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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Fotografando aves com a lente Canon 75-300mm.

 

Dentro da linha de lentes telefoto da Canon, o modelo EF 75-300 F/4-5.6 III da Canon é conhecida nos sites e  comentários das redes sociais  como "a pior lente da Canon" ! Mas será essa lente tão ruim assim mesmo? Agora mesmo, em visita à loja oficial on-line da Canon no Brasil, esse modelo está à venda com o preço promocional de R$990,00, vendida em 9 pagamentos sem juros de R$110,00. Comparando esse preço em dólares, cotado hoje aqui no Brasil a R$5,06, preço do fechamento, temos que essa lente está sendo vendida a USD 195.65.

Por esse preço, essa lente fica acessível aos observadores e observadoras de aves, que, com poucos recursos, queiram fotografar as aves e postar suas fotos nas redes sociais. Adicionando a essa lente, uma câmera também mais popular, teríamos a Câmera Canon EOS T7, formando um combo com a lente da Canon 18-55mm e mais a 75-300 que estamos comentando. Por esse conjunto, no dia de hoje, o comprador ou compradora desembolsaria R$4.249,00 podendo pagar esse valor em até 10 prestações de R$424,90.

Caso, mesmo assim, nosso(a) novo(a) fotografo(a) de aves pensasse, ainda estar caro, poderia, então, adicionar a essa lente DSLR, uma câmera usada em ótimo estado de conservação, disponível em sites de usados como o Mercado Livre. Nesse caso, uma boa alternativa, seria  uma câmera usada como, por exemplo, a Canon EOS Rebel T2i. Trata-se de uma câmera já antiga, com uns 10 anos de mercado, mas, ainda hoje com boa performance mesmo se comparada com os modelos atuais. Por um preço médio entre R$1.100,00 a R$1.400,00, pode-se adquirir uma câmera com cerca de 20.000 cliques de uso, o que certamente garante ainda muito tempo de uso se manuseada e guardada com cuidado.

Nesse caso, nosso(a) amigo(a) gastaria cerca de R$ 2.400,00 para estar equipado para fotografar aves. Muitos, certamente, poderão pensar:  mas, essa lente, a 75-300mm, valeria a pena o investimento? com ela eu conseguiria fazer fotos boas? Foi pensando nisso, que com uma DSLR "cropada", a Canon 70D e a lente 75-300mm. dentro da mochila, sai a campo aqui em Vitória, para tirar umas fotos ilustrativas dessa mensagem, buscando responder a essa pergunta, na mesma linha de raciocínio que tive com o teste da câmera compacta da postagem anterior a esta.

Antes do teste, precisamos fazer algumas considerações sobre essa lente, antes de se exigir demasiado do equipamento. Nós sabemos que essa lente, é das chamadas de "lente da linha do consumidor", ou seja, é a lente telefoto mais acessível dentro do lineup da Canon. O que isso quer dizer? Que vc. vai receber a qualidade  que vai pagar!. Trata-se de uma lente que não tem estabilizador de imagens, o que, logo de inicio já te informa que vc. não poderá usar velocidades baixas do obturador, que certamente produziria imagens borradas. Se quisermos ou precisarmos desse uso, teríamos de portar um tripé para ajudar na estabilização. E se o tempo estiver nublado ou escuro, estaremos enfrentando uma dificuldade a mais para que a imagem não saia "tremida"! Outro ponto a informar: ao contrário de outras lentes telefoto da Canon, muito mais caras, esta não possui revestimentos de flúor, o que se traduz em possibilidades de imagens mais pobres. A principal vantagem dessa lente, fora evidentemente seu preço, é que ela é bastante compacta, pesando apenas 480 gramas em virtude da falta do estabilizador. E quanto fechada, com o zoom recolhido, mede apenas 12,5 cm de comprimento! O que significa que se acompanhada de uma DSLR também compacta, como as da série Rebel,  você poderá ir a campo com um conjunto pesando apenas 1 Quilo! Cabe perfeitamente em uma mochila pequena! Isso é uma maravilha para as pessoas que vão fotografar na natureza e precisam carregar equipamentos muito mais pesados e volumosos em percursos com obstáculos ou trilhas dentro da mata! E essa combinação, de preço e "compactude", certamente leva muitas pessoas a avaliar a possibilidade de seu uso!

Passemos então a ver algumas das fotos dessa experiência:


Individuo imaturo de Sabiá-da-praia, Mimus gilvus. Fotografado no final da praia de Camburi.

Achei que essa foto ficou boa, destacando duas condições:

1- Foi em uma manhã com boa claridade.

2- A distância da ave não era muito longa, uns 12 metros.




















Cardeal do nordeste, Paroaria dominicana, fotografado na mesma arvore das fotos anteriores,

Houve um pequeno "estouro" na claridade da foto, apesar da velocidade estar em 1/2000.













Ainda no mesmo local foi fotografado esse João de Barro, Furnarius rufus.

A nitidez aparentemente é boa, mas, apresenta pouca diferenciação quanto à plumagem da ave. Os detalhes finos das penas quase não aparecem!








No mesmo local vimos um bando de Bicos de lacre, Estrilda astrild, onde fotografei a ave forrageando nos capins.












A ultima foto no lugar foi essa Rolinha, Columbina talpacoti.

Gostei dessa foto, mas, trata-se de uma ave mansa, que estava a menos de 10 metros e se manteve imóvel.

Uma boa nitidez garantida pela boa iluminação do momento e pelo modelo que cooperou com o fotografo.






No dia seguinte, fiz caminhada até o Píer da estatua de Iemanjá, onde pude fotografar as espécies abaixo, ressaltando que nesse dia, a iluminação estava pior, sem o sol claro da véspera.


Um Vira pedras, Arenaria interpres, forrageando nas pedras marginais do píer da iemanjá. Nessas pedras, as aves ficam forrageando pequenos animais que habitam esses locais, como caranguejinhos, e outros.

Essa foto ficou boa, devido à distancia, menos de 10 metros e o contraste e exposição da ave.




Dois indivíduos, nos mesmos locais. E de novo, a possibilidade de se fazer uma boa foto.

Porém, longe daquela incrível nitidez de outros equipamentos.









A seguir, algumas fotos feitas em dia nublado, com iluminação natural mais baixa.


Essa foto do Socozinho, Butorides striata não ficou boa. A ave voando, apesar de não estar longe, talvez uns 12 metros de distância.
A diferença aí foi que ave não ficou parada, se movimentou, e, houve dificuldade de se acompanhar toda essa movimentação com a ave focada.






Nessa foto, da Garça branca pequena, Egretta  thula, podemos observar a perda de nitidez, que, nesse caso, atribuo à distancia em que se encontrava a ave. Notei que há uma distância de até uns 10-12 metros, as fotos ficam aceitáveis. Acima dessa distância, os ruídos aparecem.









A Garça branca grande, Ardea alba estava, também, nas proximidades. Apesar de não ter ficado nítida, a foto ficou menos ruim que a anterior.














Garça azul, Egretta caerulea, estava nas proximidades, uns 10 metros de distância.
As cores ficam quase boas, mas, de novo, a nitidez compromete.

Notamos que o "bouquet", as partes circundantes à foto, ficaram visiveis, mas sem se destacar.











A sequencia, a seguir, foram feitas em dia mais claro, com sol e mostra fotos do Trinta réis real, Thalasseus maximus, sobrevoando as proximidades do Píer de Iemanjá.

Essas fotos ficaram boas e o diferencial que notei para explicar esse dado foi que foram feitas em um dia de sol claro. Isto é, a câmera recebeu uma boa quantidade de luz e como tal, conseguiu-se reproduzir a imagem sem muitos ruídos.



















O Mergulho do Trinta reis real à procura de uma presa no mar.








Após essa experiência, qual minha opinião sobre o uso dessa lente, de "nível de consumidor"? Como podemos ver, algumas fotos ficaram boas, podendo muito bem serem aproveitadas por um observador de aves para publicação em redes sociais!  e esses casos, como o do Trinta Réis real, por ultimo, tiveram dois denominadores comuns: Primeiro de tudo, a claridade! Se o dia estiver ensolarado, é possível um bom uso dessa lente com velocidades a partir de 1/400. Velocidades menores, claro que poderão ser usadas, mas, nesse caso, aconselha-se o uso de tripé ou monope para ajudar na estabilização. Segundo: a distância! O Zoom dessa lente, se a distância for muito grande, não consegue entregar uma imagem sem muito ruido!

Lembrando da máxima, que recebemos a qualidade conforme o que pagamos, opinamos que essa lente, pode sim, ser bem aproveitada por fotografo(a)s  de aves! Com os cuidados necessários, pode-se conseguir boas fotos e, também, deve ser lembrado que as exigências desse equipamento, certamente poderão habilitar a (o) usuária(a) a se tornar mais conhecedor das técnicas de fotografia, portanto, mais hábil a produzir ótimas fotos!


Muito obrigado a todos que nos visitam!


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