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sábado, 20 de julho de 2024

Revisão amadora de um Binóculo antigo: LEITZ TRINOVID 8X40 Ba.

 Os binóculos da marca Leitz, atualmente Leica,  são muito cobiçados por observadores de aves do mundo inteiro. Sua fama de excelente ótica aliada à beleza e elegância de seu design conquistou fãs de varias gerações. Foi no ano de 1984, quando, jovem observador de aves, pela primeira vez tomei conhecimento desse binóculo famoso. Na ocasião, os modelos 7x35, 8x40 e 8x32 eram os mais indicados para os observadores. Porém, em nosso país, nunca tivemos qualquer oportunidade de comprar um bino desses, tão emblemático e distante! 

Recentemente, adquiri no mercado livre um desses modelos antigos, claro, já usado. Com uma numeração de série numero 883.503 e pelo que já consegui pesquisar na internet, provavelmente foi fabricado entre 1985 a 1988. Recentemente pude ler um artigo sobre uma unidade de numero 907.071 com informações de que teria sido produzida em 1988. Então, suponho que nosso binoculo tenha sido produzido entre esse período, de 1985 a 1988.



O Leitz, modelo 8x40 Ba. feito em Portugal.























O Binóculo está muito bem conservado, embora não tenha nem a case e nem os acessórios, provavelmente perdidos no tempo.

No barril do lado direito, pode ser visto: Portugal. Número 883503.

Há cerca de 50 anos a Leica mantem uma fábrica em Portugal, produzindo binóculos premium com a mesma excelência da fabrica na Alemanha.

O Binoculo encontra-se perfeitamente colimado e totalmente limpo de fungos e arranhões.

Lembro, contudo, que esse exemplar passou por excelente revisão no Rio de Janeiro, com Jady Vogel, limpando seus componentes.







Aspecto das objetivas.
















O Desempenho desse binóculo é surpreendente tendo em vista que já possui cerca de 40 anos de uso, período em que os binóculos, principalmente os equipamentos de prisma de telhado (roof) passaram por muita evolução em seus revestimentos. Binóculos atualmente são produzidos com basicamente dois tipos de prisma: o prisma Porro, mais tradicional, que forma binóculos mais volumosos e o prisma de telhado, ou Roof, que produz binóculos mais compactos, finos e elegantes. Porém, os porros são menos difíceis de se produzir e, com bons revestimentos produzem lindas imagens. Já os telhados, exigem maiores custos de produção pela dificuldade de se conseguir imagens nítidas e de ótima qualidade.  Por volta de 1990 foi introduzida a tecnologia de correção de fase, que faz com que binóculos de prisma de telhado tenham uma melhora significativa em suas imagens. A boa qualidade das imagens produzidas por um bino, está diretamente ligada às qualidades de seus revestimentos nas lentes e nos prismas.
Então, a curiosidade era saber se esse binóculo, de insuspeita qualidade, realmente produz imagens agradáveis, principalmente se comparado com modelos mais recentes.
Com o manuseio, concluímos que as imagens são de ótima qualidade, fazendo  justiça a sua fama. Encanta no manuseio desse Leitz, sua ergonomia perfeitamente adaptada às mãos de usuário.
Mas para se fazer um teste mais próximo da realidade, escolhi comparar esse Leitz com um telhado moderno, um binoculo que está na linha atual da Nikon ( outro dos fabricantes de binóculos de alta classe no mercado mundial.)


Fiz uma comparação entre o Leitz antigo e esse binoculo muito moderno e atual da Nikon, o Monarch M7.
Um modelo compacto, 8x30, totalmente a prova d'água e preenchido com nitrogênio a fim de se evitar embaçamento.

Ainda mais: óticas totalmente multirrevestidas, com correção de fase e o famoso vidro ED. que melhora a dispersão de luz.













os dois modelos, binóculos de 8 aumentos, produziriam uma competição justa mesmo com a grande diferença de idade entre os dois competidores.
Esse Nikon é um excelente binoculo de bird watching, com 8 aumentos de potência, campo de vista de 8,3 graus e baixo peso (cerca de 510 gramas).
Tendo uma ótima resolução e muito brilhante.





O Resultado de nossa comparação?  O venerável Leitz se saiu muito bem, se lembrarmos dos 40 anos de diferença tecnológica. Continua surpreendendo com ótimas imagens e brilho muito bom. Na época em que foi fabricado, anos 80, ele deveria estar no topo e como as pessoas não conheciam uma nitidez mais melhorada, devem ter feito muito sucesso! Esse exemplar, pode muito bem ser utilizado no campo hoje em dia com bons resultados!
Porém, ele perde para o pequeno Nikon em pontos importantes, que eu atribuo, à falta da correção de fase nos prismas:
a) O Nikon apresentou foco mais afiado, com imagens muito nítidas e muito bem delineadas.
b) O Nikon é a prova d'água, o que proporciona mais tranquilidade ao observador se começar a chover.
c) O Nikon, como os demais binóculos atuais, possui o mecanismo do relevo de olho ajustável, permitindo aumentar ou diminuir essa distância. Nos modelos antigos, como neste Leitz, o relevo de olho é feito de borracha dobrável, mas sem a mesma facilidade de uso.
d) novamente talvez devido à correção de fase, o Nikon apresenta menor dispersão de luz, fazendo com que as imagens produzidas adquiram um efeito mais natural.

Já o Leitz ganha na ergonomia, sendo agradável de se segurar, mesmo que mais pesado.

Deve-se ressaltar que o Leitz em sua época integrava o seleto grupo de binóculos de grau elevado, o topo de linha, enquanto o Nikon Monarch M7, atualmente mesmo sendo considerado um equipamento de ótima qualidade, apenas faz parte da "linha média" da Nikon.

Isso demonstra o extraordinário progresso na fabricação de binóculos nos últimos 40 anos.

Como disse no inicio, trata-se somente de uma revisão amadora, restrita aos aspectos do uso dos modelos.

Muito obrigado as pessoas que nos honram com suas visitas!




quarta-feira, 17 de julho de 2024

GARÇA AZUL jovem!

 Fotografamos hoje, 17.07.2024, um exemplar jovem da Garça azul, Egretta caerulea, forrageando na Ilha do Boi, em Vitória.

Curioso a plumagem dos jovens dessa espécie, que, na idade adulta, são totalmente azuis ou cinzentas ardósia.



Estava se alimentando nas pedras da ilha, local muito habitado por caranguejinhos, minhocas de praia, e outros pequenos seres que habitam esses lugares da maré, e que ficam muito expostos por ocasião das marés baixas.


Nesse caso, sua plumagem totalmente branca chama a atenção. Os mais apressados podem pensar tratar-se da Garça branca pequena, Egretta thula, mas, com um pouco de paciência, podemos ver as diferenças.

A mais visível é o colorido das pernas, já que  E. caerulea as possui de cor verde, enquando a E. Thula as tem de cor escura ou preta.






Aqui a Garça branca pequena. Além do colorido das pernas, podemos observar também algumas diferenças no cerume dos bicos e na cor destes.
Os bicos da Garça azul, também são mais azulados e de ponta negra.









Um adulto plenamente desenvolvido. A cor azul adquire também tons de ardósia e roxo.
Completando assim a transição de sua plumagem.

Fica registrado, tratar-se de uma das grandes variações de plumagem em conformidade com a idade. da ave.

No individuo sub adulto, o branco da plumagem vai paulatinamente se transformando do branco para o azul, apresentando a ave, essa faze, uma curiosa mescla de tons claros e azuis.


A Garça branca pequena, Egretta thula, também é um pouco maior que a garça azul. Segundo o Wiki Aves, a Egretta caerulea, "chega a medir" 52 cm. de comprimento, podendo, então, apresentar indivíduos menores que essa medida. Já a Garça branca pequena, mede de 54 a 66 cm. de comprimento.

Agradecemos às pessoas que nos visitam! 




terça-feira, 2 de julho de 2024

ALGUNS REGISTROS BELISSIMOS EM SINOP

 Algumas aves são simplesmente incríveis e que nos fascinam seja pela beleza, ou por alguma de suas características incomuns.

Deixamos para o final, postagens sobre nossa excursão a Sinop, com o relato de alguns registros não usuais e que nos encheram de alegria nessa linda excursão.


Todas saíras de sete cores são, naturalmente, lindas! Porém, creio que nesse particular nada supera a Sete cores da Amazônia, Tangara chilensis! Não se sabe a razão desse nome cientifico pois essa linda saíra nunca foi vista no Chile e nem teria como, dado suas exigências ecológicas!

Trata-se de um pássaro que mede em média 12 a 13 cm de comprimento e é, como se vê na foto acima, multicolorido!

Sua voz é um assobio finíssimo, e reproduzida em um play back faz com que a ave venha procurando o chamado. É comum nas bordas da mata, podendo ser vista se alimentando de pequenos frutos ou então, também insetos. Presente na maior parte da Amazônia brasileira e em todos países amazônicos!



  Outro registro fantástico que fizemos em Sinop: a Murucututu, Pulsatrix perspicillata. Os maiores exemplares, tanto machos quanto fêmeas, tem um comprimento que chega a alcançar 52 cm. É um corujão bastante ativo, que preda desde grandes insetos até outras corujas. Parece sofrer menos com o desmatamento embora seja uma espécie dependente da floresta, principalmente para nidificar. Apresenta o padrão de tamanho da Murucututu de barriga amarela, Pulsatrix koeniswaldiana. Em algumas matas, principalmente na mata atlântica do nordeste, as duas corujas podem habitar a mesma mata.

Esse exemplar foi fotografado em nosso primeiro dia em Sinop, logo após o crepúsculo, com a ave saindo do esconderijo para caçar. Não é rara, mas devido seu porte, e a perseguição, tornou-se escasso em muitos locais.

Muito obrigado, as pessoas que nos visitam!

terça-feira, 18 de junho de 2024

Gaviões registrados em SINOP e FELIZ NATAL -MT.

 Passemos agora, a relacionar os gaviões que registramos em nossa viagem a Sinop e Feliz Natal. São aves das famílias Accipitridae e Falconidae, e preferimos coloca-los aqui lado a lado.




Esse registro sensacional foi o mais "importante" que fizemos nessa viagem! O Gavião- pato, Spizaetus melanoleucus, deixou-nos ir chegando bem pertinho para fazer lindas fotos.
Nesse momento, estava espreitando na beira da mata, um sitio com criação de pombos. De vez em quando as aves voavam em revoada e o Pato ficava observando, acompanhando todos os movimentos.

Sua atenção era tão grande, e monitorava todos os movimentos, que tivemos a impressão que presenciaríamos um ataque, uma caçada dessa imponente águia de penacho.

Não tivemos essa sorte e esse momento tão aguardado não aconteceu, com a ave voando par outro poleiro distante.





Esse aí, o Gavião-de-anta, Daptrius ater foi um dos "lifers" que conseguimos nessa viagem. Não nos pareceu raro, mas, depois de quatro viagens à Amazônia, foi a primeira vez que conseguimos avista-lo. É uma ave bonita e que tem um comportamento parecido com o Carrapateiro, Milvago chimachima, que, inclusive ocorre também em Sinop. Nosso encontro com o Gavião de Anta foi em uma estrada, onde o gavião junto com outros três companheiros, forrageava na estrada alimentando-se de restos de pequenos animais mortos na estrada.


Esse Cauré, Falco rufigularis, aprecia as bordas da mata onde fica à espreita de suas presas, geralmente aves ou pequenos animais como cobras, rodedores, calangos,  morcegos no crepusculo, etc. Trata-se de eximio caçador., dos "raiz mesmo".
Porém, mesmo um caçador com essas qualidades, algumas vezes é obrigado a se contentar com bichos menos aquinhoados como, no caso ao lado, um gafanhoto.










Muito comum aqui no Espirito Santo, o Falcão de coleira, Falco femoralis, também é bom caçador. Não alcança a fama do Cauré, mas mesmo assim caça com habilidades.
A prova de que são caçadores importantes está no diformismo sexual entre a fêmea e  o macho. No caso dessa espécie, a fêmea é, em média, cerca de 20% maior que o macho, tanto em tamanho como em peso.








O Gaviãozinho, Gampsonyx swainsonii. também é excelente caçador, usando os postes na zona rural como ponto de pouso e caça. Esse aí percebeu um lagarto e conseguiu seu almoço. Com um tamanho médio de 20 a 28 cm. é considerado como o menor dos gaviões brasileiros.












Um dos gaviões mais bonitos que vimos em Sinop! e é até comum naquelas paragens pois o vimos em três locais diferentes.,

Trata-se de gavião de porte medio, que também aprecia caçar de poleiros na beira da mata. Ao visualizar uma potencial presa, ela precipita até ela com voo rapido. Mas também realiza caçadas pelo alto, quando plana em busca de potenciais presas e ao percebe-las, mergulha tentando a predação.

O Gavião Pedrês, Buteo nitidus, possui esse apelido devido sua plumagem toda transfaciada, "pedrês" como é descrito.
Seu tamanho varia entre 45 a 60 cm. de comprimento, o que já dá a ele um tamanho considerável, e apto a capturar presas maiores. Suas presas, geralmente são aves, repteis e insetos.



Aqui um jovem, fotografado em outro local da viagem.
Esse estava empoleirado na beira da estrada  no local chamado de Fazenda Guaratã.













Agradecemos às pessoas que nos prestigiam com suas visitas!!!

domingo, 9 de junho de 2024

Psitacideos registrados na viagem a Sinop e Feliz Natal.

 Psitacídeos são aves muito conhecidas e das mais inteligentes! O Brasil possui a maior quantidade de espécies dessa grande família no mundo todo, e, inclusive por um tempo, chegou a ser chamado de Terra dos papagaios.

Em nossa recente viagem a Sinop, registramos várias espécies, vimos algumas que não identificamos por falta de fotografias ou gravações. Mas também faltaram algumas espécies, notadamente alguns papagaios. Houve registro do Papagaio campeiro, Amazona ochrocephala, mas não registramos as araras vermelhas.


Araras Canindé, Ara ararauna. Notamos que essa arara é até comum na região. Pudemos registra-la em vários locais e sempre em lugares abertos. Nos informaram que a Canindé chega a nidificar até em praças das cidades, utilizando o cimo de palmeiras mortas. Foi a única arara que visualizamos.


Maitaca de cabeça azul, Pionus menstruus é uma ave que consideramos comum na região. Vista aos bandos, em vários locais de nossa viagem. Seu colorido, com a cabeça de cor azul, é muito bonito.









A Maracanã, Primolius maracana, é uma ararinha muito conhecida por nós. Ainda hoje é frequente aqui no Estado do Espirito Santo, embora não possamos dizer que seja abundante. Por essa razão, ficamos felizes de constatar sua presença também na região de Sinop e Feliz Natal.









Periquito-santo-de-bico escuro, Forpus sclateri. Vimos um bando em Feliz Natal, onde foi tirada essa foto. Parece ser um periquito com o comportamento parecido ao do Tuim Forpus xanthopterygius.

Possui uma mancha negra nos bicos.








Essa é a Tiriba-do-madeira, Pyrrura pallescens.

Em nossa excursão foi a Tiriba mais encontrada. Algumas vezes em bandos grandes de mais de 20 indivíduos.

O Comportamento é similar ao de outras tiribas: muitos gritos estridentes e as viagens rápidas entre os remanescentes de matas.













A Tiriba do Xingu, Pyrrura anerythra foi registrada tanto em Sinop quanto Feliz Natal, mas suas populações parecem ser menos abundantes que a Tiriba do Madeira.












Algumas espécies de Psitacídeos notáveis ocorrem na região, como as Araras vermelha e Araracanga, o Apuim de asa vermelha; a Curica de bochecha laranja; o Anacã, o Papagaio moleiro, a Marianinha de cabeça amarela e outros "verdinhos"! Mas seu registro fica para outra viagem já que não tivemos essa sorte desta vez!

Agradecemos às pessoas que nos visitam!!
 










quarta-feira, 29 de maio de 2024

RAMPHASTIDEOS registrados na viagem a SINOP.

 Recentemente, entre os dias 27 de abril a 03 de maio, estivemos viajando até os municípios de Sinop e Feliz Natal no estado de Mato Grosso. Já fizemos duas postagens sobre essa viagem e as excursões para observar aves que fizemos. Nessa matéria de hoje, falaremos sobre os indivíduos da família Ramphastidae, que abriga tucanos e araçaris.



O Tucano de papo branco, Ramphastos tucanus é um dos maiores tucanos do Brasil. Mede entre 53 a 58 cm. de comprimento. Atualmente está colocado na categoria de ameaça de extinção VU pela IUCN o que significa que encontra-se vulnerável atualmente.

Apesar disso, sua voz é uma das mais ouvidas na Amazônia e possui uma distribuição muito ampla, abrangendo toda a Amazônia. Ave onívora, alimenta-se de frutas, insetos, pequenos vertebrados, e, como outros ranfastídeos, aprecia saquear ninhos de outras aves à procura de ovos e filhotes.


O Araçari de bico branco, Pteroglossus aracari parece ser comum nas matas de Sinop e Feliz Natal. Vimo-lo em vários locais visitados, na maioria das vezes nas bordas da mata. Locais onde aprecia para procurar alimentos.

A espécie também é comum no leste do Brasil, no Estado do Espirito Santo é facilmente encontrado nas matas remanescentes. Como os outros ranfastídeos, é ave onívora, apreciando frutas e insetos. Mas, também predando ninhos de aves quando tem oportunidade.



O Araçari-castanho, Pteroglossus castanotis, talvez seja o araçari mais comum da região de Sinop. Aliás, já registramos essa ave em várias e nossas excursões, tanto à Amazônia quanto ao Pantanal.

Em todas as localidades que percorremos, tanto em Sinop quanto em Feliz Natal, encontramos esse Araçari nas bordas da mata. Seu comportamento é parecido ao do Araçari de Bico branco, inclusive quanto à alimentação.



Araçari de pescoço vermelho, Pteroglossus bitorquatus. Trata-se de um Araçari que está com a classificação de EN na classificação da UICN, o que significa que essa espécie está EM PERIGO de extinção.

Nessa excursão chegamos a ver a espécie em alguns locais. Próxima à Cascalheira, localizamos um bando de uns 6 indivíduos. Posteriormente, no dia de nossa volta, dia 3 de maio, também vimos a espécie já próxima de Sinop. onde vimos 2 indivíduos. É um bonito Araçari, onde se ressalta seu pescoço vermelho.



Araçari de pescoço vermelho, Pteroglossus bitorquatus, fotoragado em Sinop.


Apesar dessas ameaças a esta espécie, sua distribuição na Amazônia é bem vasta.








Registros do Araçari de pescoço vermelho segundo o Wiki Aves: Mapa de registros da espécie araçari-de-pescoço-vermelho (Pteroglossus bitorquatus) | Wiki Aves - A Enciclopédia das Aves do Brasil








Esse ao lado é o Araçari de bico riscado, Pteroglossus inscriptus, registrado apenas em duas ocasiões na excursão. Uma em Sinop e a outra em Feliz Natal.

A situação desse Araçari no quadro de classificação do IUCN consta que ele não está ameaçado, classificado como "POUCO PREOCUPANTE".

Comportamento semelhante aos de outros araçaris.



Pyeroglussus inscriptus: notar a semelhança do bico com os bicos dos tucanos.











Um dos mais belos ranfastídeos da Amazônia, o Saripoca de Gould, Selenidera gouldii, tem alguma semelhança com o Araçari- Poca, Selenidera maculirostris da mata atlântica do leste do Brasil.

Não está inserido em categorias de ameaça por parte da IUCN. Mesmo assim, somente o registramos no ultimo dia, em apenas um local.



A Saripoca de gould vive dentro da mata e aparece em suas bordas e até em matas secundárias quando estão à procura de alimentos. Segundo se sabe, alimenta-se predominantemente de frutos e também insetos. Não temos informações se, a exemplo de outros ranfastídeos, ataca ninhos de outras aves. Sua distribuição geográfica abrange a Amazônia e tem também uma população isolada na serra do Baturité no Ceará.




Das nove espécies de Ramphastidae já registradas em Sinop e Feliz Natal, logramos visualizar essas 6 espécies. Ficaram faltando três espécies, a saber: o Tucanuçu, Ramphastos toco; o Tucano de bico preto, Ramphastos vitellinus; e o Araçari-mulato Pteroglossus beauharnaisii.

Os dois tucanos, são aves facilmente registradas em outras áreas do pais. O Tucano de  bico preto ainda é comum na Mata Atlântica, e o Tucanuçu é comum no cerrado, Pantanal e agora está ameaçando invadir a Mata Atlântica. Restando portanto, o Araçari mulato como a falta mais sentida nessa excursão.

Agradecemos a todas pessoas que nos honram com suas visitas!!








segunda-feira, 20 de maio de 2024

OS COTINGAS AMAZÕNICOS NA VIAGEM A SINOP

 Minha paixão de bico e penas chama-se COTINGIDAE! Essa família incrível que temos o privilegio de conhecer e possuir aqui neste Brasilzão! Verdade que são aves não comuns, ou não abundantes, porém, quando aparecem eles enchem a mata de colorido!

Das espécies que vimos nessa excursão, apenas uma, o Anambé roxo, Xipholena punicea, era uma espécie "nova" para mim. Era uma nova amizade, que festejamos muito. Ainda mais que a ave apareceu junto com sua fêmea!






















Xipholena punicea apareceu junto com sua fêmea, visitando uma árvore que estava carregada de frutas maduras, muito disputadas pelas aves! Alias, todos os cotingas e Tityridae vistos foram nas imediações dessa fruteira nativa.


A Fêmea do Anambé- roxo, também é muito bonita. Essas aves transmitem ao observador a sensação de que são pouco numerosas e estão espalhadas por uma área vasta. Resulta disso a quase impressão de que são mesmo bichos ameaçados e que dependem muito das florestas remanescentes para continuarem a nos encantar com sua beleza e comportamentos típicos. Além disso, aparentemente são discretos. Chegam até a fruteira procurando não chamar atenção, mas o exuberante colorido do macho acaba por entrega-los. 



O Anambé - una, Querula purpurata é um pássaro de bom tamanho, alcançando os machos, ate cerca de 30 cm. de comprimento. As fêmeas não possuem o vermelho gular e são um pouco menores, alcançando 25 cm. Essa ave tem um comportamento espalhafatoso, fazendo muito barulho e um um repertório bem variado. Vivem em grupos pequenos, de até uns 6 indivíduos perambulando pela floresta ou em suas bordas, Distribuem-se por toda Amazônia  e essa foi a única espécie que encontramos em todas as nossas viagens à Amazônia! Não é tão raro quanto os demais. E por essa razão nos dão a sensação de que não estão ameaçados!

Porém, não podemos nos esquecer, que todas essas espécies de aves foram vistas dentro da floresta ou em suas bordas! Ou seja, todas elas dependem totalmente da mata. E, se futuro, em Sinop todas as matas remanescentes forem substituídas por plantações de milho, não teremos de forma nenhuma esses cotingas e todas as outras aves que vimos! tenso!


Cotinga cayana, o Anambé- Azul. Já o conhecíamos de nossa ultima excursão feita em 2022 a Manaus e imediações.  Com essa tonalidade belíssima de azul, vimo-lo na mesma arvore frutífera em que apareceu o Anambé- roxo! Também vimos a fêmea no local. Trata-se de outro Cotinga que nos dá a sensação de ser rarefeito. Isto é, ser pouco numeroso e espalhado por


grandes áreas de floresta. Porém, segundo o Wiki Aves, trata-se da espécie de Cotinga mais amplamente distribuída na Amazônia, e que, pode se reunir muitos indivíduos quando as fruteiras estão com frutos. A foto acima é da fêmea.

Algumas espécies desse mesmo gênero, a Cotinga estão muito ameaçadas em outras partes do país e como exemplo típico, citamos o caso do Crejoá, Cotinga maculata, da mata atlântica e que está muito ameaçado de extinção devido desmatamento excessivo.

Outros anambés, mas da família Tityridae, não são considerados como Cotingas típicos e por essa razão não os incluímos nessa matéria.

Agradecemos às pessoas que nos honram com suas visitas!!

VOLTA À AMAZONIA: SINOP NO MT.

 Amigas e amigos, peço desculpas pela demora. Mas, informo que foi uma demora justificada: Fizemos nova viagem até a Amazonia, precisamente na região dos municipios de Sinop e Feliz Natal. São municipios situados no chamado "arco do desmatamento". Muitas fotos, muitas aves incríveis, algumas, ambém muitas, preocupações! Então, a partir de hoje faremos postagens com comentários sobre essa nova aventura passarinheira!


O Buriti, Mauritia flexuosa : sempre presente nas áreas húmidas!



O Macaco aranha, Ateles  sp. ameaçado de extinção pelo desmatamento.

Nossa aventura começou no dia 27 de abril passado. Saimos de Vitória às 4,30 AM e as 10 h AM já estavamos em Sinop.


imagem disponível em: https://www.google.com.br/search?q=vitoria+a+sinop+.

A distância entre as duas cidades é de 2.560 Km. e uma viagem rodoviária, passando pela BR-262 duraria 36 horas!!

Começaremos o primeiro post  sobre os COTINGAS registrados!


OBRIGADO AMIGOS QUE NOS VISITAM!!!

terça-feira, 9 de abril de 2024

O Gaivotão, Larus dominicanus, em Vitória.

 Larus dominicanus, conhecido como Gaivotão, ou Gaivota, é uma ave de grande porte, atingindo cerca de 58 cm de comprimento e é considerada como a única gaivota de maior porte com registros constantes no Brasil.

Em Vitória, ES, localizada na latitude de 20 graus sul, temos conhecimento de sua permanência há bastante tempo, porém, notamos que está aumentando sua população, sem que saibamos por ora, o motivo. Recentemente, observando aves na Ilha do Boi, contamos 16 indivíduos pousados nas pedras limícolas, junto com outras aves procurando alimentos.


Individuo jovem fotografado na Ilha do Boi recentemente.

O Gaivotão, aqui em Vitória, sempre o registramos nas áreas da baia de Vitória voltadas para o mar aberto. São frequentes nas cercanias do Porto de Tubarão, no canal da baia de Vitória e também sobrevoando a praia de Camburi.

São aves onívoras, alimentando-se de tudo que encontram à beira mar e seja comestível. Bicam e pesquisam restos de comida, peixes, invertebrados, plásticos, enfim tudo que encontram boiando na água ou nas praias. Caso algum individuo do bando consiga capturar um peixe, costumam tentar roubar o alimento da colega. Nota-se sua grande capacidade de adaptação, talvez essa grande plasticidade seja a chave para compreender sua expansão. Algumas entidades, inclusive, afirmam que esse Gaivotão está virando "praga" em muitos locais devido justamente ao aumento de sua população. Aqui, notamos um aumento mas ainda não observamos que esse aumento esteja prejudicando outras espécies.


Um individuo com a plumagem adulta, nesse mesmo dia, nas pedras da Ilha do Boi.










Pousam na água inspecionando detritos em suspensão que pareçam comida.






O Jovem inspecionando algo na água do mar.








Existem no Wiki Aves, alguns registros mais ao norte de Vitória, inclusive, até mesmo no interior do Brasil, longe do mar. Porém, são registros pontuais. Dessa forma, em termos de distribuição regular, acreditamos que Vitória seja mesmo o limite norte de sua distribuição.

Segundo o Wiki Aves "Essa espécie apresenta ampla distribuição geográfica no hemisfério sul, ocorrendo no Atlântico desde o estado do Espírito Santo (Brasil) até a Terra do Fogo (Argentina), ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Sandwich do Sul, Orcadas do Sul e Shetland do Sul, bem como no litoral pacífico da América do Sul, África e Nova Zelândia."

Ainda não foi registrada sua nidificação nas costas do ES, mas, tal fato parece ocorrer tendo em vista o grande numero de indivíduos jovens e imaturos que sempre encontramos em nossas observações. Lembrando ainda, que nas proximidades de Vitória a Guarapari,  existem muitas ilhas e ilhotas que podem ser aproveitadas por essa ave para nidificação.



Registros de Larus dominicanus no Brasil segundo o Wiki Aves. Retirado de: Mapa de registros da espécie gaivotão (Larus dominicanus) | Wiki Aves - A Enciclopédia das Aves do Brasil.

Notar a concentração dos registros na costa sul a partir do Espirito Santo.










Uma particularidade, tanto das gaivotas quanto de outras aves e animais marinhos, é a existência da glândula de sal, que ajuda essas aves a filtrarem a água do mar, expelindo o excesso de  sal por meio de abertura na narinas da ave. Essa abertura pode ser observada nas narinas da gaivota da primeira foto dessa página.








Agradecemos às pessoas que nos visitam: Muito Obrigado!!









sábado, 30 de março de 2024

Em Busca da CALYPTURA CRISTATA !

 INTRODUÇÃO

Transcrevemos abaixo um excelente artigo publicado no jornal O GLOBO do Rio de Janeiro em 24.03.2024.





Uma das aves mais raras do mundo, tietê-de-coroa não é visto desde 1996 e mobiliza expedição pela Mata Atlântica

Em novembro do ano passado, uma pesquisa identificou 104 espécimes em coleções de 47 museus, reforçando o fato de que pássaro era facilmente encontrado nas florestas fluminenses

Por Lucas Altino  em  O  GLOBO.

24/03/2024 04h30  Atualizado 24/03/2024

Um mistério ronda a Mata Atlântica há mais de um século. Desde 1890, o Calyptura cristata, mais conhecido como tietê-de-coroa, só foi avistado uma vez, em 1996. O sumiço do pequeno pássaro de menos de 10 centímetros lhe garantiu o posto de uma das aves mais raras do mundo e atiça o imaginário de ornitólogos do Brasil e exterior, arrebatados e movidos pelo enigma. Em novembro do ano passado, uma pesquisa identificou 104 espécimes empalhadas em coleções de 47 museus pela Europa e nos EUA, reforçando o fato de que o tietê era facilmente encontrado no século 19, nas florestas fluminenses.

Nos século 19, o Brasil era destino de muitos naturalistas estrangeiros, interessados em negócios com colecionadores de material da história natural. A fauna de aves brasileiras era um dos “mercados” mais aquecidos desse meio, e na época, as peles do tietê-de-coroa eram itens valiosos por serem encontrados apenas no Estado do Rio. Estufadas com algodão ou palha, as amostras dos pássaros tiveram como destino dezenas de museus e coleções particulares de magnatas, especialmente da Europa. Suas identificações traziam poucas informações, como localização precisa de origem, e o último registro é de 1890.


Por mais de 100 anos, o tietê não foi mais visto. Nos anos 1970, com os estudos sobre ecologia no Brasil, novos ornitólogos se dedicaram a buscas de aves “sumidas” da Mata Atlântica. Expedições começaram a ser planejadas mirando três espécies: formigueiro-de-cabeça-preta, saíra-apunhalada e tietê-de-coroa. Os dois primeiros foram encontrados respectivamente em 1987 e 1998, em Angra dos Reis e no Espírito Santo, e até hoje são monitorados.


Por acaso

Apenas o tietê foi visto uma única vez. Em um de seus passeios de rotina, o observador Ricardo Parrini se deparou com um par na região do Garrafão, na Serra dos Órgãos, na altura de Teresópolis.


— Ele chegou em casa e me ligou e então fui para lá no dia seguinte — conta o biólogo Fernando Pacheco, do Comitê Brasileiro de Registro Ornitológico, coautor do estudo de novembro, e que se dedicava às buscas pelo pássaro na época. — Voltamos no ponto em grupos de três ou quatro pessoas por mais cinco dias. Infelizmente, poucos tinham máquinas fotográficas com a lente adequada para fotografar um pássaro tão pequeno na copa de uma árvore. No último dia levamos uma filmadora profissional, mas por alguns segundos não conseguimos registrar o que seria a única imagem do bicho vivo até hoje.


Além da tentativa de imagens, o grupo deixou o gravador ligado para registrar o canto do pássaro, mas também não houve sucesso. Hoje, mesmo com o crescimento da comunidade de observadores de aves, a ausência de foto e do canto do tietê é um obstáculo para que ele seja identificado. O fato de ele ser tão pequeno e ocupar copas de árvores grandes também dificulta. Nas décadas seguintes, houve relatos de aparições do tietê em Ubatuba (SP), mas estes foram desacreditados pelos ornitólogos devido à ausência de informações precisas.


— Isso acontece com todas aves desaparecidas e extintas. Sempre tem alguém que diz que encontrou em algum lugar. Fica como um folclore. Em muitos casos, a pessoa acredita de verdade ter visto, mas não há evidência concreta. Eu mesmo voltei ao Garrafão mais de 30 vezes depois e nunca mais encontrei — diz Pacheco, que acredita na hipótese de que uma doença tenha dizimado a população de tietês, além dos efeitos do desmatamento. — Tenho o lado otimista, que acha que ele pode ser encontrado. Mas também penso que há um exército de observadores equipados e ninguém foi capaz de fazer uma mísera imagem. Fico meio otimista e meio cético.

Acervo de museus

Por muito tempo, acreditava-se que o número de registros de espécimes empalhadas do tietê não passava dos 50 em museus internacionais. Ao lado dos ornitólogos Robson Silva, da Unesp, do suíço Manuel Schweizer e do inglês Guy Kirwan, Pacheco procurou centenas de museus mundo afora em busca dos registros. O resultado foi surpreendente, pois revelou uma quantidade maior do que se conhecia. Eles encontraram 104 espécimes, em 47 museus, a maioria na Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Suíça, e um no Brasil.


— É chocante se dar conta que ela era bem mais comum no século 19 do que a gente imaginava. É difícil interpretar como algo tão comum tenha sumido, é um grande enigma — afirma Pacheco.


A descoberta reanimou especialistas e observadores que se dedicam à “busca pelo Santo Graal”, como define o ornitólogo Luciano Lima. Através do Observatório de Aves do Instituto Butantã, ele organizou duas expedições em 2016 e 2017. O tietê não foi encontrado, mas o grupo achou outras aves identificadas pelos mesmos naturalistas europeus que o coletaram no século 19. Agora, ele deseja organizar uma nova expedição.


Lima acredita que a aparição em Teresópolis, no “vértice úmido” da Serra dos Órgãos, tenha sido ocasional, e que seu ambiente seja na verdade as florestas do chamado “vértice seco”: as costas da serra, onde ficam Duas Barras, São José do Vale do Rio Preto e parte de Friburgo, cidades mais próximas do Vale do Paraíba, em que houve muito desmatamento por causa das plantações de café.


— Ele ainda aguarda ser descoberto — afirma o esperançoso Luciano Lima. — O Brasil é o país da biodiversidade e a história dessa ave é super emblemática, porque não é uma perdida no meio da Amazônia remota. É um bicho a uma hora e meia da capital, se ainda existir, mas pode estar habitando um fragmento de mata que não é protegida e sumir de vez a qualquer momento.










E, relembrando, apresentamos abaixo a pagina do jornal ATUALIDADES ORNITOLÓGICAS  de Janeiro/Fevereiro de 2000. onde José Fernando Pacheco e Paulo Sergio Moreira da Fonseca, relatam a redescoberta da C alyptura cristata.


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