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quinta-feira, 6 de julho de 2017

PROCURANDO AVES NOS CAMPOS DE ALTITUDE

Na serra do Caparaó, divisa dos Estados de Minas Gerais e Espirito Santo, a cadeia de montanhas é uma continuação da Serra da Mantiqueira e ocupa uma vasta área de picos grandiosos e muito altos. A região dos campos de altitude também ocupa área considerável, e se inicia a uns 2.200 metros de altura. Nessa região, andamos procurando algumas aves desses locais, aves capazes de se adaptar nesses altitudes, que nos meses de inverno chegam a ter temperaturas minimas abaixo de zero grau. Não são incomuns temperaturas de sete graus negativos e já houve registros de quatorze graus abaixo de zero!!.


As aves que buscávamos nessas paragens eram o Estalinho, o Papa-moscas de costas cinzentas, o Rabo mole da serra e o que mais  aparecesse de bico e penas.

     Procurando o Papa-Moscas de costas cinzentas. Polystictus superciliaris.





Conseguimos exito em encontrar o Estalinho, Phylloscartes difficilis, nas matas de ravina próximas aos campos. Essas matas são baixas, úmidas e frias e ocupam as ravinas do terreno rochoso. O ambiente carregado daquela húmidade fria é muitas vezes nebuloso e propicia o surgimento de muitas taquaras, mas não vimos as Taquarussús, que são comuns mas na mata alta montana, existente em altitudes mais baixas da montanha, há uns 900-1.000m.

Então nesse local o Estalinho escolheu para viver e pudemos fotografa-lo.

Phylloscartes difficilis empoleirado em uma taquara.

Ficamos felizes com o achado, pois esse local, o Parque Nacional é o único no Estado do E.Santo onde ele é registrado e talvez seja a ocorrência mais ao norte de sua área de distribuição! Esse nome popular, Estalinho, vem muito certamente, do som produzido pela ave, talvez musica instrumental, produzindo seguidos e contínuos estalinhos. Talvez esse som seja produzido pelas asas da avezinha.,


Voltando aos campos, passamos a procurar os outros da lista. Vimos até alguns João-Bobos, Nystalus chacuru, aves graciosas e que possuem um canto bem melodioso, mas não são exclusivos de campos de altitude frios.

Ele é chamado de "João-bobo"  porque é bem manso e permite a aproximação das pessoas. Sorte sua que não possui carne saborosa.!!














Depois de muito insistir com o Play-back, com o canto do papa-mosca ecoando pelo vento, obtivemos resposta e um casal se aproximou. Alegria total mas contida, afinal, nenhum de nós já tinha visto essa ave em qualquer lugar!

O canto é engraçado e melodioso e a ave delicada e arredia, mas valeu muito a pena encontra-lo. O Caparaó é o local mais oriental da área desse papa mosca! É um pássaro pequeno, pesando apenas 6 gramas e com comprimento de 9 cm.

Polystictus superciliaris, O Papa-moscas de costas cinzentas, é uma ave considerada como ameaçada e está classificada na categoria NT e é uma ave endêmica do Brasil, notadamente nas elevações da Serra do Espinhaço e ocorrendo também na serra do Caparaó.

Foi uma apresentação para nós, que não há conhecíamos, apesar do longo tempo de birder.







Passamos então a procurar o Rabo mole da serra, Embernagra longicauda, ave que também é habitante de altas altitudes e aprecia um clima frio.
Cansamos de ouvir sua voz no Play e o bicho não apareceu. Mas já foi citado por Bauer para a serra, em locais mais altos, próximos ao Pico da Bandeira, a cerca de 2.500-2.700 metros.
Talvez na próxima excursão tenhamos de acampar no alto para encontrar esse Rabo mole fujão!
Mas ainda não foi fotografado aqui no ES e é um endemismo das chapadas altas de Minas Gerais e Bahia, constando o Caparaó como uma população relicta e disjunta. Não conseguimos dessa vez, e teremos muitas outras para confirmar sua ocorrência no Caparaó.
afinal, somos brasileiros e como tal, não desistimos facilmente!.



Um comentário:

  1. "teremos muitas outras para confirmar sua ocorrência no Caparaó.
    afinal, somos brasileiros e como tal, não desistimos facilmente!"

    Gostei!!!! hahahah!!
    Abraço, Eduardo.

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Muito obrigado pela visita e comentário!