Spizaetus tyrannus, o Gavião pega macaco, é a águia florestal mais encontradiça em nossas matas remanescentes. Temos relatado diversos registros desse gavião aqui neste blog. Devido ao fato de ser um predador do topo da cadeia alimentar, e a ameaça que paira sobre todos os grandes predadores, a supressão das matas e várias outros influências negativas, consideramos que esse gavião tem conseguido superar essas dificuldades e manter-se presente até hoje em nossa região e em várias outras partes do Brasil conforme depreende-se dos registros no Wiki-aves.
Foto tirada dia 17-3-2021, na estrada de Sertão Velho, município de Cariacica neste estado do Espirito Santo.
Neste momento, ao ouvir a imitação de sua voz do gravador, ave desceu em círculos procurando o intruso mas logo depois se afastou.
A presença constante do tyrannus nesses locais, origina-se da existência do grande maciço florestal de Duas Bocas. Ao se consultar nos aplicativos especializados como o Google Earth, podemos notar como a vegetação nativa dos lugares adjacentes à reserva se recuperaram!.
Notar a grande mancha verde escura no centro que corresponde à massa de vegetação nativa compacta. Esse grande maciço, onde se encontram, inclusive, largas porções de mata primária, mede cerca de 65 Km2. A imagem do Google Earth, usando a régua do aplicativo, fizemos essa medição. Corresponde a mais de 6.000 hectares. Porém, a área institucional da reserva florestal é de quase 3.000 hectares. O restante da cobertura florestal são áreas remanescentes particulares.
O gavião pega macaco habita áreas de mata e tolera alterações antrópicas em seu habitat. Algumas vezes o localizamos em áreas com reduzida cobertura florestal ou com matas baixas como na área de restinga do Parque Estadual Paulo Vinhas em Guarapari. Já o vimos nas "matas de cabruca" do Baixo Rio Doce, município de Linhares.
Talvez por isso, deduzimos tratar-se de ave adaptável e cujas presas ainda são encontradas nas matas remanescentes.
Essas nossas observações, são todas retiradas de nossas saídas a campo, no passar de muitos anos nessa atividade. Curiosidade é tentar descobrir a razão do S. tyrannus, ainda ser frequente, enquanto outros grandes rapinantes como o gavião de ´penacho Spizaetus ornatus, ou mesmo o Gavião pombo grande Pseudastur polionotus, serem escassos!
Uma das características que podem favorecer a maior visualização do Gavião Pega macaco são seus hábitos. A ave tem o belíssimo hábito de circular sobre a mata emitindo seu lindo assobio melodioso. Isso facilita ao observador reconhece-lo e identificar prontamente.
Outra de suas características talvez o ajude a se proteger de fazendeiros perseguidores de aves de rapina: sua cor, e seu hábito de planar, podem confundir o observador menos atento levando-o a pensar tratar-se de um urubu e como tal, não perigoso para as aves domésticas!
Seja como for, o Gavião Pega macaco é entre os grandes gaviões de penacho, o menos ameaçado, sendo encontrado em muitas localidades da mata atlântica. Talvez seu apelido, Pega-macaco, seja um tanto exagerado. Pelo porte que possui, pesando cerca de 1 kg o macho e a fêmea um pouco mais, é difícil imagina-lo predando e arrastando para uma copa um macaco prego, cujo peso pode variar entre 1,5 a 5 quilos! Quanto a primatas pequenos e abundantes como os sauins, com peso em torno de 400 gramas, esse gavião certamente é um dos seus predadores.
Depois de uns 15 minutos pousado na árvore, o grande gavião, que neste caso particular, supomos ser um individuo macho devido seu porte menor, alçou voo e afastou-se.
Observar essa ave na natureza, seu voo majestoso e seu canto melodioso e seus hábitos, nos obriga a dar razão ao pesquisador viajante J.Th. Descourtilz, que em seu livro História Natural das aves do Brasil, que, nos idos de 1855, nos disse: A ave magnifica que motiva esse artigo é vista nas grandes matas virgens que coroam as montanhas mais elevadas.
Agradeço aos colegas que nos visitam e muito obrigado por tudo!!
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