O Parque Estadual Paulo César Vinha é uma área de 1.500 hectares,situada no município de Guarapari, Estado do Esp. Santo, Brasil. Seu formato é retangular, fazendo limite a leste com o oceano Atlântico e a oeste a Rodovia do Sol, rodovia asfaltada que liga o balneário de Guarapari a Vitória capital do Estado.
Imagem: http://blog.jamalup.com.br/destination/guarapari-es/
O Parque situa-se na baixada litorânea, com vegetação de restinga. Em pequenos trechos essa vegetação alcança maior altura, com as árvores chegando a 15 m. Nessa foto, pode-se ver ao fundo as primeiras elevações da cadeia montanhosa que se estende paralela ao mar, do Rio Grande do Sul até a Bahia. Nessas encostas, a vegetação predominante passa a ser a floresta conhecida como Mata Atlântica.
Olhando para a Rodovia do Sol, o tempo estava bastante encoberto, tendo chovido bastante na região. Atenção para as primeiras montanhas do planalto.
Juntamente com os colegas Ademir Carletti, Evandro Limonge e Alexandre Carvalho, nos dirigimos cedo para o PEPCV para realizar mais uma passarinhada de observação de aves. O Parque é muito bonito e é habitado por aves igualmente lindíssimas como o Tiê-sangue Ramphocelus bresilius, mais conhecido pelo nome em inglês Brazilian tanager! Outras aves incríveis que habitam ou passeiam pelo parque: a Araponga Procnias nudicollis, a Saíra sapucaia Tangara peruviana. Algumas, inclusive, constantes da lista oficial de espécies ameaçadas como o Apuim de costas pretas Touit melanonotus.
Algumas paisagens do parque:
Flores silvestres comuns no parque. Observamos o pequeno beija-flor Rabo branco rubro, Phaetornis ruber adejando essas flores mas não conseguimos fotografa-lo.
Os frutinhos da aroeira vermelha
Shinus terebinthifolius foram muito procurados por várias aves. Essa árvore é muito comum no parque.
A saira sapucaia, aqui o macho,
Tangara peruviana, mostrou ser comum no parque. Mas somente nessa época. A ave é pequena migratória e não sabemos para onde se dirige após abandonar a região e voltar no ano seguinte.
A fêmea de
Tangara peruviana alimentando-se das frutinhas da aroeira,
Shinus.
A saira cambada de Chaves,
Tangara brasiliensis é comum no parque, onde observamos também a Saira amarela,
Tangara cayana, que, entretanto, não conseguimos fotografar.
O parque tem muitas áreas úmidas e como tem chovido bastante, essas áreas estão bastante alagadas, afastando a seca que durou pelo menos quatro anos na região.
Pantano tomado pela vegetação conhecida como a
Taboa,
Tipha dominguensis típica de áreas alagadas ou inundadas.
Fezes de capivaras
Hidrochoerus hydrochaeris, o maior roedor do mundo e que é comum, até abundante no parque devido à grande quantidade de áreas alagadas.
Estamos muito preocupados com nossos macacos!
Com o grande surto de Febre amarela que tivemos no ultimo verão, grande parte dos macacos morreram atingidos por essa epizootia. ´Principalmente os bugios
Alouatta guariba.
Mas, infelizmente outras espécies como esse sauim ao lado, conhecido como sagui ou sauim de cara branca, o
Callithrix geoffroyi também foram atingidos pela FA.
Esse aí foi o único que conseguimos ver e fotografar e notamos uma certa melancolia na cara do bichinho!
Sabiá-da-praia
Mimus gilvus é comum no parque. Exímio cantor, gosta de se empoleirar alto e entoar seu canto melodioso.
O Pia-cobra
Geothlypis aequinoctialis gosta de baixadas alagadas onde se abriga nos capinzais.
A Pomba-galega,
Patagioenas cayennensis gosta de baixadas quentes. No parque tem uma boa população dessas pombas que é um dos maiores columbídeos do Brasil.
Fomos surpreendidos por esse grande Pato do mato
Cairina moschata que levantou voo de uma das pequenas lagoas próximas a trilha principal. Destaque que esse pato foi muito visado por caçadores mas conseguiu escapar da extinção pois é bastante prolifico.
Lembrando que esse pato foi a unica ave, rigorosamente falando, a ser domesticada pelos indios em nosso país.
Outra ave linda e muito comum no parque, o Saí-andorinha,
Tersina viridis, aqui uma fêmea se alimentando em uma das muitas fruteiras nativas.
O Gavião caracoleiro, não é uma ave rara, mas também não se pode dizer que seja comum. Esse gavião se alimenta de caracóis silvestres.
uma fêmea do Saí-azul
Dacnis cayana. Ave comum e que se alimenta de frutos e néctar de flores como os beija flores.
A Guaracava-de-barriga-amarela,
Elaenia flavogaster é ave bastante comum e que encanta a todos com sua vocalização bem característica, que alguns interpretam como: "
Maria é dia... é dia...é dia"
O Sanhaçu do coqueiro,
Tangara palmarum é ave muito comum e frequente em nossos pomares onde se alimenta de frutas.
Tem o curioso hábito de ficar boa parte de seu tempo empoleirado em palmeiras onde canta bastante e dai veio o seu nome popular.
O Gavião acauâ,
Herpethotheres cachinnans foi visto em comportamento de caça, espreitando presas em local alagado.
A crença popular diz que é uma ave de mal-agouro! Sua voz é prenuncio de que uma morte deverá acontecer onde ele canta!
O Canário-do-campo,
Emberizoides herbicola é uma ave rabilonga que habita capinzais e descampados, onde costuma entoar um canto melodioso e suave.
Próximo ao Canario do Campo, encontramos esse Caboclinho,
Sporophila bouvreuil.
Trata-se de pequena ave granivora que se alimenta das gramíneas silvestres nativas e é considerado um bom cantor, e por essa razão, muitas vezes acaba aprisionado em gaiolas. Hábito que percebemos estar diminuindo, felizmente.
A Juruviara
Vireo chivi é um vireonídeo, ave que se alimenta principalmente de insetos, apreciando muito lagartas que apanha nas folhas de árvores não muito altas de capoeiras e qualquer outros tipos de mata e beira de mata.
Ao final da excursão, as chuvas deram uma trégua e o sol apareceu!!
Com a temperatura aumentando, alguns gaviões saíram de seus poleiros e começaram a circular no ar!
Um deles foi o Gavião caracoleiro, que já tínhamos fotografado pousada ( 18ª foto desse
post). Nessa foto ao lado, esse mesmo individuo começou a circular graciosamente.
Foi nesse momento que registramos o espetacular Gavião Pega-macaco
Spizaetus tyrannus. Primeiro registro para o Parque Estadual Paulo Vinhas, área de mata de restinga e alagados, que comentamos na nossa postagem anterior deste blog.
Foi um registro espetacular e surpreendente que traduz bem a MAGIA DA OBSERVAÇÃO DE AVES!!!
Muito obrigado pessoal!