES, da águia chilena,ou águia serrana, majestoso e imponente gavião, cujo habitat são regiões montanhosas e campestres. Aliás, mesmo em todo Brasi , seus registros e ocorrência eram pouco conhecidos. Somente nos últimos anos vêm sendo registrada com mais frequência e corretamente classificada. Dessa forma, foi com surpresa quando vimos registrada no site Wiki-Aves essa águia em maio de 2011, na localidade de três pontões no municipio de Afonso Cláudio, em foto do colega José Ronaldo de Araújo. Recebemos o convite do José Ronaldo para visitar o lugar e tentar encontrar de novo essa águia.
Subimos a serra, procurando chegar até um local que nos possibilitasse visualizar os três pontões, locais onde as águias costumam ficar. Mas a subida não foi tão fácil. A encosta é ingreme e a paisagem, mesmo sendo belíssima, forma alguns abismos.
Depois da caminhada, conseguimos visualizar os picos:
Detalhes da montanha, uma pedra de granito de 1.110 mts. de altura. Podem ser vistos inúmeros buracos naturais. Alguns, segundo os guias e Itamar Tesch, dono da propriedade, já foram usados pelas águias para nidificar:
A História dessa águia nessa montanha é muito interessante. Segundo Itamar, desde menino ele sabe da existência desse gavião. Ele conta que seu avô ficava incomodado com as incursões de caça que ele fazia às proximidades e uma vez ele conseguiu caçar uma dessas águias. Temos então que a águia não é um colonizador recente na região. Já está estabelecido há muito tempo. Apenas não era conhecido como a águia chilena mas era chamado de "gavião pombo" na região. Portanto, a idéia que ela possa ser mais um colonizador recente da região, atraída devido ao desmatamento como aconteceu com a seriema, a gralha do campo e outros, fica prejudicada. Talvez habite o Estado unicamente nesses regiões mais altas e inacessíveis.Ainda segundo Itamar, a ave sempre cria filhotes todo ano. Sempre um filhote e ele conta que depois de crescido, algum tempo depois, o filhote sempre é expulso pelos pais da área. Segundo ainda, a ave tem utilizado mais a encosta contrária onde estamos observando, para nidificar, talvez incomodada com a presença humana deste lado. Isso por meio de visitantes e escaladores. Fato esse preocupante pois pode indicar que a presença de alpinistas a deixe perturbada. Podendo até mesmo abandonar os lugares em que nidifique.
Depois de algum tempo de espera, decidimos tirar fotos para comemorar.
Como Geranoaetus não aparecia, descemos. Foi então que as águias apareceram, e, de longe, pudemos fotografa-las no alto da pedra:
Mas estava muito longe e decidimos que deveriamos conseguir fotos melhores.
no domingo, 25 de setembro, voltamos a subir a serra mas desta vez de outro lado. Vista das paisagens:
Pode ser observado, que as regiões habitadas por Geranoaetus não são paisagens isoladas. Não é uma espécie que fique confinada a uma mata ou paisagem. Com seu extraordinário e poderoso vôo ela pode planar em uma vasta região. Do alto dessas montanhas ela controla todo o horizonte próximo. É preciso ter isso em conta para se entender a distribuição e existência atual dessa águia, bem como traçar estratégias para sua sobrevivência e imaginar como será seu futuro. De imediato, percebemos que ela é uma espécie predadora que devido a seu porte e poderosa capacidade de voar e se deslocar pode manter se protegida do homem desde que a situação assim o exija. Ave que possui certo oportunismo trófico, o que significa que é capaz de se adaptar a diversas situações quanto à oferta de alimento. Isso indica capacidade de adaptação. Vários trabalhos cientificos tem demonstrado essa plasticidade da águia chilena. Por exemplo, em trabalho realizado na serra do curral em Belo Horizonte, foi verificado que essa espécie adaptou-se a consumir pombos domésticos como o item principal de sua dieta. Esses pombos são abundantes no lugar. Em outros locais, com outro tipo de disponibilidade alimentar, a ave modificou seus hábitos, consumindo as presas disponíveis e até mesmo carniça pode ser consumida na falta de coisa melhor.No nordeste, por exemplo, alguns trabalhos informaram que sua presa principal em alguns locais é o roedor conhecido como mocó, o Kerodon rupestris Fica evidente que a época da nidificação é um período em que fica mais vulnerável. Como dissemos, alpinistas podem, mesmo sem querer ou perceber, prejudicar a nidificação dessas aves, fazendo-as abandonar o ninho ou mesmo, inadivertidamente, atingir algum ninho com suas cordas, grampos e instrumentos de escalada. Inferimos essa possibilidade analisando os dois locais em que a encontramos, as pedras dos três pontões em Afonso Cláudio e os cinco pontões em Laranja da Terra. São lugares visitados por escursionistas e alpinistas que precisam ser orientados pelos órgãos responsáveis para não afugentar essas aves. Aqui no ES, essas duas pedras foram tombadas pelo Conselho Estadual de Cultura e as prefeituras precisam ser avisadas para ajudar na preservação.Os amplos horizontes e paisagens abertas e altas são seu lar:
Apesar do dia estar muito nublado, fazendo com que o pano de fundo destas fotos ficasse branco, finalmente a águia apareceu.
Mais fotos de perto:
a águia
foi perseguida por um falcão. Esse falcão surgiu repentinamente e pela análise da foto, desconfiamos ser o Falcão de peito laranja, o Falco deiroleucus mas seria muita sorte e adrenalina no mesmo dia. Infelizmente o dia estava muito nublado e nosso foco estava na águia e por isso a foto não saiu com clareza suficiente mas as cores fazem suspeitar ser mesmo esse raríssimo falcão. Depois Geranoaetus se afastou:
foi perseguida por um falcão. Esse falcão surgiu repentinamente e pela análise da foto, desconfiamos ser o Falcão de peito laranja, o Falco deiroleucus mas seria muita sorte e adrenalina no mesmo dia. Infelizmente o dia estava muito nublado e nosso foco estava na águia e por isso a foto não saiu com clareza suficiente mas as cores fazem suspeitar ser mesmo esse raríssimo falcão. Depois Geranoaetus se afastou:
Fica então o registro dessa espécie extraordinária e que verificamos com satisfação ocorrer nessas montanhas graniticas, o que nos encoraja a procura-la em outros lugares com as mesmas caracteristicas. Em 08.10.2011, procuramos a águia serrana(chilena) em outra montanha do oeste do Esp. Santo, a pedra dos cinco pontões no municipio de Laranja da Terra. Localizamos duas águias( um casal?) planando no alto em um dia com ventos e sol fraco. As imagens estão disponíveis no link: http://peixesaves.blogspot.com/2011/10/expedicao-pedra-dos-cinco-pontoes.html
jsl