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segunda-feira, 10 de junho de 2019

PERSONAGEM DO DIA: O BACURAUZINHO DA CAATINGA.


A  Caatinga é a denominação usual que se dá à vegetação semi-árida do Nordeste do Brasil. Foi lá, que foi registrada pela primeira vez, em 1825 por Vigors, a espécie que viria a ser conhecida  como  o "Bacurauzinho da caatinga". Nyctidromus hirundinaceus, de fato, aprecia os campos de vegetação baixa, com solo pedregoso e seco. A palavra Caatinga, é oriunda da língua indígena Tupi e significa "mata branca", ou seja, uma mata rala.

Posteriormente foi descoberto que esse Bacurauzinho não é exclusivo da Caatinga, existindo até mais ao sul, em regiões já sob o domínio de clima mais úmido como na Mata Atlântica. Mas, manteve-se fiel aos locais onde gosta de ficar e se sente bem: locais secos, e pedregosos sob rochas, muitas vezes ao lado de vegetação de cactos, aliás, como é comum na caatinga. Nesses locais, no chão, sua camuflagem fica quase perfeita. O caminhante distraído corre o risco de atropelar uma dessas avezinhas. Antes mesmo do anoitecer essa ave já começa suas atividades, voando erraticamente de um lado a outro.

No dia de ontem, domingo 9 de junho, o COA/ES Clube de Observadores de Aves do Estado do Espirito Santo organizou um lindo evento de confraternização entre seus membros e tivemos a oportunidade de encontrar esse bacurau mais uma vez. Já o tínhamos registrado na Serra dos Três Pontões, município de Afonso Cláudio neste Estado. O Bacurauzinho foi mesmo, O Personagem do dia, para muitos birders novatos que não o conheciam!


Os registros do município de Afonso Cláudio neste estado do Esp. Santo, provavelmente são os registros mais austrais da espécie, até o momento. Nessa foto, ao lado, observar que, aparentemente a ave mudou a cor de sua plumagem. estando aqui mais escura que as fotos abaixo!


















Ao se espantar o Bacurauzinho sempre voa para próximo e termina por voltar ao local de origem.













 A camuflagem desse hirundinaceus dificulta muito o caminhante conseguir vê-lo. O curioso é que sob o substrato mais escuro, sua plumagem também fica mais escura e sob o substrato mais claro como nesses fotos, adquire essa coloração mais clara!

Aparentemente, apesar de habitar locais restritos conforme suas preferências, esse Bacurauzinho não está ameaçado de extinção! Ontem pudemos ver nessas rochas, uns três indivíduos e isso antes do meio dia!












Segundo o Wiki Aves ( http://www.wikiaves.com.br/wiki/bacurauzinho-da-caatinga) , um dado interessante sobre a alimentação desse bacurauzinho, é que ele voa com a boca aberta, assim, capturando grande quantidade de insetos sem muito esforço!.




Sua plumagem é muito bonita, com as típicas manchas brancas nas asas, visíveis quando voa.











MUITO OBRIGADO AMIGAS E AMIGOS VISITANTES!





sábado, 8 de junho de 2019

PASSARINHADA NO RIO DOCE.



PASSARINHADA NO RIO DOCE, ES, BRASIL.

Pyrrhura cruentata, a Tiriba-Grande, ameaçada:  VU.




O  Rio Doce possui 853 Km. de extensão, desde o interior de Minas Gerais até sua foz em Regência, município de Linhares, ES. No passado suas florestas eram famosas pela exuberância e riqueza faunística. Para os ornitólogos, sua bacia é de grande importância pois marca uma dos territórios mais importantes para nossa fauna, a região dos tabuleiros do leste do Brasil. Essa região, da baixada litorânea, que se estende até o sul da Bahia é o domínio da Floresta Atlântica dos tabuleiros, com grande semelhança da flora e faunística com a Floresta Amazônica. As maiores reservas florestais do Estado do Espirito Santo localizam-se nessa região, as Reservas de Sooretama e a da Vale. Nas proximidades existem algumas RPPN como a Fazenda Cupido e outras.  Nossa passarinhada foi em uma área de matas secundárias que margeiam o Rio Doce, as matas de “cabruca”, que são plantações de cacau sombreadas. As arvores maiores, remanescentes da floresta original foram mantidas para sombrear as arvores dos cacaueiros. Esse método de cultivo, comumente chamado de “cabruca”, dessa forma proporcionou uma manutenção parcial da floresta, sendo, entretanto, a única forma de cultivo agropecuário no Brasil que preservou parte da mata. Para o cultivo do cacau, os fazendeiros retiraram o sub-bosque da mata e mantiveram seu dossel. É comum observar nessas matas, exemplares de jequitibás-rosa, cedros, figueiras, sapucaias e outras árvores de porte majestoso, remanescentes da mata original.

A mata original, primária, encontra-se dentro das reservas retro citadas, Sooretama e Vale. Formam um bloco vegetal compacto de uns 50.000 hectares, se forem adicionadas matas particulares do entorno como a Fazenda Cupido. Esse bloco magnifico é riquíssimo em aves conforme já vimos em várias ocasiões. Algumas espécies notáveis são encontradas nesse bloco, e citamos algumas apenas a título de ilustração: o Cricrió Lipaugus vociferans, a Harpia Harpia harpyja, o Urutau-de-asa-branca Nyctibius leucopterus. No meio de uma avifauna muito rica, citamos apenas três. Então, vem a curiosidade: quais dessas espécies da mata original ainda habitariam a mata alterada da cabruca do Rio Doce?  Não temos a pretensão de responder a esse questionamento tão complexo, mas, uma das finalidades de nossa excursão era em uma pequena parte, respondermos a essa pergunta. E voltaremos em Julho para completar nossa pesquisa.

Antes de começar a falar sobre nossa excursão, vamos nos lembrar da tragédia ambiental ocorrida em novembro de 2015 e da qual, a bacia do Rio Doce ainda não se recuperou. Entretanto, somos otimistas e ficamos encantados com a beleza do rio e a aparente limpeza de suas águas. A recuperação pode já ter começado.

Localização do Espirito Santo no Brasil.
Localização das áreas de observação dentro do Estado do ES. Fizemos um comparativo da distância entre as matas do Rio Doce e o grande bloco florestal das reservas Sooretama/Vale, mais ao norte.




Pelo menos em uma pequena parte, conseguimos responder nossa pergunta de Observador de Aves. Localizamos duas espécies de Psitacídeos vivendo muito bem dentro dessa área de matas secundárias. Matas estas, que é bom lembrar, estão sendo exploradas economicamente com a cultura do Cacau. Essas duas espécies de aves, são consideradas como ameaçadas pois dependem muito da manutenção da vegetação florestal da mata atlântica para sua sobrevivência.


O Rio Doce  foi quase totalmente poluído com a tragédia de Mariana em novembro de 2015, mas já apresenta melhoras. Notar o aspecto de suas águas, já mais limpas. Fomos informados que muitos peixes já estão reaparecendo.

















A estrada de terra até a localidade de Povoação, tem 35 Km de extensão percorrendo a região de plantio do cacau sombreado chamado de "cabruca".
 Aspecto da vegetação ribeirinha. As árvores ficam engrinaldadas pela bromelia conhecida como barba de velho. Muito frequente em nossas matas, principalmente em locais húmidos.


Um exemplar jovem do Jequitibá rosa Cariniana legalis.


























Pyrrhura leucotis, a Tiriba de orelha branca é endêmica do Brasil, na região de matas atlânticas da Bahia até o Rio de Janeiro. É considerada como NT - nova ameaçada pelo IUCN. Portanto, é uma espécie sensível ao desmatamento. Sua ocorrência em matas secundárias como essas das margens do rio Doce é auspiciosa para a preservação da espécie.

Chegamos a registrar um bando de tamanho grande, cerca de 20 indivíduos dessa tiriba.











 Pyrrhura cruentata é outra Tiriba do Rio Doce, ameaçada de extinção. Está na categoria de  VU da IUCN, mais ameaçada ainda que a Tiriba de orelha branca e para nossa sorte. pudemos ver 03 (três) bandos dessa tiriba em nossa excursão. O primeiro bando de 4 exemplares e mais dois bandos grandes, de uns 20 ou 30 indivíduos.


Tentamos, mas não foi possível mostrar todas Tiribas grande Pyrrhura cruentata da árvore nessa foto!





Impressionante a abundancia dos Psitacídeos do Rio Doce! Registramos em apenas um dia as seguintes espécies: 
1- Papagaio Chauá, Amazona rodocorytha.
2- Papagaio Curica, Amazona amazônica.
3- Papagaio moleiro, Amazona farinosa
4- Tiriba grande, Pyrrhura cruentata.
5- Tiriba-de-orelha-branca, Pyrrhura leucotis.
6- Maitaca-de-barriga-azul, Pionus reichenowi.
7- Periquitão-maracanã, Psittacara leucophthalmus.
8- Periquito-Rei, Eupsittula aurea.
9- Periquito-rico, Brotogeris tirica

Comprovando tal fato, uma foto que mostra a incrível abundancia de um desses psitácidas, no caso, o Periquito-rei:

Muito  obrigado aos amigos e amigas que nos visitam!
José Silvério Lemos.














domingo, 2 de junho de 2019

ENCONTRO COM O GAVIÃO-PATO!


Durante o BIG  DAY  2019, NA RNV- Reserva Natural da Vale, no município de Linhares neste Estado, tivemos o privilégio de observar um individuo de Gavião Pato, Spizaetus melanoleucus, planando baixo sobre a floresta. Durante muito tempo, esse Gavião foi dado como ameaçado de extinção. O próprio SICK, na Ornitologia Brasileira, informa  sua ocorrência no “Brasil em ocorrências esparsas, sendo encontrado inclusive no sul do país”. Com o crescimento da plataforma WIKI AVES, (www.wikiaves.com.br), verificou-se que esse Gavião era menos raro do que se imaginava. Não se encontra seriamente ameaçado, sua raridade é um fato natural. Temos observado que entre os gaviões de penacho, as “águias americanas” citadas por SICK, o Gavião Pato é o segundo mais encontradiço, logo depois do Gavião Pega-macaco, Spizaetus tyrannus. O Gavião pato, dentro do grupo dos gaviões de penacho, é o menor deles. Comumente mede cerca de até 61 cm e pesa até 800 gramas.  . O WA  fala que mede entre 51-61, Cm pensando entre 700 a 800 gramas .Destaca-se que a fêmea nessa espécie, é bem maior que o macho. O que pode indicar tratar-se de espécie bem agressiva.








Seu comportamento de caça é um verdadeiro espetáculo da natureza. Já tivemos oportunidade de acompanhar essa atividade na localidade de Chaves, município de Santa Leopoldina neste estado do Espirito Santo. Aproveitando as correntes térmicas, a ave inicia um voo lateral em forma de círculos largos que vão subindo gradativamente até alcançar grande altura. Então, lá de cima, deixa-se despencar encima das copas da mata, onde pode surpreender alguma presa. O desenho de seu corpo, indica não ser ave do interior da mata, antes um planador com boa capacidade de caçar. Suas asas largas e compridas assemelham-se às asas de urubus com primárias abertas. Porém, sua cauda longa mostra que também pode efetuar manobras em vegetação fechada. Esse formato pode favorece-lo nos locais onde habita. Normalmente na .beira de matas.

Vimos relatar o registro dessa belíssima águia, sendo perseguida por um individuo do Gavião- Urubu,  Buteo albonotatus,   nos ares da Reserva da Vale:





Aparentemente, as aves se ignoravam.





subitamente o Gavião urubu iniciou o ataque contra o Spizaetus.

















Depois de algum tempo, as aves se afastaram, terminando o desentendimento,











Muito obrigado, amigos e amigas que nos visitam!!