Recentemente estivemos em Chaves, encosta da serra próxima a Santa Leopoldina, acompanhado dos colegas do COA-ES, Mario Candeias e Evandro Limonge.
A localidade de Chaves possui esse nome devido ao povoado existente nas cercanias do Rio da Prata e também à "igrejinha do Chaves". Ponto turistico de destaque na região é a famosa cachoeira do véu-de-noiva, ou "cachoeira do chaves". Localiza-se a meio caminho entre as cidades de Santa Leopoldina e Santa Tereza, no percurso ligado por uma estrada de terra que corta o lugar também denominado de "Boca da Mata". Tal denominação, por si só, já evoca a grande cobertura florestal do lugar. Ainda hoje os morros da região possuem os terços superiores ocupados pela mata atlantica. Conhecemos o lugar desde 1987, e podemos dar nosso testemunho de que a alteração na cobertura florestal foi minima, ou melhor, houve ganho de cobertura florestal, com alguns morros que antes eram dominados por samambaias e arbustos, atualmente encontram-se tomados por capoeirões e visitados por muitas aves.
A localização de CHAVES, conforme o Google Earth:
Essas medidas em linha vermelha na figura, são comprimentos de área continua de mata atlantica. Encontramos 4 x 4 km de matas continuas, em ótimo estado de conservação, indicando que a área de mata da região é muito grande,o que explica a grande quantidade de registros e espécies não comuns que já registramos no lugar. Isso sem falar nos morros próximos e que não estão compreendidos na figura.
Chaves tem expressão avifaunistica há bastante tempo. Desde a decada de 1940 o lugar já era visitado por pesquisadores de nossa avifauna. Os coletores do Museu Paulista, Emilio Dente e Olalla fizeram vários trabalhos de coleta de especimens em Chaves e etiquetaram suas amostras com a denominação de origem: "Chaves- Santa Leopoldina". Naquela epoca, praticamente todo o Estado do Espirito Santo era ocupado pela floresta atlantica e muitos registros de então, não mais foram vistos(Em Chaves!). O livro "Catalogo das aves do Brasil - primeira parte" de Oliverio Mario de Oliveira Pinto, enumera os registros documentados por peles existentes no Museu Paulista da epoca e entre os vários registros de Chaves, constam muitos registros notáveis. Alguns que não mais localizamos no lugar: o Tropeiro da serra Lipaugus lanioides, o macuco Tinamus solitarius e outros.
Entre os registros notáveis que já anotamos em Chaves e que na epoca não fotografamos, destacamos o anambezinho, Iodopleura pipra, a borralhara Mackenziaena severa, a Tovaca Chamaeza campanisona, o gavião-de-penacho Spizaetus ornatus, o gavião-pombo-pequeno Pseudastur lacernulatus, o falcão-caburé Micrastur ruficollis. O macuru ou capitão-do-mato Notharchus swainsoni. O Gavião-pato Spizaetus melanoleucus. O chibante Laniisoma elegans, o bico-agudo Oxyruncus cristatus.
Essa riqueza de aves está ligada diretamente à abundancia de alimento. Com os morros cobertos de mata, o vale do Rio da Prata forma uma calha mais ou menos estreita a partir da cachoeira, em direção a jusante, as encostas baixas foram plantadas com bananeiras. Mas muitas árvores nativas e tipicas de capoeirões são comuns nesse vale e fornecem alimento para as aves como as canelas da familia lauraceae, imbaúbas, mirtáceas, melastomáceas e leguminosas. Também formações de taquarussús são vistos nas encostas, bem como o palmito Euterpe edulis.
Á montante da cachoeira, essa calha do rio torna-se mais larga e o vale, mais cultivado, sendo mais largo, propicia um maior aproveitamento econômico para os proprietários. Destarte, a partir da cachoeira, a mata se distância do observador. A estrada nesses locais não é mais sombreada pela mata. Mas nesses locais pode-se ver a mata na encosta do morro, não muito longe.E é sempre uma visão grandiosa e pujante.
Em nossas visitas ao lugar,estamos sempre na expectativa de um desses registros históricos. Nas duas últimas visitas, nos dias 15 e 22 de julho próximos, pudemos registrar as espécies a seguir, em meio a outras mais comuns:
Trepador-de-coleira Anabazenops fuscus:
Bico-chato de orelha preta Tolmomyias sulphurescens:
Tiêtinga Cissopis leverianus:
bico-chato de orelha preta.
Pula-pula Basileuterus culicivorus:
Arapaçu-de-garaganta branca Xiphocolaptes albicollis:
Vite-vite Hylophilus thoracicus:
O bico-virado miudo Xenops minutos:
O saí-andorinha Tersina viridis:
O abre-asa-de cabeça cinza Mionectes rufiventris:
O assanhadinho Myiobius barbatus:
Surucuá-variado Trogon surrucura:
Gaturamo ferro-velho Euphonia pectoralis:
Trinca-ferro Saltator similis:
A saíra-de-sete cores Tangara seledon:
O Tiê-galo Tachyphonus cristatus:
Toda essa movimentação foi maravilhosa mas faltava aparecer um predador do topo da cadeia alimentar. E ele apareceu, de forma até surpreendente. Vislumbrei um vulto negro voando rente às copas em uma encosta da mata. O colega Mario Candeias, ante minha expectativa de ser o gavião-pega-macaco, executou o som da ave assobiando, de seu gravador. Então, o majestoso gavião apareceu no ar, descrevendo circulos e assobiando muito, como que chamando o companheiro, talvez para acasalamento. e Pudemos, então, registra-lo com várias fotos:
Finalizo com a sequência belíssima desse grande predador, o maior predador alado mais comumente observado em Chaves e desejando boas passarinhadas a todos nossos visitantes. Mas, antes, uma pausa para a foto final, do almoço dos passarinheiros:
Finalizo com a sequência belíssima desse grande predador, o maior predador alado mais comumente observado em Chaves e desejando boas passarinhadas a todos nossos visitantes. Mas, antes, uma pausa para a foto final, do almoço dos passarinheiros: