Aproxima-se o fim de ano e nesses momentos, costuma se fazer uma avaliação dos trabalhos, sucessos e dificuldades do ano que se encerra. 2020 foi um ano impactado pela pandemia da Covid-19 impondo muitos obstáculos para o desenvolvimento de nossas atividades. Então, algumas excursões que tínhamos planejado para outras regiões do país, tiveram que ser canceladas! Mas, optamos por não fazer uma revisão pontual do ano que está se findando. No lugar, preferimos relatar nossa ultima excursão, ressaltando aspectos importantes de uma importante área verde de floresta que possuímos perto de nossas casas! Até o mês de julho, mais ou menos, ficamos confinados e quarentenados, quase não saindo de casa. Depois, redescobrimos nossas excursões à localidade de Sertão Velho, onde, pudemos praticar nosso esporte favorito mantendo e observando as instruções de proteção quanto ao Corona vírus. É um local onde podemos observar e apreciar a magnitude de nossa avifauna, sem precisar de se fazer aglomerações. Pudemos praticar nosso esporte mantendo o distanciamento tão necessário para proteção. Então, 2020, foi quase exclusivamente o ano de Sertão Velho, somente observamos aves nessa região e em outras áreas próximas como a Ilha do Boi ou o Parque Estadual de Setiba.
Dessa forma, dirigimo-nos ao local de Sertão Velho, na última sexta
feira dia 19 de dezembro para aquela que seria a ultima excursão de birding
de 2020.
A região é toda ocupada por matas, principalmente matas
secundárias como capoeiras e capoeirões.
Essa área florestal, bastante rica em biodiversidade, situa-se
apenas há cerca de 35 Km. de Vitória, a capital do Estado. Compreende-se
portanto, sua importância para a preservação da fauna e flora da região. A
reserva foi fundada em meados do Século XX visando a preservação dos mananciais
de água da cidade de Cariacica.
Aspecto da mata secundária, até uma
altitude de uns 300 metros. Esse capoeirão não se situa dentro da área da
reserva, mas é vizinho. Ao lado, encontra-se a mata alta secundária, onde por
várias vezes ( inclusive neste dia), registramos o Sabiá-pimenta ou Coxó, Carpornis melanocephala. Nesse lugar, também, durante o ano, vimos e
ouvimos várias arapongas Procnias nudicollis vocalizando muito.
Interior da mata secundária alta. A estrada margeia a reserva por uma boa extensão. Notar a altura das árvores, cerca de 25-30 metros. Nesse ambiente, encontramos a Mãe-da-lua parda, Nyctibius aethereus.
Exemplar
de árvore grande, talvez um jequitibá,.
Nesses
locais, durante o ano de 2020, fizemos importantes registros de aves raras,
como a Choquinha chumbo Dysithamnus plumbeus. Depois de várias
tentativas, finalmente conseguimos um primeiro registro desse Thamnophilidae
que e uma ave pouco comum e exigiu muito para que conseguíssemos fotografa-la.
Também
ficamos conhecendo nesses locais, outra choquinha de tamanho diminuto, a
Choquinha pequena Myrmotherula minor. Para conseguir
identifica-la e fotografar, tivemos de decorar os sons produzidos pela ave.
Finalmente, teve um belo dia, que ela apareceu integrando um bando misto. E,
além de seu tamanho pequeno, 9 cm., conseguimos identifica-la quando finalmente
entoou seu canto característico dentro do bando misto!
Outra ave
muito importante dessa reserva é o Coxó, ou Sabiá pimenta. Carpornis melanocephala, ao lado; é um cotinga e, como tal, uma ave muito
especial e ameaçada. Somente sobrevivem em matas altas da baixada litorânea.
Não adentra as matas das serras da cordilheira marítima, e daí, se percebe que
são poucos os lugares remanescentes onde podemos encontrar essa preciosidade.
No Estado do Espirito Santo, ela só é encontrada aqui em Duas Bocas e nas
reservas de Linhares e Sooretama. Destaque que conhecemos essa ave no lugar
desde os idos de 1988.
A Ariramba de
cauda ruiva, a Galbula ruficauda é ave comum e muitas vezes já registrada.
Porém, não resistimos a fotografa-la mais uma vez devido sua graça e beleza!
A Fêmea da
Choquinha-de flancos brancos Myrmotherula axillaris, é uma ave graciosa como todas as Myrmotherulas, mas muito ágil em suas excursões pela mata à
procura de insetos. É ave comum, talvez a mais "fácil" das
myhrmotherulas para se fotografar.
Na verdade,
ele é bem difícil de se ver! Conseguimos essas fotos, porque sabemos os locais
onde se esconde e tocamos sua voz no gravador!
Percorrem a
floresta em bandos e possuem um chamado forte e rascante. Os machos possuem uma
coloração muito bonita, vermelho canela. São aves estritamente florestais..
Também nos interessamos por arvores frutíferas nativas ou não, que
contribuem para a alimentação da fauna.
Essa árvore ao lado é uma Annonaceae, chegamos a coletar
algumas frutas caídas e conseguimos muitas sementes para plantio.
A fruta é macia e doce, e a casca estava toda bicada pelas aves. Mas,
pensamos que os mamíferos é que devem se interessar mais por essa fruta! Uma
árvore de mais de 10 metros de altura.
Excelente relato grande mestre José Silvério! Muito obrigado pela oportunidade que tive de acompanhá-los em uma dessas incursões!
ResponderExcluirUm excelente final de ano e um próspero 2021.
Obrigado Luiz! Que tenhamos em 2021 melhores dias!
ExcluirSimplesmente,perfeito,aleluia a vocês e a natureza de nosso maravilhoso país
ResponderExcluirObrigado!
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