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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Última excursão de 2020 à Estrada de Sertão Velho.

Aproxima-se o fim de ano e nesses momentos, costuma se fazer uma avaliação dos trabalhos, sucessos e dificuldades do ano que se encerra. 2020 foi um ano impactado pela pandemia da Covid-19 impondo muitos obstáculos para o  desenvolvimento de nossas atividades. Então, algumas excursões que tínhamos planejado para outras regiões do país, tiveram que ser canceladas! Mas, optamos por não fazer uma revisão pontual do ano que está se findando. No lugar, preferimos relatar nossa ultima excursão, ressaltando aspectos importantes de uma importante área verde de floresta que possuímos perto de nossas casas!  Até o mês de julho, mais ou menos, ficamos confinados e quarentenados, quase não saindo de casa. Depois, redescobrimos nossas excursões à localidade de Sertão Velho, onde, pudemos praticar nosso esporte favorito mantendo e observando as instruções de proteção quanto ao Corona vírus. É um local onde podemos observar e apreciar a magnitude de nossa avifauna, sem precisar de se fazer aglomerações. Pudemos praticar nosso esporte mantendo o distanciamento tão necessário para proteção. Então, 2020, foi quase exclusivamente o ano de Sertão Velho, somente observamos aves nessa região e em outras áreas próximas como a Ilha do Boi ou o Parque Estadual de Setiba.

Dessa forma, dirigimo-nos ao local de Sertão Velho, na última sexta feira dia 19 de dezembro para aquela que seria a ultima excursão de birding de 2020.




A região é toda ocupada por matas, principalmente matas secundárias como capoeiras e capoeirões.




 No topo dos morros, encontramos matas inacessíveis, onde muitas vezes encontra-se a palmeira Jerivá Syagros romanzoffiana.


Estrada rural, no caminho até Sertão Velho.

Essa área florestal, bastante rica em biodiversidade, situa-se apenas há cerca de 35 Km. de Vitória, a capital do Estado. Compreende-se portanto, sua importância para a preservação da fauna e flora da região. A reserva foi fundada em meados do Século XX visando a preservação dos mananciais de água da cidade de Cariacica.


Aspecto da mata secundária, até  uma altitude de uns 300 metros. Esse capoeirão não se situa dentro da área da reserva, mas é vizinho. Ao lado, encontra-se a mata alta secundária, onde por várias vezes ( inclusive neste dia), registramos o Sabiá-pimenta ou Coxó, Carpornis melanocephala. Nesse lugar, também, durante o ano, vimos e ouvimos várias arapongas Procnias nudicollis vocalizando muito.




 Interior da mata secundária alta. A estrada margeia a reserva por uma boa extensão. Notar a altura das árvores, cerca de 25-30 metros. Nesse ambiente, encontramos a Mãe-da-lua parda, 
Nyctibius aethereus.



Exemplar de árvore grande, talvez um jequitibá,.

 

Nesses locais, durante o ano de 2020, fizemos importantes registros de aves raras, como a Choquinha chumbo Dysithamnus plumbeus. Depois de várias tentativas, finalmente conseguimos um primeiro registro desse Thamnophilidae que e uma ave pouco comum e exigiu muito para que conseguíssemos fotografa-la.

 

Também ficamos conhecendo nesses locais, outra choquinha de tamanho diminuto, a Choquinha pequena Myrmotherula minor. Para conseguir identifica-la e fotografar, tivemos de decorar os sons produzidos pela ave. Finalmente, teve um belo dia, que ela apareceu integrando um bando misto. E, além de seu tamanho pequeno, 9 cm., conseguimos identifica-la quando finalmente entoou seu canto característico dentro do bando misto!



A copa da arvore da figura anterior, que supomos ser um jequitibá


Outra ave muito importante dessa reserva é o Coxó, ou Sabiá pimenta. Carpornis melanocephala, ao lado; é um cotinga e, como tal, uma ave muito especial e ameaçada. Somente sobrevivem em matas altas da baixada litorânea. Não adentra as matas das serras da cordilheira marítima, e daí, se percebe que são poucos os lugares remanescentes onde podemos encontrar essa preciosidade. No Estado do Espirito Santo, ela só é encontrada aqui em Duas Bocas e nas reservas de Linhares e Sooretama. Destaque que conhecemos essa ave no lugar desde os idos de 1988.





A Ariramba de cauda ruiva, a Galbula ruficauda é ave comum e muitas vezes já registrada. Porém, não resistimos a fotografa-la mais uma vez devido sua graça e beleza!









A Fêmea da Choquinha-de flancos brancos Myrmotherula axillaris, é uma ave graciosa como todas as Myrmotherulas, mas muito ágil em suas excursões pela mata à procura de insetos. É ave comum, talvez a mais "fácil" das myhrmotherulas para se fotografar.

O Carpornis melanocephala em outra pose!

Na verdade, ele é bem difícil de se ver! Conseguimos essas fotos, porque sabemos os locais onde se esconde e tocamos sua voz no gravador!



Um dos Papa-formigas mais frequentes em matas extensas e altas é esse ai do lado. Na foto, a fêmea da Papa-Taoca-do Sul, Pyriglena leucoptera.
Essa espécie desaparece de matas pequenas, menores que 300 hectares! É um assíduo freguês das formigas de correição; aqui em nossa região, , das formigas legionárias (correição) ocorrem as espécies  Eciton burchelii e Labidus praedator.

Quando está seguindo as formigas de correição, a Pyriglena emite uma voz forte, alta e muito característica que ecoa pela mata.


Temos três espécies de Surucuás nas matas de Duas Bocas. Esse aí é o Surucuá de barriga amarela, Trogon rufus.
Aves muito bonitas e territoriais, são comuns na região. Para nidificar, utilizam-se de cupinzeiros arbóreos, onde escavam um túnel para por seus ovos.
O Beija-flor Thalurania glaucopis.

Fêmea do Tiê de bando, Habia rubica. Ave muito encontrada nesses locais que visitamos.

Percorrem a floresta em bandos e possuem um chamado forte e rascante. Os machos possuem uma coloração muito bonita, vermelho canela. São aves estritamente florestais..



Também nos interessamos por arvores frutíferas nativas ou não, que contribuem para a alimentação da fauna.

 

Essa árvore ao lado é uma Annonaceae, chegamos a coletar algumas frutas caídas e conseguimos muitas sementes para plantio.

A fruta é macia e doce, e a casca estava toda bicada pelas aves. Mas, pensamos que os mamíferos é que devem se interessar mais por essa fruta! Uma árvore de mais de 10 metros de altura.







As Imbaúbas, estão entre as arvores mais apreciadas pela nossa fauna para alimentação.

São verdadeiras "lanchonetes do mato"! E suas frutas, essas "bananinhas" pendentes, quando maduras, atraem tanto aves quanto mamíferos. Já vimos bandos de macacos Guaribas Alouatta, no alto das imbaúbas comendo suas frutas.

Essa arvore de folhas brancas, é a maior imbaúba de nossa região e talvez da floresta atlântica!

Trata-se da Imbaúba prateada, a Cecropia hololeuca, que fornece abundantes frutos para os bichos. Nas matas onde ocorre, fornecem uma tonalidade muito bonita com suas folhas brancas contrastando com o verde.
Folha de imbaúba.


As Melastomáceas também são muito abundantes e muito generosas com nossa fauna.

Quase todas possuem infrutescências que atraem bastantes nossas aves da mata.

Geralmente suas frutinhas, quando maduras, adquirem uma cor preta, o que chama muita atenção de saíras, sais, tangarás, píprideos,etc.
Nessa espécie, pode-se ver as frutinhas ainda verdes do arbusto.



Essas, são espécies de melastomáceas arbustivas. Mas são inúmeras as melastomáceas arbóreas em nossa região. Na subida da serra, podemos contemplar as belíssimas quaresmeiras, que nos meses de Março a Junho adquirem a cor roxa em grandes floradas.

Também são frequentes em nossa estrada, as canelas do gênero Lauraceae, das quais, inclusive chegamos a fazer algumas postagens sobre a alimentação que proporcionam às aves.
FOTOS DE ALGUMAS DAS AVES  MAIS EMPOLGANTES QUE VIMOS NA ESTRADA DE 

SERTÃO VELHO DURANTE  2020:


Choquinha-pequena   Myrmotherula minor.

Mãe-da-lua parda   Nyctibius aethereus.



Choquinha-chumbo  Dysithamnus plumbeus.

Araponga  Procnias nudicollis.




Patinho gigante  Platyrinchus leucoryphus.
E assim, amigas e amigos, encerramos nossa postagem de Natal sobre observação de aves em nossa região.

Muito obrigado a todas e todos que nos visitam e Feliz Natal.










quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Artigo : A NIDIFICAÇÃO DO TRICOLINO

 

 

A NIDIFICAÇÃO DO  TRICOLINO

 

 

 

Mario Francisco Candeias Dias*

Fabricio Vasconcelos Costa*

José Silvério Lemos*


* COA- Clube de observadores de aves do Espirito Santo.







 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

        

I – TRICOLINO (PSEUDOCOLOPTERVX SCLATERI)

O Tricolino Pseudocolopteryx sclateri (Oustalet, 1892) é uma ave da família Tyrannidae, que normalmente encontra-se associado a vegetação paludicola e de banhados. Trata-se de avezinha de pequeno tamanho, medindo comumente cerca de 9,5 cm. (http://www.wikiaves.com.br/tricolino) apresentando coloração próxima a muitos tiranídeos, com largar porção de amarelo em sua plumagem.




O Tricolino possui uma vasta distribuição no Brasil, mas não é ave abundante nos locais onde ocorre. Recentemente novos registros foram feitos, mostrando que sua área de distribuição é maior que a anotado anteriormente. Antes, pensava-se que a distribuição do Tricolino era restrita ao Brasil Oriental, do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul. Porém, em anos recentes a espécie foi encontrada também no interior do país, (p.ex. Minas Gerais em Lagoa da Prata, nas vegetações baixas próximas ao Rio São Francisco) e outros registros bem longe da área citada originalmente, como o Maranhão (2014) e Mato Grosso do Sul (2010).







        

Apesar de ser considerado pela IUCN com status de conservação "pouco preocupante", é importante salientar que não se trata de ave comum. Seu habitat, as vegetações baixas próximas a alagados e banhados, vem sendo suprimido em muitas localidades. Esse fato é uma ameaça para o futuro da espécie. O que por si só já justifica o estudo do comportamento dessa ave, bem como medidas para proteção dos banhados e alagados.

Este artigo apresenta dados e detalhes observados no acompanhamento de um ninho da espécie localizado no município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo. A região é uma área de restinga com alguns remanescentes florestais. O solo, típico desses cordões arenosos do Sudeste do Brasil é bastante arenoso. Tratando-se da baixada litorânea, existem muitos locais alagados com vegetação da Taboa Tipha domingensisAlguns casais foram observados habitando esses brejos de taboas. O trabalho acompanha desde o local escolhido pelo casal para construção do ninho, até a independência dos filhotes quando abandonam o ninho paterno. Dessa forma, dividimos por partes especificas para melhor compreensão do estudo :        

II – A CONSTRUÇÃO DO NINHO

O ninho objeto desses estudos, foi localizado em um tabual do lugar conhecido como Vale Encantado no município de Vila Velha neste estado do Espirito Santo. Foi localizado no meio da vegetação das taboas Tipha domingensis, a uma altura de 30 cm do solo. Na data de 19.7.2014, vimos a fêmea coletando material para o ninho. Esse material, geralmente seco, eram folhas de gramíneas e de arbustos encontrados no lugar. Em 26.7.2014, uma semana depois, o ninho já estava recebendo acabamento e nesse dia fotografamos a fêmea levando material de cola para o ninho. Após a confecção da pequena câmara do ninho, notamos que a fêmea cola o material de forma a que as paredes fiquem bem unidas. Observamos que apesar do trabalho de confecção do ninho ser prerrogativa da fêmea, o macho estava sempre por perto. No dia 27 de julho, fotografamos o ninho já pronto, antes da postura. O aspecto do ninho era de solidez e bem apoiado em uma das folhas da taboa caída na horizontal. O trabalho de colagem ficou muito bom com o ninho adquirindo um aspecto harmônico e compacto, bem diferente de alguns ninhos de tiranídeos, famosos pela aparência de desleixo, com pontas soltas de ramos do ninho. No ninho do tricolino, não houve essas “pontas soltas” e os raminhos ficaram colados e bem organizados. O resultado é que o ninho ganha um aspecto parecido aos ninhos de beija flores, mas tendo a câmara oólogica aberta e confortável. No dia 28.7.2014, observamos a postura do primeiro ovo. Nesse dia, após a postura, a fêmea saiu para procurar alimento antes de iniciar a incubação.,





 

        

 







IIl – A POSTURA E INCUBAÇÃO.

No dia 28 de julho de 2014, houve a postura do primeiro ovo do Tricolino no ninho. No dia 30 de julho, 48 horas depois, o segundo ovo foi gerado. A incubação dos ovos teve início logo após a postura do primeiro ovo. Nessa ocasião, antes de se iniciar a tarefa de incubar o primeiro ovo, a fêmea afastou-se em busca de alimento. Voltando depois e iniciando a incubação. Durante o período de choco, observamos que a ave fica bem enquadrada firmemente dentro do pequeno ninho, mantendo apenas a cauda fora, propiciando uma imagem da ave com o “rabo arrebitado” bem encaixado no pequeno ninho. Comparando-se o tamanho médio da ave, 9,5 cm. presumimos que o diâmetro do ninho do tricolino é de 5 a 5,5 cm. Os ovos medindo cerca de 1,4 x 3 cm. Ressaltamos que essas medidas são estimadas pela análise das imagens, uma vez que em nossa pesquisa procuramos não estressar a ave, evitando o manuseio dos ovos e do ninho. A eclosão dos ovos aconteceu no dia 13 para o dia 14 de agosto. Portanto, pode-se dizer que o período de incubação demorou cerca de 16 dias. Observamos apenas a fêmea realizando o trabalho de incubação. Os ovos do Tricolino são de cor branca com leve tonalidade rosácea. Observamos a ave incubando, na posição característica, sobre os ovos e com a cauda sobrando para fora do ninho. Nessas ocasiões, a ave dava mostras de se manter sempre atenta, virando os olhos para as várias direções. Talvez desconfiada com a presença de observadores por perto. Um detalhe interessante nesse ninho que acompanhamos é que sua altura no meio do tabual ficou a apenas cerca de 30 cm. da água. O que nos leva a temer em casos de nidificação em épocas muito chuvosas.



                                                                                             
                 






Durante a nidificação observamos a presença próxima de alguns predadores. Corujas buraqueiras, Athene cunicularia, estavam a uma pequena distância no areal. O gavião do banhado Circus buffoni, periodicamente sobrevoa o local dos pântanos.

Em 14.8.2014 observamos o nascimento dos filhotes. Muito pequeninos, foi difícil distingui-los no fundo do ninho. A cor dos filhotes era a mesma do fundo da câmara oólogica. No dia seguinte, porém, já tinham crescido e abriam o bico pedindo comida.






           







IV- ALIMENTAÇÃO DOS FILHOTES

No dia 19.8.2014 observamos o filhote abrindo o bico pedindo comida já alçando-se quase à altura da câmara oólogica.



    





Observamos sempre o mesmo indivíduo, a fêmea levando comida para os filhotes. Nessas ocasiões, sempre se mantinha empoleirada na borda do ninho e colocava a comida diretamente dentro da goela vermelha dos filhotes! Muitas vezes tratavam-se de pequenos insetos que não conseguimos identificar, mas em outras ocasiões levava pequenas lagartas verdes diretamente aos bicos dos ninhegos. Quando os filhotes estavam ainda muito pequenos, em várias ocasiões após a alimentação, a fêmea cobria-os no ninho. Observamos também, que a fêmea, cuidadosamente após a eclosão dos ovos, retirou as cascas dos ovos do ninho levando-as para longe.. 


Observamos que a dieta, constituída quase sempre de matéria orgânica, é variada. Muitas vezes a ave trazia no bico formigas, grilos, borboletas e libélulas para dar aos filhotes. No caso de uma borboleta, ela foi triturada com o bico e colocada diretamente na goela do filhote. No dia 24.8.2017 observa-se que os filhotes já possuem as penugens da cabeça em formação. No dia 26 de agosto os filhotes já estavam bem crescidos ao final da tarde. Amontoavam-se no ninho e quase sempre um deles ficava por cima. 


 



















V- CUIDADOS PARENTAIS

Os cuidados parentais foram exercidos por ambos os pais, mas a fêmea tinha mais disponibilidade. Inclusive, quando o macho estava no ninho, se afastava com a aproximação da fêmea. Detalhe interessante nos cuidados parentais sobre a limpeza do ninho, é com a retirada das fezes dos ninhegos. Com os filhotes ainda bem pequenos, suas fezes eram retiradas direto do reto da ave pelo adulto, com o bico. Nessas ocasiões, a ave produzia um minúsculo saco branco assemelhado a uma pupa de formigas que era retirado pelo adulto e levado para longe.

No dia 27 de agosto, os filhotes já não ficavam dentro do ninho. Ficaram empoleirados na sua beirada, muitas vezes junto com um dos pais. Estavam já bem crescidos, mas com as retrizes bem curtinhas, ainda enfatizando o aspecto de filhotes. No dia 28 de agosto, cerca de 30 dias após o início da incubação, os filhotes saíram em definitivo do ninho. Primeiro, ficavam nas beiradas e depois se aventuraram nas taboas próximas. Sempre se esgueirando, dando a sensação de cair a qualquer momento. O curioso é que o aspecto curto de suas caudas chama bastante atenção, indicando serem bebês recém-saídos do ninho. Nessa ocasião os pais estão sempre por perto, ajudando e educando os filhotes. No dia 29 já os vimos arriscando voos curtos, mas supervisionados pelos pais.




DISCUSSÃO\:

O Tricolino é uma pequena ave paludicola pertencente à família Elaeniinae, antes considerada como habitante dos banhados litorâneos, mas, depois de sua descoberta nos alagados do Rio São Francisco, também em Minas Geris. Habitante do varjão aberto, segundo SICK, na área pesquisada, a espécie pode ser considerada como comum, porém, não se encontra em todas formações brejosas do lugar. Não sabemos ainda, porque falta na maioria dos brejos de Tiphas dominguensis do litoral do Espirito Santo. Por exemplo, até esta data ainda não foi registrada no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, área protegida litorânea com extensos brejos com formações de tabuais da Tipha dominguensis.O nome inglês para o Tricolino é Crested doradito, segundo Ridgely & Tudor. Essa ave varia de incomum a raro em seus habitats. Segundo esses autores, são mais fáceis de ser encontrados em locais de mangues e pântanos. São geralmente pouco conspícuos, solitários ou em pares. Em nossas observações, nunca localizamos essas aves em mangues, mas sim na vegetação paludosa próxima a mangues ou de cursos d’água. A classificação dessa espécie pela IUCN como “Pouco preocupante” quanto a seu estado de conservação, coaduna com o que observamos em campo. Não se trata de espécie abundante, mas frequente em determinados locais específicos de seu habitat. Esse fato, mais uma vez mostra a carência de mais estudos sobre nossas aves, principalmente seus comportamentos e modos de vida! Tal fato pode ser ilustrado pelo pouco conhecimento que as populações próximas possuem sobre essa pequena ave.

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

RIDGELY, Robert S.; TUDOR, Guy. THE BIRDS OF SOUTH AMERICA VOL. II: The Suboscine passerines, University of Texas, 1994.

SICK, Helmut. ORNITOLOGIA BRASILEIRA, Rio de Janeiro, 2001, Editora Nova Fronteira.

http://www.wikiaves.com.br/wiki/tricolino[capturado em 25.11.2019, 18,55 hs. ]

 

 

  







quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Parasita em Colônia de Japus.

 O Japu Psarocolius decumanus, é, nas palavras de Eurico Santos, "Um imponente passarão de respeitável bico e imponente cauda amarela".



Japu voando recentemente nas matas da localidade de Sertão Velho, município de Cariacica, Estado do Espirito Santo, Brasil.








São aves da família Icteridae e possuem o curioso hábito de nidificarem em colônias, construindo ninhos em formato de bolsas que ficam pendentes nas árvores da mata. Essas bolsas podem ser longas, e, no caso do Psarocolius decumanus costumam ter quase ou até mais de 1 metro de comprimento.
Japus protagonizam um dos mais belos espetáculos de nossas matas, com suas colônias e a vibração que causam nas redondezas onde estão localizadas. Essa colônia da foto apresenta cerca de 30 ninhos e foi onde fizemos essas fotos, no dia 27-11-2020.







Conforme  já noticiamos aqui, outra ave, da mesma família Icteridae, famoso por se tratar de um parasita, costuma frequentar as colônias dos japus sem serem notados!. Nessa foto à esquerda, podemos observar uma fêmea de Molothrus oryzivorus, a Iraúna grande, bisbilhotando um dos ninhos do Japú. Ela não preda seus ovos ou filhotes, o que ela quer é depositar seu ovo lá dentro. Transferindo assim suas obrigações maternas para os japús.




Aqui à esquerda, o macho desse predador tão astuto. o Molothrus oryzivorus.

Inclusive, esse individuo, foi fotografado na mesma região de Sertão Velho.








É incrível que os Japus não incomodam essas fêmeas das Iraúnas! As fêmeas chegam a inspecionar vários ninhos escolhendo o que mais lhe agradar para por seus ovos!
Não se sabe qual o principal efeito nocivo dessa predação. Imaginamos que alguns filhotes dos Japus devem ser sacrificados para que seu primo intruso possa ser alimentado e  crescer saudável.

Esse é mais um flagrante curioso do mundo das aves em nossa região e publicamos aqui para conhecimento das pessoas.


Obrigado amigas e amigos que nos visitam!!