A SERRA DO CAPARAÓ, é uma continuação da Serra da Mantiqueira e nela encontra-se o Parque Nacional do Caparaó, um dos maiores parques nacionais da encosta atlântica, muito visitado e admirado.
Suas montanhas são belíssimas, encontrando-se nessa serra alguns dos maiores picos do relevo brasileiro, como o Pico da Bandeira (2.892 m.) o Pico do Cristal (2.769 m.) e o Pico do Calçado (2.849 m.)
Imagem, fonte: Wikipédia.,
Entre os dias 3 a 06 de maio, recentemente então, estivemos, junto com minha esposa Ana Delboni, na localidade de Pedra menina, municipío de Dores do Rio Preto neste estado de Espirito Santo, Brasil.
O Pico da Bandeira é o terceiro ponto mais elevado do Brasil, situado na divisa dos Estados do Esp. Santo e Minas Gerais, alcançando 2.892 metros de altura.
Não chegamos ao topo do maciço, pois não era essa nossa intenção.! Estávamos interessados em registrar e fotografar as aves que ocorreriam em nosso trajeto, desde a portaria situada a 900m. de altitude até a localidade de Casa Queimada, a 2.200 metros de altitude, ultimo local acessível por carro.
Imagem do pico com o cruzeiro. Fonte: Wikipédia.
Imagem do Pico da Bandeira visto de MG. Fonte: Wikipédia.
A vegetação no parque apresenta variações altitudinais muito interessantes. Alguns autores, em trabalhos na região já comentaram sobre a rica flora e fauna do Caparaó. Em linhas gerais, pretendemos traçar um panorama informal e aproximado da vegetação e de suas aves comparado com as altitudes do lugar. Abaixo adicionamos esse esboço, para um conhecimento aproximado dos tipos de vegetação e de algumas espécies de aves que já vimos nesses ambientes(podem ser considerados como típicos dessas elevações e altitudes) da subida pela encosta de Pedra Menina, pelo lado do Espirito Santo:
Compreende-se pois, a grande curiosidade sobre a natureza de uma montanha como a Serra do Caparaó! Com vários gradientes de altitude, e com muitos tipos de vegetação, podemos considerar essa serra como um enorme laboratório de vida natural. A diversidade de plantas e bichos é grande e por esta razão, exerce um fascínio incrível sobre quem a visita e sobre quem a estuda. Estudar a distribuição das aves nessas altitudes, compreender o porque algumas espécies são registradas em uma altitude e não em outra é simplesmente estimulante!
A noite do dia 3 de maio, apesar de ser apenas outono, foi muito fria! A temperatura em Pedra Menina desceu a 8 graus centigrados, o que prenunciava um manhã super fria quando sairíamos para a primeira passarinhada! e foi o que aconteceu!
Antes, ficamos conhecendo o agradável e harmonioso distrito de Pedra Menina. Fomos até a comunidade de São José, onde fica um fazendeiro fabricante de queijos famosos e deliciosos.
O lugar é bucólico e muito tranquilo e convidativo:
Ao fundo, as montanhas da serra do Caparaó.
Preparamo-nos então, após delicioso jantar regado a um vinho tinto nacional e suave, e, também um tinto argentino seco.
O colega Evandro, exímio conhecedor de vinhos garantiu ser o seco muito melhor! Já eu preferi o nacional suave, afinal sou amador!
Por volta das 6 hs. acordamos, tomamos o delicioso café da pousada e às 7 hs. aguardávamos a abertura do parque. Após as apresentações junto aos guardas do parque, iniciamos nossa subida e o termômetro continuando a cair:
7,20 hs. dentro do carro e 6 graus de temperatura! Lá fora seria uns zero graus! e estávamos a pouco mais de 1.000 m. de altitude! o que seria de nós a 2000 m.?
Nossa primeira parada foi na região de matas altas, onde ouvimos mas não vimos o Coro-coxó, o Carpornis cucullatus.
O sub-bosque dessa mata é bastante denso, predominando muitas taquaras e samambaias e a famosa samambaia-Açu, mas não vimos taquarussús. Observamos que, talvez por ser mata de altitude, não é muita rica em orquídeas e bromélias.
Essa mata, está a altitudes mais baixas no contexto do parque, ficam próximas à portaria, entre as cotas de 1200 aos 1600 m., e é uma mata secundária mais alta, árvores alcançando 20 m.de altura, algumas até 30m.! Nesse lugar, registramos hoje o inhambu-Açu, Crypturellus obsoletus, infelizmente não conseguimos fotografa-lo, apenas visualização. Nesse local, anteriormente já tínhamos registrado por meio das colegas Celi Aurora e Aninha Delboni, o gavião-de-sobre-branco, Parabuteo leucorrrhous e ouvimos sempre o canto singelo do Coro-coxó, Carpornis cucullatus.
Apareceu um bando grande de tucanos, procurando os frutos das imbaúbas prateadas, Cecropia hololeuca. O Tucano de bico verde Ramphastos dicolorus, no ES, somente pode ser visto nas matas de altitude. Esse exemplar que foi clicado, muito certamente é um jovem nascido recentemente! Suposição essa devido ao tamanho menor do bico da ave!
Nesse local, fotografamos em um bando misto o Quete, Poospiza lateralis:
A choca-da-mata Thamnophilus caerulescens:
E a choquinha da serra Drymophila genei, sempre embrenhada nos emaranhados do sub-bosque, dificultando bastante nossas fotos:
Essa choquinha é tipica das serras altas do SE do Brasil, sendo que aqui no ES é encontrada também na serra de Pedra azul.
Uma ave que não é rara no parque, mas muito difícil de ser fotografada, é o tapaculo-preto, Scytalopus speluncae. Depois de várias tentativas, finalmente conseguimos fotografa-lo. Dificuldade essas devido aos hábitos da ave, muito desconfiado e extremamente escondido nas ramagens baixas, parecendo-se bastante com um ratinho preto.
Foto do macho, acima, conseguida por minha esposa Aninha Delboni.
Aqui a fêmea de Scytalopus speluncae, num raro momento de relaxamento e distração.
Outra ave bastante frequente messa mata de altitude, e com boas populações no lugar, é a belíssima saíra-lagarta, Tangara desmaresti:
É ave habitante das serras altas aqui no ES.
Outro habitante das serras, a Tesoura-cinzenta, Miscipipra vetula:
O Beija-flor-rubi, Clytolaema rubricauda foi visto nas proximidades da estrada.;
Acima dessa região de matas secundárias altas, temos uma faixa não bem delimitada, de matinhas mais baixas. Essa região se confunde com os campos de altitude que já começam a aparecer nas bordas dessas matas.
As árvores são mais baixas, parecendo-se até com o cerrado. Mas, em algumas encostas úmidas, surge a mata mesmo, mas já com aspecto menos exuberante, com altura menor, talvez devido ao solo mais pedregoso. Mas também e principalmente devido ao clima das altas altitudes. Na foto abaixo pode ser observado que a vegetação fica mais alta no fundo do vale declivoso onde corre o Rio Preto, formando nesse lugar a Cachoeira do Aurélio. Pode ser notado, também, a abundância das taquaras que foram grandes aglomerações onde algumas aves apreciam se esconder.
Nessa região, conseguimos fotografar o estalinho, Philloscartes difficilis:
Um registro difícil e precioso para o Estado do Espirito Santo devido à inacessibilidade dos locais onde vive. Também nesses locais, mas sendo ave muito mais comum, foi a borboletinha-do-mato Philloscartes ventralis. Ambas espécies do gênero Philloscartes são graciosas e possuem o hábito de manter a cauda "arrebitada"!:
Surpresa para nós foi avistarmos vários indivíduos do Sabiá-una Turdus flavipes nesse lugar:
Mas uma das aves mais bonitas desse lugar e de todo o parque é mesmo o Sanhaçu-frade, Stephanophorus diadematus:
E, uma surpresa para nós foi o avistamento de um jovem do Gavião-miúdo, Accipiter striatus, nessa região de contato mata-campo:
Atingindo os campos de altitude, há cerca de 2.000 m., a paisagem é muito deslumbrante, e também sua vegetação:
Na foto acima, a beleza incrível dos campos com abundância do bambuzinho Chusquea pinifolia, uma gramínea endêmica do Brasil e que é tipica dos campos de altitude nas serras altas do sudeste.
Nesses locais vimos mais aves muito lindas e especiais como:
O João-Bobo, Nystalus chacuru, muito gracioso e calmo:
A choca-de-chapéu vermelho Thamnophilus ruficapillus:
E um de nossos mais importantes registros da excursão, o Papa-moscas de costas cinzentas, Polystictus superciliaris, ave considerada como "quase ameaçada" de extinção.:
A avezinha além de muito bonita, não é mesmo comum, vimos apenas um casal em toda essa imensidão dos campos, Outra foto da ave:
Continuamos nossa subida, indo apenas até o acampamento da casa queimada, a 2.200 metros de altitude:
Nas proximidades, o Rio Preto, que nasce na base do Pico do Cristal, forma várias cachoeiras e vai descendo a serra:
Observamos que nesses locais mais úmidos, a vegetação circundante sempre adquire maior altura, e nesses arbustos e árvores, podemos encontrar aves mais restritas a habitats mais florestais. E nesse local, registramos o Tucão, Elaenia obscura.:
O Parque Nacional do Caparaó, é região riquíssima em vida e precisamos muito protege-lo para que essas joias da natureza sejam preservadas para sempre!
E muito grato a todas pessoas que nos visitam!
José Silvério Lemos.
Compreende-se pois, a grande curiosidade sobre a natureza de uma montanha como a Serra do Caparaó! Com vários gradientes de altitude, e com muitos tipos de vegetação, podemos considerar essa serra como um enorme laboratório de vida natural. A diversidade de plantas e bichos é grande e por esta razão, exerce um fascínio incrível sobre quem a visita e sobre quem a estuda. Estudar a distribuição das aves nessas altitudes, compreender o porque algumas espécies são registradas em uma altitude e não em outra é simplesmente estimulante!
A noite do dia 3 de maio, apesar de ser apenas outono, foi muito fria! A temperatura em Pedra Menina desceu a 8 graus centigrados, o que prenunciava um manhã super fria quando sairíamos para a primeira passarinhada! e foi o que aconteceu!
Antes, ficamos conhecendo o agradável e harmonioso distrito de Pedra Menina. Fomos até a comunidade de São José, onde fica um fazendeiro fabricante de queijos famosos e deliciosos.
O lugar é bucólico e muito tranquilo e convidativo:
Ao fundo, as montanhas da serra do Caparaó.
Preparamo-nos então, após delicioso jantar regado a um vinho tinto nacional e suave, e, também um tinto argentino seco.
O colega Evandro, exímio conhecedor de vinhos garantiu ser o seco muito melhor! Já eu preferi o nacional suave, afinal sou amador!
Por volta das 6 hs. acordamos, tomamos o delicioso café da pousada e às 7 hs. aguardávamos a abertura do parque. Após as apresentações junto aos guardas do parque, iniciamos nossa subida e o termômetro continuando a cair:
7,20 hs. dentro do carro e 6 graus de temperatura! Lá fora seria uns zero graus! e estávamos a pouco mais de 1.000 m. de altitude! o que seria de nós a 2000 m.?
Nossa primeira parada foi na região de matas altas, onde ouvimos mas não vimos o Coro-coxó, o Carpornis cucullatus.
O sub-bosque dessa mata é bastante denso, predominando muitas taquaras e samambaias e a famosa samambaia-Açu, mas não vimos taquarussús. Observamos que, talvez por ser mata de altitude, não é muita rica em orquídeas e bromélias.
Essa mata, está a altitudes mais baixas no contexto do parque, ficam próximas à portaria, entre as cotas de 1200 aos 1600 m., e é uma mata secundária mais alta, árvores alcançando 20 m.de altura, algumas até 30m.! Nesse lugar, registramos hoje o inhambu-Açu, Crypturellus obsoletus, infelizmente não conseguimos fotografa-lo, apenas visualização. Nesse local, anteriormente já tínhamos registrado por meio das colegas Celi Aurora e Aninha Delboni, o gavião-de-sobre-branco, Parabuteo leucorrrhous e ouvimos sempre o canto singelo do Coro-coxó, Carpornis cucullatus.
Apareceu um bando grande de tucanos, procurando os frutos das imbaúbas prateadas, Cecropia hololeuca. O Tucano de bico verde Ramphastos dicolorus, no ES, somente pode ser visto nas matas de altitude. Esse exemplar que foi clicado, muito certamente é um jovem nascido recentemente! Suposição essa devido ao tamanho menor do bico da ave!
Nesse local, fotografamos em um bando misto o Quete, Poospiza lateralis:
A choca-da-mata Thamnophilus caerulescens:
E a choquinha da serra Drymophila genei, sempre embrenhada nos emaranhados do sub-bosque, dificultando bastante nossas fotos:
Essa choquinha é tipica das serras altas do SE do Brasil, sendo que aqui no ES é encontrada também na serra de Pedra azul.
Uma ave que não é rara no parque, mas muito difícil de ser fotografada, é o tapaculo-preto, Scytalopus speluncae. Depois de várias tentativas, finalmente conseguimos fotografa-lo. Dificuldade essas devido aos hábitos da ave, muito desconfiado e extremamente escondido nas ramagens baixas, parecendo-se bastante com um ratinho preto.
Aqui a fêmea de Scytalopus speluncae, num raro momento de relaxamento e distração.
Outra ave bastante frequente messa mata de altitude, e com boas populações no lugar, é a belíssima saíra-lagarta, Tangara desmaresti:
É ave habitante das serras altas aqui no ES.
Outro habitante das serras, a Tesoura-cinzenta, Miscipipra vetula:
O Beija-flor-rubi, Clytolaema rubricauda foi visto nas proximidades da estrada.;
Acima dessa região de matas secundárias altas, temos uma faixa não bem delimitada, de matinhas mais baixas. Essa região se confunde com os campos de altitude que já começam a aparecer nas bordas dessas matas.
As árvores são mais baixas, parecendo-se até com o cerrado. Mas, em algumas encostas úmidas, surge a mata mesmo, mas já com aspecto menos exuberante, com altura menor, talvez devido ao solo mais pedregoso. Mas também e principalmente devido ao clima das altas altitudes. Na foto abaixo pode ser observado que a vegetação fica mais alta no fundo do vale declivoso onde corre o Rio Preto, formando nesse lugar a Cachoeira do Aurélio. Pode ser notado, também, a abundância das taquaras que foram grandes aglomerações onde algumas aves apreciam se esconder.
Nessa região, conseguimos fotografar o estalinho, Philloscartes difficilis:
Um registro difícil e precioso para o Estado do Espirito Santo devido à inacessibilidade dos locais onde vive. Também nesses locais, mas sendo ave muito mais comum, foi a borboletinha-do-mato Philloscartes ventralis. Ambas espécies do gênero Philloscartes são graciosas e possuem o hábito de manter a cauda "arrebitada"!:
Surpresa para nós foi avistarmos vários indivíduos do Sabiá-una Turdus flavipes nesse lugar:
Mas uma das aves mais bonitas desse lugar e de todo o parque é mesmo o Sanhaçu-frade, Stephanophorus diadematus:
E, uma surpresa para nós foi o avistamento de um jovem do Gavião-miúdo, Accipiter striatus, nessa região de contato mata-campo:
Atingindo os campos de altitude, há cerca de 2.000 m., a paisagem é muito deslumbrante, e também sua vegetação:
Na foto acima, a beleza incrível dos campos com abundância do bambuzinho Chusquea pinifolia, uma gramínea endêmica do Brasil e que é tipica dos campos de altitude nas serras altas do sudeste.
Nesses locais vimos mais aves muito lindas e especiais como:
O João-Bobo, Nystalus chacuru, muito gracioso e calmo:
A choca-de-chapéu vermelho Thamnophilus ruficapillus:
E um de nossos mais importantes registros da excursão, o Papa-moscas de costas cinzentas, Polystictus superciliaris, ave considerada como "quase ameaçada" de extinção.:
A avezinha além de muito bonita, não é mesmo comum, vimos apenas um casal em toda essa imensidão dos campos, Outra foto da ave:
Continuamos nossa subida, indo apenas até o acampamento da casa queimada, a 2.200 metros de altitude:
Nas proximidades, o Rio Preto, que nasce na base do Pico do Cristal, forma várias cachoeiras e vai descendo a serra:
O Parque Nacional do Caparaó, é região riquíssima em vida e precisamos muito protege-lo para que essas joias da natureza sejam preservadas para sempre!
E muito grato a todas pessoas que nos visitam!
José Silvério Lemos.