Japus são aves florestais, espalhafatosas, que viajam pela floresta alta em grupos. São aves onívoras,se alimentam de tudo que encontram pela frente: frutas, insetos,etc. São os representantes da família ICTERIDAE, conhecidos como os "icterídeos grandes", oscines exclusivos do continente americano. Das partes tropicais e subtropicais da América.
O Japu Psarocolius decumanus, fotografado em Chaves, Santa Leopoldina, ES.
Habitam a mata e voam pesadamente. Japus ocorrem no continente americano, desde o Panamá até o norte da Argentina na província de Missiones, onde, entretanto, encontra-se bastante escasso. Estão entre os maiores passeriformes do continente. Os machos são maiores que as fêmeas e no caso do P.decumanus, o macho atinge cerca de 48 cm. Aves gregárias, japus "dão logo na vista" onde se encontram, devido primeiro a seu porte avantajado, mas também graças a seu comportamento muito gregário e ao barulho que produzem na mata.
A Espécie mais comum, com maior distribuição geográfica, e maior facilidade de visualização e registro é sem dúvida o Japu P. decumanus. Chamado simplesmente de "japu", também tem os apelidos de "Japu-gamela" (Bahia) "Fura-banana" (Minas Gerais) "João-Congo (Goiás e MT). Também el alguns locais atende pelos apelidos de "Rei-congo" e "Japu-Guaçu". Praticamente ocorre no Brasil todo, com excessão do Rio Grande do Sul e da parte mais agreste do Nordeste:
DISTRIBUIÇÃO DO JAPÚ Psarocolius decumanus
Registros segundo o WIKIAVES: http://www.wikiaves.com.br/japu
Esse japu não está ameaçado de extinção e pode ser encontrado facilmente em florestas tanto secundárias quanto primárias. Porém, notamos que é bem mais frequente em matas secundárias. Aqui no ES, notamos que a ave tem especial predileção pelas matas de encostas serranas. Nesses locais costumam pendurar seus ninhos em colônias. Algumas bem grandes, com 30-40 ninhos que ficam balançando ao vento.
Ver uma árvore altaneira tomada pelos ninhos de japus, as longas bolsas que a ave usa para nidificar, é um dos espetáculos mais bonitos de nossas matas. Esses ninhos, algumas vezes, possuem um metro de comprimento! Geralmente a ave costuma fazer três posturas de 2 ovos por temporada reprodutiva que tem inicio geralmente em Agosto e indo até Dezembro/Janeiro. Outro lindo espetáculo proporcionado pelos japus, é á tardinha, pouco antes do anoitecer, quando o grupo, sob o comando de um líder alça voo alto em direção ao local de dormida, o pouso coletivo. Nessas ocasiões podemos ver de binóculo, bem no alto as penas amarelas da cauda dos japus se destacando!
Uma colônia pequena com ninhos do P. decumanus fotografada na encosta da Res. Florestal de Duas Bocas, município de Cariacica-ES.
Mesmos sendo uma ave florestal, o Japu muitas vezes é encontrado em locais de capoeiras ralas. Gosta de florestas altas mas ocorre em regiões de cerrado, com matas mais baixas. Pelo mapa de distribuição dos registros do WikiAves pode se perceber que é ave com muitos registros e bastante frequentes.
A beleza do Japu voando.
O Japu atrai logo a atenção devido a seu tamanho e sua longa cauda amarela que caracteriza todas espécies de japus.
Detalhe importante é que não são caçados e nem costumam ser engaiolados como "cage-birds".
Uma colônia pequena de Japus, em Chaves, município de Santa Leopoldina no ES. Essas aves gostam muito de usar os palmitos e outras Palmae para pendurar seus ninhos.
O Japu chaga a habitar dentro ou na periferia de algumas cidades grandes. É o caso, p.ex. de Manaus no Amazonas onde é considerada como uma ave urbana. Mas já vimos colonia de japus também no campus da UFMG em Belo Horizonte-MG e é registrado também em Fortaleza-CE.
Individuo registrado em Sobreiro, mun. Laranja da Terra, em região de capoeiras e poucas matas secundárias.
Já o Japu-pardo Psarocolius angustifrons é uma espécie Amazônica registrada na parte ocidental da Amazônia. Até o momento não temos registro para o Pará, apenas Amazonas e Acre.
Mapa de distribuição de registros de P. angustifrons segundo o Wiki Aves.
Observar que a distribuição do Japu-Pardo é bem mais restrita que o P. decumanus. Conhecemos o Japu pardo recentemente, em Março de 2017 quando de nossa excursão à Amazônia. Registramos a espécie em vários locais, sempre próxima a margens de grandes rios. Parece ser espécie menos abundante que o Japu comum.
Colônia de Japus pardos fotografada em 27-3-2017 no município de Iranduba-AM. Achamos curioso que a ave ainda encontrava-se com filhotes no final do mês de março.
Também observamos que esse Japu pardo é bem mais dependente da mata que o japu comum. Ele até pode construir uma colônia na borda da mata, mas sua vida está intimamente ligada à mata, onde tem suas atividades sociais e onde forrageia.
Individuo levando comida para os filhotes em Iranduba. 27-3-2017.
Repetindo os hábitos do decumanus, o angustifrons também aprecia colocar colônias pequenas de ninhos em árvores de palmito. Essa colônia abaixo mostra os ninhos pendurados nas pínulas da palmeira. Notar que os ninhos do pardo são menos compridos que o decumanus. Inclusive o pardo é menor em tamanho, com os machos alcançando 43 cm., portanto 5 cm. menos que o japu comum.
Individuo de Japu pardo pousada em uma imbaúba na localidade de Iranduba-AM em Março de 2017.
Ambas as espécies possuem vocalizações melodiosas e altissonantes. Mas a voz do pardo é mais firme e alta. Porém, a vocalização do decumanus é mais harmoniosa e musical.
Essa comparação tem o intuito apenas de ressaltar aspectos curiosos das duas espécies. Sabemos que é impossível comparar espécies diferentes, mesmo que pertencentes à mesma família e com muitas similitudes como é o caso dos Japus. O Birder encontra nesses detalhes e comparações, um passatempo agradável e que o leva a pesquisar detalhes da biologia das espécies. Isso pode levar a um aumento do conhecimento da ave estudada, mais tarde incorporados por biólogos e outros especialistas.
Quanto ao aspecto conservacionista, entendemos que o P. decumanus está menos ameaçado que seu primo P. angustifrons! Evidentemente, e ainda bem, que nenhuma das duas espécies corre perigo de extinção, mas a situação do decumanus é melhor. É mais abundante, tem área de distribuição muito maior, parece ser mais adaptável a alterações antrópicas na mata e em seu entorno. Já se sabe que o Japu comum, talvez por ser mais bem estudado, faz três posturas por ano. Não sabemos ainda, qual a situação do Japu pardo. Imaginamos que deve, também, fazer duas ou três posturas. Corrobora com isso o fato de termos encontrado a espécie no final de março ainda nidificando e com filhotes em seus ninhos de bolsa!
AGRADECEMOS AS PESSOAS QUE NOS HONRAM COM SUAS VISITAS!