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terça-feira, 26 de abril de 2022

Passeio de birding na Ilha do Boi, Vitória.

 No fim de semana pp. com vários feriados, realizamos nova "passarinhada" na Ilha do Boi aqui em Vitória, ÉS. Trata-se de local já muito visitado e com várias referências aqui neste blog. É um típico passeio apreciado por qualquer birder: uma caminhada com binóculo e máquina fotográfica para registrar as aves, sem pretensão de registros incríveis e difíceis!



 
O local é muito bonito e muito agradável para se passear. A proximidade com o mar faz com que várias espécies marinhas sejam vistas, apesar de há bastante tempo não registrarmos alguma espécie "nova", isto é, alguma novidade para o lugar.





 Logo na chegada fomos saudados por muitos Tesourões! As Fregata magnificens rondavam a região, realizando belos voos coletivos mas a grande altura.







 Também os Gaivotões, Larus dominicanus se apresentaram. São numerosos aqui nas proximidades do porto de Tubarão. O curioso é que Vitória, no paralelo 20 graus sul, é o posto mais avançado ao norte da ocorrência dessas gaivotas na costa brasileira.










Também os Trinta réis estavam ativos. Esse aí, é o comum Trinta réis de bando, Thalasseus acuflavidus.
Mas já registramos comumente vários outros Trinta réis aqui em Vix., sendo que o Trinta réis real e o Trinta réis de bico vermelho também são frequentes.











A ave encontrada com mais certeza na Ilha do Boi é essa, o ´Piru-piru, Haematopus palliatus, ave que ocorre desde a América do Norte e em toda a costa brasileira.
 O nome popular "piru-piru" advém de sua vocalização, sendo portanto, onomatopaico. 

Na ilha do Boi, encontra-se uma colônia de bom tamanho, umas 50 aves que posicionam-se nas pedras em frente ao mar, onde capturam sururus, pequenos caranguejos e outros animalejos que habitam essa zona.








 Outro personagem muito conhecido e visto sempre nas mesmas pedras é a Batuíra de bando, Charadrius semipalmatus. Alimenta-se dos mesmos pequenos seres encontrados nas pedras e estão frequentemente deslocando-se entre a zona das marés.










Maçaricos são aves  migratórias, que viajam do hemisfério norte até o hemisfério sul, até as proximidades da Antártida. Vitória é um interessante pouso dessas aves em sua longa viagem.

O Maçarico pintado, Actitis macularius, é um hospede assíduo da Ilha do Boi, onde permanece desde a primavera até o fim do outono.

Já comentamos que esse maçarico é o "primeiro que chega e o ultimo a ir embora" das aves migrantes que fazem pousada na ilha.

Alimenta-se nas pedras comendo pequenos caranguejos, vermes, vasculham cavidades, cracas e a vegetação da maré.





Conhecida como "vira-pedras", Arenaria interpres, é uma ave, também, frequente na ilha. Também é uma ave migratória e apesar dessa informação, sempre desconfiamos que ocorre o ano todo em Vitória, tal é sua exposição na ilha. Alimentação variada de crustáceos, caranguejos, peixes, etc. Registrada em toda a costa brasileira.




O Sabiá-da-praia, Mimus gilvus,  é uma ave litorânea, que habita a costa brasileira até o estado do Rio de Janeiro. É  comum e muito vocal, com belíssimos cantos na época de reprodução.

Essa ave adora a vegetação de restinga, onde pousa sobre os cactos par vocalizar e observar ao redor.




 O Quero-quero, Vanellus chilensis é uma das aves mais comuns e fáceis de serem vistas aqui no Brasil. Normalmente ficam pousados em campos abertos e vocalizam bastante. Na época de reprodução chegam a atacar quem se aproximar de seu ninho, feito no solo. Esse individuo descansava sobre as pedras. É uma ave onívora com alimentação muito variada.




Esse foi um relato de uma observação de aves despretensiosa, sem intenção de registros difíceis  ou lifers, feita apenas para distração nesse esporte maravilhoso que é a OBSERVAÇÃO DE AVES!

Muito obrigado, Amigas e amigos que nos visitam!!











sábado, 23 de abril de 2022

Encontro com o Trinta réis boreal, Sterna hirundo.

 Sterna hirundo, o Trinta-réis boreal, é uma ave migratória, que durante o inverno no hemisfério norte migra para o Sul, sendo encontrado no Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Sua distribuição, seja como residente ou migratório, alcança quase todo o globo. Em nosso país é uma espécie que pode ser encontrada com frequência em todo o litoral durante suas migrações. Também chega a lugares no interior do país, sendo, porém, bem mais raramente. É uma espécie, que como seus congêneres, alimenta-se principalmente de peixes que captura em mergulhos sobre as águas, mas, também pode se alimentar de insetos, pequenos caranguejos ou outros animais encontrados próximos à aguas.



Individuo que registramos pousado nessa boia na foz do Rio Piraquê-Açu, município de Aracruz, neste Estado do Espirito Santo.


Essa espécie, apesar de ser frequentemente avistada durante suas excursões, não é considerada como abundante. Segundo o site WA, na Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, a espécie é bastante comum, mas em nossos registros aqui no Espirito Santo, sempre encontramos apenas um individuo. E esse, fica parecendo até um pouco "meio perdido" no meio ou nas proximidades de outros trinta réis, mais abundantes.

Mesmo com nossa aproximação, de barco, o individuo não se intimidou. Permaneceu pousado calmamente nos acompanhando com o olhar.








Individuo solitário encontrado em Vitória, Dezembro de 2015, nas proximidades do píer de Iemanjá.











Voando na praia de Camburi em Vitória, ES, em Setembro de 2015.

Acompanhava outros Trinta-réis bem mais comuns aqui e ou residentes como os trinta réis de bando Thalasseus acuflavidus, ou o Trinta réis de bico vermelho, Sterna hirundinacea.





Como observador de aves, confesso minha alegria ao identificar uma ave que percorre tão grandes distâncias! É uma satisfação descobrir e identificar um trinta-réis dessa espécie, normalmente solitária, aqui no ES, em meio aos bandos dos "colegas" residentes em nossas ilhas como os já citados Trinta réis de bico vermelho e Trinta réis de bando. Lembrando que também tempos por aqui o Trinta-réis real, Thalasseus maximus.

Mas, muito parecido quanto à plumagem de descanso reprodutivo, mas bem mais raro, aqui no Brasil,  é o Trinta-réis ártico, Sterna paradisaea, espécie também migrante de longo curso que já registramos aqui em Vitória. Também apenas um individuo, "perdido" ou talvez melhor dizendo, "acolhido" em uma colônia maior de Trinta réis de bando:


Essa foto foi feita em junho de 2014 e mostra o Trinta réis ártico pousado próximo aos Trinta réis de bando.

Esses dois trinta-réis, boreal e ártico, foram fotografados em suas migrações, durante seus períodos de descanso reprodutivo. Na época de reprodução, a plumagem dessas aves ganha algumas diferenças, inclusive com o bico adquirindo cor vermelha na ponta.!!

Agradecemos às pessoas que nos visitam!!














domingo, 3 de abril de 2022

Aratinga de testa azul, perdido em Vitória.

 A atividade de observação de aves nos confronta, algumas vezes, com situações incomuns relativas às aves e sua localização. Já observamos aqui dentro de Vitória, no bairro de Jardim da Penha, onde residimos, espécies de psitacidae exóticos, aparentemente adaptados à vida na capital.


A cidade, com mais de um milhão de habitantes, ainda conta com muitas áreas verdes como o Parque Estadual  Parque da Fonte Grande e o Parque da Vale.


Porém, temos notado esses aparecimentos ocorrem é dentro dos bairros arborizados da cidade como em Jardim da Penha. Tal foi o caso do Periquito Rabijunco, Psittacula krameri. Durante um bom tempo em 2021 esse periquito exótico, oriundo da África e Ásia, nos visitou regularmente. Ficamos preocupados com a sobrevivência desse periquito, pois aqui nessas paragens, temos alguns falcões e gaviões muito ativos!

Mas agora, um novo visitante apareceu. Nem sei se podemos chama-lo de exótico, visto que é brasileiro, habitante de vários estados do país.:


Área de registros da Aratinga de testa azul, Thectocercus acuticaudatus. Imagem retirada do site www.wikiaves.com.br

A distância entre o local mais próximo a Vitória é de cerca de 800 Km.

O Individuo visto por nós, certamente trata-se de individuo fugido de cativeiro.




O individuo de Thectocercus acuticaudatus, solitário, pousado no cimo de uma árvore de Sibipiruna, Caesalpinia pluviosa, arvore nativa muito vistosa e  utilizada na arborização urbana.































A ave se alimentando dos flores da Sibipiruna.

Esse individuo, fugido de cativeiro, encontra muita alimentação na vegetação do bairro. Além das Sibipirunas que estão floridas, algumas espécies frugivoras também estão frutificando como a figueira e outras leguminosas.









Thectocercus acuticaudatus não é uma espécie ameaçada de extinção. Aparentemente existem boas populações nas suas regiões, e é categorizada pela IUCN na classe LC, pouco preocupante. Ainda assim, não podemos deixar de perceber, mais uma vez, e, de novo comentar, o quão o tráfico de aves silvestres  nativas pode ser perturbador e nocivo. Esta é uma espécie muito gregária, e seu isolamento pelo trafico, impõe um sacrifício a indivíduos cativos e separados.
Vivendo solitário e sem os da sua espécie por perto, essa ave se torna mais vulnerável à ameaça dos predadores alados. E aqui, em nossa região, já presenciamos os seguintes predadores potenciais para essa aratinga: 
Gavião carijó
Gavião de cauda curta
Gavião urubu
Gavião Pombo pequeno
Cauré
Falcão peregrino
Falcão de coleira.


Portanto, só nos resta desejar boa sorte a esse individuo perdido de Aratinga de testa azul.

Sua presença nos alegra, mas, ao mesmo tempo, sabemos das iniquidades que o trouxeram até aqui.











Muito obrigado, pessoas amigas que nos visitam!!