AVES VISTAS NA VIAGEM AO ITATIAIA À BOCAINA
Nossa excursão tinha como
objetivo principal o registro das
espécies de clima ameno, habitantes das serras elevadas dessas duas
cordilheiras da região sudeste: a Serra da Mantiqueira e a Serra da Bocaina.
Então, listamos as espécies
desejadas e comunicamos a nosso guia, o Hudson Martins, que nos garantiu que
algumas não seriam difíceis, enquanto que algumas outras espécies, teríamos de
contar com alguma sorte para vê-las.
Então, escolhemos a região da
serra em Itamonte, como nosso primeiro lugar para tentar essas aves de
montanha.
Toda a região de nossa viagem fica na tríplice divisa dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
A saudade, também chamada de Assobiador, Lipaugus ater, é uma ave da familia COTINGIDAE, o que automaticamente já a credencia como uma ave "importante". Logo que foi chamada no play back pelo Hudson, vários exemplares acudiram das redondezas, inclusive duas fêmeas. Faremos uma postagem particular sobre essa ave.
O Caneleirinho de chapéu preto, Piprites pileata é essa avezinha muito graciosa, que mede cerca de 12 cm de comprimento. Considerada como Vulnerável pela IUCN devido à sua pequena área de ocorrência, especialmente nas localidades onde ocorrem as araucárias, Araucaria angustifolia.
O Peito pinhão, Castanozoster thoracicua também é morador dessa zona de matas baixas, campos e arbustos que formam as elevações pouco anterior aos campos de altitude.
A Saira lagarta Tangara desmaresti é uma ave encontrada na região SE do Brasil em regiões de montanhas da floresta Atlântica. Ja a encontramos na Serra da Caparaó, e, agora, também a vimos muito nas serras de Itatiaia e Bocaina.
É belíssima e seu estado de conservação é não preocupante, não estando, portanto, ameaçada de extinção.
A Tovaca de rabo vermelho, Chamaeza ruficauda é uma tovaca moradora de regiões altas. é uma ave da família Formicariidae que se alimenta preferencialmente no solo ou suas proximidades, onde captura pequenas lagartas, aranhas e outros insetos.
Não é considerada como ameaçada de extinção.
Muito boa a habilidade de Hudson Martins em chamar e trazer para perto essa ave, que é, reconhecidamente uma das espécies esquivas do interior da mata sombria.
A Saíra viúva, Pipraeidea melanonota é uma ave da família Thraupidae habitante das ,matas e que se alimenta de frutos e insetos. Não está ameaçada de extinção, porém, pelo menos aqui no ES não é muito comum.
O Tuque, Elaenia mesoleuca é uma ave da família Tyrannidae, migratória em alguns locais. Alimenta-se de pequenos frutos e insetos e não se encontra ameaçada de extinção. E preciso atenção a sua vocalização para conseguir identificar essa espécie com tranquilidade, pois as espécies desse gênero, Elaenia, são muito parecidos entre si.
A Fêmea da Saudade
Lipaugus ater. Não conseguimos uma foto melhor porque a ave postou-se a favor do sol, mas mesmo assim, fica o registro dessa ave. A Fêmea não deve nada ao macho em se tratando de beleza!
Ao final do dia e no anoitecer, tivemos a alegria de registrar uma coruja, no caso, a Coruja listrada, Strix hylophila, que também não é uma ave muito facil de ser encontrada, apesar de não ameaçada:
No dia seguinte, dia 25 de novembro, dirigimo-nos à localidade de São José do Barreiro, onde também fizemos ótimos registros.
As paisagens a seguir mostradas, fazem parte do maciço da Serra da Bocaina, nas imediações do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
No horizonte ao fundo, podemos ver os contrafortes da Serra da mantiqueira. Essa região é muito privilegiada pela beleza de sua natureza e suas montanhas.
Esse pássaro lindo é o Fruxu, Neopelma chrysolophum, ave da família Pipridae e que neste caso, habita as matas da região entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, sendo endêmica da Floresta atlântica do Brasil. É uma espécie incomum mas não está ameaçada.
O João botina da mata, Phacellodomus erythrophthalmus é um belíssimo pássaro da família Furnariidae, uma das mais presentes no Brasil, tanto nas matas quanto nos campos!
Além de ser uma ave muito bonita e interessante, o João botina, fazendo jus a seu apelido, constrói ninhos muitos característicos. Não está ameaçado de extinção e é uma ave insetívora
O Curioso ninho do
Phacellodomus erythrophthalmus construido com gravetos.
O Piolhinho chiador, Tyranniscus burmeisteri é uma pequena e graciosa ave da família Tyrannidae, insetívoro e com distribuição ampla no sul e sudeste do Brasil.
Apesar de sua aparência delicada, seu nome cientifico significa "pequeno tirano" !
Essa ave é o Cabecinha-castanha,
Thlypopsis pyrrohocoma, é considerada como uma ave rara, apesar de ainda não oficialmente considerada ameaçada.
É frugivora, mas já foi observada comendo sementes.
O Pinto do mato, Cryptopezus nattereri é uma das aves que marcamos como interessantes nessa nossa excursão. Após memorizarmos sua vocalização notamos que não deve ser raro nessas serras pois o ouvimos tanto na Mantiqueira como no Bocaina. É uma ave terrícola e quase endêmica do Brasil. Habita o sub bosque de matas altas preservadas, é uma ave insetívora. É uma ave dificil de ser observada devido seu tamanho pequeno, 12 cm, e caminhante discreto no solo da mata.Graças ao Hudson Martins pudemos fotografa-lo!
A belíssima Tesoura cinzenta, Muscipipra vetula é uma ave de altitude nas florestas do sudeste do Brasil. Pertence à família Tyrannidae, insetívora como tal, e não se encontra ameaçada de extinção.
Já voltando de São José do Barreiro, passamos em localidade para verificar a ocorrência do Bacurau ocelado, Nyctiphrynus ocellatus e da Coruja do mato Strix virgata. Porém, o bacurau depois de cantar próximo não se aproximou, enquanto a coruja chegou perto e permitiu ser fotografada.
Corujas são aves misteriosas! Faz parte da cultura imagina-las como seres estranhos e moradoras de um mundo meio fantasmagórico!
Strix virgata é espécie florestal que possui um chamado assustador para quem não a conhece.
Também a ocorrência da espécie mostrou-se menos rara do que se supunha a tempos atrás.
Sabe-se que habita varias tipologias florestais e até em área de campo, plantações e mesmo dentro de cidades. Não está ameaçada.
No dia 26 de novembro, visitamos primeiro, a parte baixa do P.N. Itatiaia e bosques próximos à cidade de Itatiaia, a localidade de Penedo, onde observamos aves pela parte da manhã.
O Guaxe, Cacicus haemorrhous foi visto cuidando da nidificação com colônias em Penedo, RJ.
A ave mais emblemática que vimos em Penedo, inclusive nidificando, foi a Maria Leque do Sudeste, Onychorhynchus swainsoni. Ave considerada como Ameaçada de extinção na categoria de VU, vulnerável.
A ameaça a essa ave é muito fácil de se perceber.
Habita o interior da mata alta, local sombreado, sempre ao lado de córregos encachoeirados onde coloca seu ninho. Um amontoado de liquens que ficam pendentes sobre a água.
Trata-se de ave insetívora, muito procurada pelos fotógrafos devido a seu belíssimo penacho colorido que a ave abre apenas em poucas e especiais ocasiões.
Então, sua escassez é visível. Suas exigências ecológicas são bastantes acentuadas e sabemos que não é toda mata que oferece essas condições.
A Fêmea da Maria leque do sudeste também é muito bonita e também abre seu penacho.
Voltamos a Itatiaia, em direção ao Parque Nacional, onde fizemos mais fotos do local.
A mata é muito bonita e rica.
Saíra-ferrugem, Hemithraupis ruficapilla, traupídeo não ameaçado mas que não é muito comum.
Saíra douradinha, Tangara cyanoventris outro Thraupidae também frequente na floresta atlântica.
Vimos esses dois tucanuçus Ramphastos toco que são aves consideradas como campestres, mas, que habitam muito próximo às matas do parque nacional.
Na trilha dentro da mata alta, conseguimos, graças mais uma vez à habilidade e ouvido do Hudson Martins, conseguir registrar pela primeira vez essa ave, o Papo branco, Biatas nigropectus.
Ave da familia Thamnophilidae, é considerada Rara e ameaçada de extinção.
Está na categoria de VU, vulnerável à extinção.
Habita a mata alta, rica em taquaras e taquarussus, ficando muito escondida nas brenhas o que dificulta ser fotografada.
Finalmente, após voltarmos a São José do Barreiro e não conseguirmos localizar o negrinho do mato, Amaurospiza moesta, na volta já ao entardecer, passamos de novo em Queluz, na capoeira com eucaliptos onde já tinha visto e registrado a Coruja do Mato, Strix virgata e tínhamos ouvido o Bacurau-ocelado próximo mas sem conseguir vê-lo.
Dessa vez, quem ouvimos e chegamos a ver foi o Tuju, Lurocalis semitorquatus. Fotografei, no susto, e a foto ficou péssima! não dá para aproveitar:
Essa foto foi tirada sem focalizar pelo visor, apenas apontando na direção da ave voando e acionando.
Fica para a próxima vez!
Mas estávamos com sorte! Logo depois o Bacurau ocelado, o Nyctiphrinus ocellatus cantou próximo e pousou bem na nossa cara:
Não é uma ave ameaçada! Mas já tínhamos tentado várias vezes fotografar essa ave e somente dessa vez obtivemos sucesso!
É uma espécie florestal, que não pousa no chão como alguns bacuraus. Pousa sempre em poleiros no interior da mata onde fica à espreita de toda espécie de insetos noturnos.
Assim encerramos nossa maravilhosa excursão às serras da divisa dos três estados!
Agradecemos muito ao Hudson Martins que com seu talento, possibilitou-nos conhecer essas aves tão espetaculares.
Esse bacurau tem uma vocalização muito característica e quando conhecemos sua voz, percebemos que não é tão raro. Não chega a ser comum como o bacurau comum, Nyctidromus albicollis, mas acreditamos que suas populações pelo menos por ora, estão livres da ameaça de extinção.
OBRIGADO, às pessoas que nos visitam !!