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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

PATURI PRETA, Netta erythrophthalma, uma ave rara aqui no ES.

 Estivemos recentemente, no município de Linhares, neste mês de fevereiro, para registrar a marreca Paturi Preta, Netta erythrophthalma, ave já registrada em lagoas a região de Degredo, em algumas oportunidades,

Fomos guiados pelo amigo e passarinheiro Mario Candeias, que nos levou ao lugar, antes já pesquisado pelo amigo e presidente de AMOAVES, o Sr. Roberto de Oliveira Silva.



Conseguimos foto dessa marreca voando, ressaltamos que não havia muitas, talvez umas quatro ou cinco aves, muito ariscas, que não permitiram nossa aproximação.,

A Paturi preta possui uma ampla distribuição na América do Sul, no Brasil ocupa a parte oriental do país, sendo porém rara na região sudeste do Brasil segundo o Wiki Aves.


Mapa de ocorrência da Paturi preta no Brasil, segundo o Wiki Aves.

paturi-preta (Netta erythrophthalma) | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil









Com essa foto, consegui melhorar minha foto anterior dessa ave, que havia sido feita na Lagoa da Pampulha em BH,  em 2016:


A característica mais marcante dessa ave são seus olhos vermelhos. Vista do binóculo, esses olhos logo se destacam. Mas, no voo, também ficam bem destacadas as faixas brancas nas asas conf. mostra nossa foto maior.

Pormenor interessante da distribuição dessa ave, é que uma subespécie habita a África, do Sudão até a África do Sul.






Anatídeos são aves vitimas dos caçadores, sendo necessário, portanto, nessas ocasiões, cuidados para se evitar a caça excessiva que podem conduzir essa espécie à extinção.
Finalizamos agradecemos aos visitantes que nos honram com suas visitas!!


domingo, 26 de janeiro de 2025

ELE VOLTOU ! Tringa semipalmata de volta a Vix.

 O Maçarico de asa branca, Tringa semipalmata, voltou a nos visitar no verão. Todos os anos recentes, em 2023, 2024, 2022 e 2020 esta ave apareceu aqui na Ilha do Boi em Vitória. Temos visto apenas um individuo. Sempre nos encantamos com essa ave, migrante de longo curso.


T. semipalmata  reproduz-se do sul do Canadá e ao longo da costa atlântica dos Estados Unidos até o Golfo do México, incluindo as ilhas do Caribe; passa o inverno nas Índias Ocidentais e ao longo da costa leste da América do Sul até o sul do Brasil e da Argentina. (Wikipédia).


Os maçaricos são flexíveis em seus hábitos alimentares e caçam caminhando firmemente e bicando presas do substrato, embora também sondem a lama ou o lodo com seu bico sensível e possam perseguir ativamente presas maiores em águas rasas. Uma presa favorita nas costas são pequenos caranguejos  , minhocas,  e outros invertebrados, Eles também são conhecidos por ocasionalmente comer material vegetal. Os maçaricos também caçam ativamente presas mais móveis, como peixes e insetos aquáticos na água, e vão até a água na da barriga para perseguir tais presas.   O bico sensível significa que os maçaricos-de-asa-branca podem caçar tanto à noite quanto durante o dia. (Wikipédia).


Na grande colônia de Piru-pirus, Haematopus palliatus, existente na ilha do Boi, esse maçarico sentia-se bastante à vontade, porém, algumas vezes não escapava das bicadas e preconceitos de seus primos de bico vermelho!


O maçarico-de-asa-branca ainda é comum em algumas partes de sua área de distribuição, apesar de um declínio aparente desde a década de 1960. Também é considerado uma espécie em risco de se tornar ameaçada ou em perigo sem uma ação de conservação.  Os maçaricos-de-asa-branca também são vulneráveis ​​a serem mortos por colisões com linhas de energia colocadas em suas áreas de reprodução em pântanos. A aprovação do Ato do Tratado de Aves Migratórias em 1918 nos EUA, protegeu o maçarico-de-bico-branco da exploração intensiva por caçadores para alimentação e permitiu que seus números se recuperassem para os níveis atuais. Há um total de 250.000 maçaricos-de-asa-branca na América do Norte. (Wikipédia)

E nós aqui, ficamos muito felizes com esse individuo que nos tem presenciado todos os anos com sua visita! Se viessem mais, seria ótimo!

Muito obrigado, pessoas que nos visitam!!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Nidificação do Gavião asa de telha dentro da cidade.

 Parabuteo unicinctus,o Gavião asa de telha, é uma ave de rapina de porte médio para grande, atingindo 48 a 56 cm. de comprimento, chegando a fêmea a pesar até 1 kg. de peso.


É um rapinante de hábitos alimentares oportunistas, capturando pequenos invertebrados e conseguindo até mesmo animais maiores como frangos d'água, gambás, garças, etc. O interessante é que é considerado muito arisco à aproximação humana. Mas, apesar disso, conseguimos localizar um local dentro do bairro jardim da Penha aqui em Vitória, em que esse gavião arisco se estabeleceu para construir seu ninho, levar até o final a nidificação e criar dois filhotes.
A área em que resolveu estabelecer seu ninho é composta de vegetação alta mas não compacta, com árvores esparsas, situada no terreno dos armazéns do IBC-Instituto Brasileiro do Café.

A plataforma acima, foi usada pelo gavião, que, quando de nosso encontro, contava já com os dois filhotes já crescidos, empoleirados em galhos de uma arvore de casuarina.

Um dos filhotões já desconfiados, olhando para o observador!

Com seu porte de bom tamanho, e seu olhar aquilino, além de ser ave bonita com seu desenho "cor de telha", esse gavião tem sido visto algumas vezes no bairro de Jardim da Penha, procurando alimento para seus filhotes.


Temos noticiado, algumas vezes, o aparecimento desse gavião, e transmitido também, a impressão de que tem ficado "mais comum", ou mais encontradiço. Muitas vezes em áreas urbanas, o que agora se confirma com esse registro de sua nidificação dentro da cidade.


Parabuteo unicinctus, o Gavião asa de telha, é espécie que se distribui-se do México e EUA até a América do Sul. Tem sido muito registrado na parte oriental do Brasil e, segundo o Wiki Aves, confirmando nossa desconfiança de que tem sido mais registrado ultimamente em zonas urbanas. Habita regiões campestres, áreas de vegetação baixa como manguezais, cerrados, caatingas, pastagens, etc.
Os filhotes, já formados e com aspecto e tamanhos semelhantes aos adultos, continuam na região vigiados pelos pais, mas, certamente não demorarão em procurar outros lugares.

Agradecemos aos nossos visitantes pela honra que nos dão  em conhecer nossas postagens!

domingo, 29 de dezembro de 2024

O ARAPAÇU DE BICO BRANCO no manguezal!

 Arapaçus são aves da familia Dendrocolaptidae, restritos à região dos neotropicos. São aves de comportamento muito curioso, subindo pelos troncos das árvores à feição de pica-paus. Pessoas que não os conhecem, costumam frequentemente confundi-los com pica-paus. Mas não possuem parentesco com os picídeos.

Sua cauda, resultado de adaptação ao modo de vida arborícola, possui adaptação para subir pelos troncos das arvores, com a cauda rígida ou semirrígida, e possuindo as retrizes centrais, as raques em forma de ganchos para auxiliar ao ato de agarrar-se ao tronco da arvore sem cair. Essa propriedade lhe é de muita valia, pois costumam subir os troncos inspecionando galhos, ocos das arvores e buracos onde podem se esconder suas presas, besouros, pequenas aranhas, insetos, enfim todo animalejo que possa  capturar e consumir.


Dendroplex picus,  o Arapaçu de bico branco, inspecionando  tronco de arvore nas proximidades do manguezal da UFES- Universidade Federal do Esp. Santo.

O Arapaçu de bico branco é espécie comum, gosta de viver em matas baixas com proximidade de água, como é o caso do manguezal.  Possui uma vocalização melodiosa e que o atrai com facilidade quando reproduzida por gravador.


Nessa foto acima, é possível observar sua cauda rígida que possibilita à ave um apoio no tronco, à semelhança de praticantes do esporte "rapel".


Na espécie acima, Arapaçu de garganta amarela, Xiphorhynchus guttatus, feita na Reserva de Linhares em 2019, é possível ver claramente as "garras" das raques que se prendem ao tronco, possibilitando equilíbrio na escalada.

Arapaçus são aves geralmente insetívoras, podem acompanhar bandos mistos de aves que percorrem as florestas e também podem seguir as formigas de correição. Algumas espécies, como o Arapaçu liso, Dendrocincla turdina, nas épocas certas, são frequentemente encontrados junto às colunas das formigas de correições. 

Para o observador de aves, é importante ter o cuidado para a correta identificação das espécies. Conhecer quais as espécies são encontradas na área que estiver, suas exigências ecológicas. Como são aves de plumagem de cor muito parecida, geralmente cor canela, detalhes como o comprimento da ave, a cor e formato do bico, e, principalmente reconhecer sua voz, são muitíssimo importantes para a ID. No caso presente, o arapaçu de bico branco não é difícil ser reconhecido, devido a esse detalhe do bico branco.

Muito obrigado visitantes!! e Um Bom ano novo a todas e todos!!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Xenops rutilans, o Bico virado carijó!

 Dentre os passeriformes brasileiros, a família FURNARIIDAE, ou furnarideos, é uma das mais numerosas e importantes de nossa avifauna.

Nessa família convivem, por exemplo, o João de Barro, Furnarius rufus, uma ave campestre e muito conhecida de todos, com outras espécies, menos conhecidas como o Vira Folhas, Sclerurus scansor, habitante do interior da mata, que prefere a penumbra da floresta. Furnarideos habitam regiões campestres e florestais, e recentemente estão a invadir mesmo cidades e capitais.

Grande parte dos integrantes dessa família numerosa, são florestais e ao contrario de nosso João recém falado, somente conseguem viver dentro da mata! Alguns são mesmo raros e outros, encontram-se ameaçados de extinção devido justamente à derrubada da mata que tanto amam e dependem.


Entre esses florestais, mas não ameaçado, ainda, está nosso artista ai de cima, o Bico virado carijó. Bico virado devido a uma particularidade anatômica, que dá  a aparência de seu bico ser virado para cima. E carijó, devido sua plumagem, onde se ressalta seu peito estriado. Outro bico virado da mata atlântica no Sudeste,  é o Bico virado miúdo, Xenops minutus, que não possui o peito estriado. Como nosso Bico virado carijó tem o peito estrado, isto lhe dá uma aparência de "carijó" , o que justifica seu apelido.

São aves que vivem dentro das matas, mesmo as pequenas. Adoram participar dos famosos "bandos mistos", que congregam várias espécies de aves que perambulam pelas matas. Esse fenômeno é benéfico para as espécies, proporcionando-lhes segurança contra predadores.

Nosso Bico virado carijó, pode ser encontrado nesses bandos, onde procura alimentação inspecionando os troncos secos das arvores, onde assume várias posições. Ás vezes lembrando um pica-pau  outros vezes, um arapaçu! Vão atrás de insetos que vivem escondidos nos ocos e nos galhos.


Nessa foto acima, feita em 2017 no Parque Nacional do Caparaó, é possível observar a comentada particularidade do bico da ave voltado para cima.

O Bico virado carijó habita quase todo o Brasil, não sendo comum na Amazônia e na Caatinga, mas comum no leste do Brasil, na região da mata atlântica e também no cerrado. A ave tem em média 12 centímetros de comprimento e além do peito estriado que lhe dá o apelido, possui o manto e as costas de cor alaranjada, o que é comum a quase todos os furnarideos florestais.



 A distribuição do Bico virado Carijó, conf. os registros anotados no Wiki Aves: Mapa de registros da espécie bico-virado-carijó (Xenops rutilans) | Wiki Aves - A Enciclopédia das Aves do Brasil.

Os pontos em vermelho significam os locais onde a ave já foi registrada.

Agradecemos às pessoas que nos visitam!!

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Garças nidificando dentro da zona urbana!

 Uma pequena colônia de Garças grande, Ardea alba e, também de algumas garças vaqueiras, Bubulcus ibis, estabeleceu-se nas arvores do mangue, bem de frente minha varanda, no bairro de Jardim da Penha em Vitória- ES. Primavera é uma época em que as aves estão nidificando e, havendo condições mínimas para executar essa tarefa, mesmo que dentro de um centro urbano, elas seguem a natureza. Apesar de ser uma ave predominantemente insetívora, Bubulcus ibis, a Garça vaqueira também se alimenta de moluscos, crustáceos, etc. Enquanto a Garça grande possui alimentação mais diversificada, já tendo sido fotografada capturando insetos, pequenos sapos e até pássaros. Mas seu alimento principal são peixes.

Não é possível chegar perto da colônia, devido a distância e outros obstáculos, e por essa razão, as fotos não ficaram boas, mas confirma-se realmente tratar-se da Ardea alba e algumas Bubulcus.


Alguns ninhos já estão com filhotes crescidos, que produzem bastante agitação quando as mães chegam trazendo alimento. 


Também pudemos observar que alguns ninhos estão com ovos, como esse ai, quando a ave procurando uma posição de descanso, nos permitiu a visualização. Postura de três ovos de cor azul claro com tons de verde;



As garças, principalmente a grande, Ardea alba, já foram muito perseguidas por causa de suas penas que eram usadas para confecção de chapéus e adornos. Passada essa moda, as populações se recuperaram e hoje, as duas espécies são cosmopolitas, habitando o mundo inteiro. Cessou a ameaça de extinção e a prova disso são essas aves se aproximando e construindo colônias de ninhos até dentro de cidades!

Muito  obrigado, pessoas que nos visitam!!!



quarta-feira, 13 de novembro de 2024

LIMPA FOLHA OCRÁCEO: Uma ave bonita e interessante!

 

Anabacerthia lichtensteini

 

O Limpa folha Ocráceo é uma ave da família FURNARIIDAE. Essa é uma das maiores famílias de aves brasileiras, sendo algumas, muito famosas como o João de Barro. 

Pertence ao grupo dos furnarideos florestais, que ainda habitam nossas matas com certa frequência. Algumas aves, mesmo não sendo comuns, não podem ser classificadas como ameaçadas, porque sua densidade populacional, são, naturalmente raras ou pouco comuns.

O nosso convidado de hoje, o Anabacerthia não é ave comum, mas, mesmo assim, seu estado de conservação é considerado como Pouco preocupante pela IUCN.




Como faz parte dos já citados furnarideos florestais, fica claro que somente podemos encontra-lo no interior da floresta. Nesse grupo se encaixam outros colegas como o Limpa folha de testa baia, Dendroma rufa ou o Barranqueiro de olho branco, Automolus leucophthalmus.

 




 

Alimenta-se de insetos, que captura dentro da mata, muitas vezes fazendo parte de um bando misto. Esses bandos mistos podem conter várias espécies de aves que percorrem a floresta em busca de alimento. O Bando funciona como uma proteção para todos. O Limpa folha Ocráceo é muito parecido com o Limpa folha de testa baia, distinguindo-se por ser um pouco menor, 19 cm e o Ocráceo, cerca de 18 cm. e, principalmente pelo detalhe do píleo com cor cinzenta até a comissura do bico, enquanto que o de testa baia o cinza alcança apenas até a metade da testa. Trata-se de ave com comportamento fleumático, calmo, sua presença parece ser um indicio de mata em boas condições de preservação.

Em nossas excursões, sempre encontramos o Limpa folhas de testa baia, o Dendroma rufa. O Ocráceo, pelo menos aqui no ES, é mais difícil de ser registrado. Geralmente temos visto em regiões montanhosas, como esse registro de Santa Teresa.

O presente registro deu-se no interior da Reserva Biológica Augusto Ruschi, no município de Santa Teresa, há uma altitude de cerca de 700m. A ave acompanhava bando misto de aves onde pudemos distingui-lo graças à vocalização diferente do Limpa folhas de testa baia e também seu comportamento que é menos agitado. E confirmamos sua identificação ao examinarmos as primeiras fotos que fizemos, onde se constata o colorido cinza do  píleo da ave alcançando o bico. Coisa que no de Testa baia não ocorre, pois esse colorido apenas chega até o meio do píleo.

Esse grupo dos Furnarideos florestais é um dos mais interessantes de nossa avifauna. São passeriformes suboscines, isto é, pertencem à divisão dos passeriformes considerada como mais antiga e menos adaptável a mudanças em seu meio ambiente. Por essa razão, o numero de suboscines ameaçados é maior que entre os oscines. Os Oscines são mais adaptaveis, possuem um cerebro mais "plastico", são aves canoras e consideradas como mais recentes na escala de evolução dessa ordem passeriformes. Porém, a maior parte dos Furnarideos, não são aves florestais. Muitas são campestres como o citado João de Barro e outros, habitam tanto campos como a borda da mata, ambientes intermediários entre a mata e o campo. Se ocorrerem mudanças no ambiente provocadas pelo homem, como por exemplo, o desmatamento de uma área florestal, os suboscines que moravam nessa mata como é o nosso caso estudado agora, o Limpa folhas Ocraceo, estarão condenados à extinção pois não terão como se adaptar ao novo ambiente modificado após a derrubada da floresta. O mesmo pode ser dito de outras aves florestais que citamos aqui, o Barranqueiro de olho branco e o Limpas folhas de Testa baia, e muitos outros não citados, como, por exemplo, o Rabo amarelo Thripophaga macroura. Sabemos de uma mata, não longe da Rebio Augusto Ruschi, que encontrávamos esse furnarídeo florestal. Porém, essa mata vem sendo paulatinamente degradada e, infelizmente,  já não encontramos mais o rabo amarelo nesse local.


Limpa folhas ocráceo, forrageando na mata da Rebio Augusto Ruschi.


Agradecemos às pessoas que nos visitam: muito Obrigado!