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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A NIDIFICAÇÃO DO ANAMBEZINHO, Iodopleura pipra.

 

A  NIDIFICAÇÃO DO ANAMBEZINHO, Iodopleura pipra.

Algumas notas e observações.





 

Desde o dia 8 de setembro, p.p., temos conhecimento de um ninho de Anambezinho, Iodopleura pipra, localizado na estrada de Sertão Velho, marginal à Reserva Biológica de Duas Bocas, no município de Cariacica, neste Estado do Espírito Santo.

O local é uma encosta de mata atlântica, secundária, mas mata alta com arvores de altura superior a 25 metros. Trata-se de um dos trechos da mata de Duas Bocas, onde temos registrados várias espécies raras e ou ameaçadas de extinção, como o Sabiá-pimenta, Carpornis melanocephalus, o Patinho de asa castanha Platyrinchus leucoryphus e a Choquinha chumbo Dysithamnus plumbeus. Nesse local, divisa entre a propriedade pública da reserva e as propriedades de particulares, a mata é mais larga, de forma que essas aves, talvez se sintam mais protegidas pela maior cobertura florestal.

O ninho foi colocado a uma altura de cerca de 20 metros sobre o solo, em uma árvore seca localizada ao lado da estrada marginal que corta a mata. Fica bem na divisa do território da reserva, já do lado vizinho à reserva. Chama a atenção o aspecto do ninho, pequeno, parecido com ninhos de beija flores e em uma saliência do galho da árvore que forma um arco. Dessa forma, a ave dá sempre a impressão de estar confortavelmente instalada em sua pequenina “poltrona”! Parece ser confeccionado com musgos e sua aparência é de uma taça aberta no alto da arvore. Isso dá um aspecto vulnerável ao ninho e quando os pais não estão por perto, o filhote fica incrivelmente exposto. A cor do filhote, esbranquiçada, e também do ninho, talvez funcione como uma camuflagem, impedindo a visão por predadores mais apressados.

O ninho conta com apenas um filhote. E desde o dia em que descobrimos essa pequena construção, relatamos que o desenvolvimento do filhote ao que parece é lento. Visitamos o local várias vezes após a descoberta, feita pela observadora do COA, Ana Delboni, e constatamos 10 dias depois, que o filhote continua no ninho e tendo aumentado pouco de tamanho. 

Observamos também, algumas vezes, os adultos alimentarem o filhote. Dessas vezes, pudemos notar sempre que os pais levam no bico pequenas frutas para o filhote.



 Coletando frutos na árvore.
Voando com o fruto no bico.

Com o fruto no bico.




Finalmente, em 21 de setembro, 13 dias após a descoberta do ninho, e pelo menos há uns 15 dias após o nascimento do filhote terminamos nossas visitas ao local. Constatamos que os pais já deixam o filhote sozinho no ninho. Talvez a ave precise de uns 25 dias para abandonar o ninho. Infelizmente não pudemos acompanhar todo o processo, mas observamos que o Anambezinho alimenta seu ninhego principalmente com frutos, o que talvez leve a um desenvolvimento lento do filhote.



Pode ser visto o bico do filhote no lado direito do ninho.

Acreditamos que já nessa fase, o filhote já tenha tido um bom crescimento, mas ainda não está apto a sair do ninho.

Pelas fotos que observamos no site Wiki Aves, de outros ninhos com filhotes, o desenvolvimento desse filhote ainda pode demorar uns 7 dias até voar dos ninhos dos pais. Nesse caso, teríamos pelo menos cerca de 25 dias para abandonar o ninho!



O Anambezinho, Iodopleura pipra, não é uma espécie comum ou fácil de ser observada. Trata-se de avezinha de 9 cm. de comprimento, que vive comumente nas copas da mata, onde é difícil de ser vista. Tem como hábito, pousar nas copas de arvores com galhos despidos de folhas ou arvores secas, o que diminui a dificuldade de sua localização, principalmente se chegar a vocalizar. Pesa cerca de 10 gramas e é um dos componentes da família Tytiridae. Antigamente era classificada entre os Cotingideos, mas estudos posteriores dividiram a grande família e algumas das espécies ficaram enquadradas como titirideos.

Está classificada na tabela da IUCN na categoria de EN, ameaçada. É uma ave endêmica da Mata atlântica, onde habita preferencialmente as matas das baixadas ou das encostas baixa e já foi registrada até mesmo em matas de restinga. No Brasil, ocorre da Paraíba até o norte do Paraná conf. registros do Wiki Aves.


Agradecemos às pessoas que nos honram com suas visitas!

Obrigado!!


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