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sábado, 27 de março de 2021

O Periquito rei, Eupsittula aurea.

 Trata-se do periquito mais comum aqui no Estado do Espirito Santo! É espécie campestre, não penetra no interior de florestas, viaja pelos campos, capoeiras, pastos, mangues, e costuma nidificar em ocos de cupinzeiros, barrancos, ocos de árvores. É abundante mas em alguns lugares tornou-se escasso. Seu tamanho varia entre os 25-29 cm. e quando se deslocam em bando, de uma região a outra, vão entoando seu canto típico. Ocorre praticamente em todo território nacional.



Dois exemplares, voando dentro da cidade, em Vitória, ES.

Alimenta-se de vários vegetais, já vimos em goiabeiras, deliciando-se com goiabas maduras, em árvores do mangue, nas árvores de abricó da praia, enfim, quaisquer árvores frutíferas os atraem!



Mapa dos registros do periquito rei no Brasil. Fonte: Wiki Aves, http://www.wikiaves.com.br/mapaRegistros_periquito-rei.

Observar a densidade d0s registros no cerrado e na costa.





O Periquito Rei algumas  vezes, felizmente poucas, é perseguido por sitiantes e pessoas maldosas com a alegação de que seria um destruidor de pomares. Essa fama é antiga e vem de longe. Relatos passados, no Brasil Colônia, esse periquito já era visto como um perigo para pomares. Em carta ao Rei de Portugal, um donatário de capitania chegou a dizer, mesmo, que os colonos tinham de tomar cuidados com um periquito que, se se deixasse à vontade seria capaz de "comer o milho de uma capitania inteira". Claro que esses relatos denotam muito preconceito e falta de conhecimento da alimentação dessas aves que não possuem, de forma alguma, essa capacidade tão grande de predação de lavouras. Foi com essa visão e raciocínio preconceituoso, que se levou à extinção nos Estados Unidos, do "Periquito da Carolina, Conuropsis carolinensisEra o único psitacídeo nativo da América do Norte e que foi extinto devido à ação predatória dos colonos que, incomodados com os periquitos em suas plantações, começaram a dizima-los até levar à extinção uma espécie inteira. Nosso Periquito rei também é apreciado como ave de estimação e foi levado para muitos países devido sua beleza e docilidade.


Espécies comuns também podem ser muito belas!.







Em uma árvore frutífera limítrofe  do mangue em Vitória.








Terminamos esse relato agradecendo às pessoas que nos visitam. Informamos também que esse periquito, ainda e felizmente, é um dos mais encontrados, não estando ameaçado de extinção.



quinta-feira, 18 de março de 2021

Novo encontro com o Gavião Pega-macaco!

 Spizaetus tyrannus, o Gavião pega macaco, é a águia florestal mais encontradiça em nossas matas remanescentes. Temos relatado diversos registros desse gavião aqui neste blog. Devido ao fato de ser um predador do topo da cadeia alimentar,  e a ameaça que paira sobre todos os grandes predadores, a supressão das matas e várias outros influências negativas, consideramos que esse gavião tem conseguido superar essas dificuldades e manter-se presente até hoje em nossa região e em várias outras partes do Brasil conforme depreende-se dos registros no Wiki-aves.


Foto tirada dia 17-3-2021, na estrada de Sertão Velho, município de Cariacica neste estado do Espirito Santo.

Neste momento, ao ouvir a imitação de sua voz do gravador, ave desceu em círculos  procurando o intruso mas logo depois se afastou.

A presença constante do tyrannus nesses locais, origina-se da existência do grande maciço florestal de Duas Bocas. Ao se consultar nos aplicativos especializados como o Google Earth, podemos notar como a vegetação nativa dos lugares adjacentes à reserva se recuperaram!.



Imagem fotografada do Google Earth da localidade da Reserva de Duas Bocas.

Notar a grande mancha verde escura no centro que corresponde à massa de vegetação nativa compacta. Esse grande maciço, onde se encontram, inclusive, largas porções de mata primária, mede cerca de 65 Km2. A imagem do Google Earth, usando a régua do aplicativo, fizemos essa medição. Corresponde a mais de 6.000 hectares. Porém, a área institucional da reserva florestal é de quase 3.000 hectares. O restante da cobertura florestal são áreas remanescentes particulares.


A ave pousou na copa de uma árvore não muito distante, onde conseguimos fazer as fotos a seguir. Foto feita com a Canon 5D Mark IV e a lente 100-400 IS II.


O gavião pega macaco habita áreas de mata e tolera alterações antrópicas em seu habitat. Algumas vezes o localizamos em áreas com reduzida cobertura florestal ou com matas baixas como na área de restinga do Parque Estadual Paulo Vinhas em Guarapari. Já o vimos nas "matas de cabruca" do Baixo Rio Doce, município de Linhares.

Talvez por isso, deduzimos tratar-se de ave adaptável e cujas presas ainda são encontradas nas matas remanescentes.



Essas nossas observações, são todas  retiradas de nossas saídas a campo, no passar de muitos anos nessa atividade. Curiosidade é tentar descobrir a razão do S. tyrannus, ainda ser frequente, enquanto outros grandes rapinantes como o gavião de ´penacho Spizaetus ornatus, ou mesmo o Gavião pombo grande Pseudastur polionotus, serem escassos!

Uma das características que podem favorecer a maior visualização do Gavião Pega macaco são seus hábitos. A ave tem o belíssimo hábito de circular sobre a mata emitindo seu lindo assobio melodioso. Isso facilita ao observador reconhece-lo e identificar prontamente.


Outra de suas características talvez o ajude a se proteger de fazendeiros perseguidores de aves de rapina: sua cor, e seu hábito de planar, podem confundir o observador menos atento levando-o a pensar tratar-se de um urubu e como tal, não perigoso para as aves domésticas!

Seja como for, o Gavião Pega macaco é entre os grandes gaviões de penacho, o menos ameaçado, sendo encontrado em muitas localidades da mata atlântica. Talvez seu apelido, Pega-macaco, seja um tanto exagerado. Pelo porte que possui, pesando cerca de 1 kg o macho e a fêmea um pouco mais, é difícil imagina-lo predando e arrastando para uma copa um macaco prego, cujo peso pode variar entre 1,5 a 5 quilos! Quanto a primatas pequenos e abundantes como os sauins, com peso em torno de 400 gramas, esse gavião certamente é um dos  seus predadores.




Depois de uns 15 minutos pousado na árvore, o grande gavião, que neste caso particular, supomos ser um individuo macho devido seu porte menor, alçou voo e afastou-se.

Observar essa ave na natureza, seu voo majestoso e seu canto melodioso e seus hábitos, nos obriga a dar razão ao pesquisador viajante J.Th. Descourtilz, que em seu livro História Natural das aves do Brasil, que, nos idos de 1855, nos disse: A ave magnifica que motiva esse artigo é vista nas grandes matas virgens que coroam as montanhas mais elevadas.



Agradeço aos colegas que nos visitam e muito obrigado por tudo!!









quinta-feira, 11 de março de 2021

Maçarico branco retornando da migração.

 Hoje, 11 de março, a apenas algumas semanas do outono austral, observamos um indivíduo do Maçarico branco, Calidris alba, retornando ao Ártico. Essas aves são grandes viajantes, percorrendo muitas vezes mais de 10.000 Km. das tundras no Canadá até o sul da América do Sul onde passa o inverno. Na nossa primavera, novembro, eles passam aqui por Vitória seguindo em direção ao Sul, e hoje, mês de março, presenciamos essa ave, aparentemente retornando a seus lugares de nidificação. No mês de maio, primavera no norte, essa  espécie chega aos locais onde se reproduz, ficando por lá até meados de setembro quando inicia sua longa viagem para a América do Sul.


Calidris alba normalmente viaja em bandos grandes. Esse que vimos, solitário, talvez tenha se desgarrado do bando maior e feito essa parada nas pedras limosas da Ilha do Boi, que, como sabemos, já de artigos anteriores, proporcionam uma boa alimentação para essas aves migratórias. Vide: http://www.jornaldasavesepeixes.net/2017/07/vitoria-pousada-dos-macaricos.html

Essas aves apreciam muito os animalejos e insetos que se escondem entre as pedras recobertas por limo e vegetação aquática constantemente atingidas pelas águas do mar.

Aqui o Maçarico branco encontrou um colega viajante! O Maçarico pintado, Actitis macularius, também migratório que vem do Canadá. Porém, o Pintado é bem mais frequente aqui em Vitória.
Ao lado de uma Batuíra de bando, Charadrius semipalmatus, pode se verificar que o Calidris é uma ave de pequeno tamanho. Comumente mede 18 a 20 cm. e seu apelido de Maçarico branco advém da cor de sua plumagem, conforme se verifica, apresentando muitos tons de branco.
Esse Maçarico é frequente em todo o litoral brasileiro na época de sua migração, mas pode ser registrado também no interior do país.






Registramos assim, a passagem desse viajante de longo curso, a quem desejamos um ótimo regresso ao seu país de origem!!

Muito obrigado pessoas que nos visitam!!


O CAURÉ, Falco rufigularis dentro da cidade!

 Esta terça feira dia 09 de março, pude avistar pousado em uma antena de TV, em prédio próximo ao meu, em Jardim da Penha, aqui em Vitória, um exemplar do Cauré, o Falco rufigularis!


Falco rufigularis é um falcão de pequeno porte, medindo cerca de 23 a 30 cm. Há grande dimorfismo sexual, com a fêmea sendo maior que o macho. Esse pesa, em média, entre 108 a 150 gramas e a fêmea pesa de 177 a 242 gramas.(Wiki Aves). Não é ave ameaçada, estando listada pela IUCN na categoria de LC (pouco preocupante). Entretanto, não é comum em lugar nenhum. Ocorre desde o México até o nordeste da Argentina.

Já registramos esse falcão muitas vezes nas bordas de matas, mas, também frequenta as cidades. Já o vimos aqui em Vitória habitando o prédio da catedral metropolitana e aqui no bairro já o vimos algumas vezes.


Trata-se de exímio caçador. Permanece imóvel observando os arredores, à procura de alguma presa. Apanha aves e morcegos no voo, e também no solo é rápido e habilidoso, capturando ratos e lagartos. Ataca aves maiores como pombos. Nem sempre com sucesso!
O Cauré se parece muito com o Falcão de peito vermelho,  Falco  deiroleucus, quanto à plumagem, mas esse, é muito mais raro e difícil de ser encontrado. O deiroleucus é maior , 33 a 40 cm. e pesando, a fêmea, até 650 gramas.

Muito obrigado a todas pessoas que nos visitam!!