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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Algumas Aves incríveis registradas em nossa recente excursão ao Caparaó.

 Mencionamos em nossas postagens anteriores, que, entre os dias 18 a 22 de agosto passados,  fizemos uma ótima excursão à serra do Caparaó, na divisa entre os Estados de Minas Gerais e Espirito Santo. Já fizemos esse percurso em outras épocas, sempre com muitas histórias sobre esses lugares. São lugares mágicos, montanhas muito altas, com vegetação muito interessante e que possuem uma fauna também muito atrativa. Sempre fico deslumbrado ao contemplar a variação da vegetação, desde a mata alta localizada nas partes mais baixas há uns 1.000 m. ate os campos de altitude com outro tipo de vegetação. E a população de aves acompanha essas mudanças! Aves que habitam a mata alta não chegam até os campos, obviamente, e o mesmo se dá com os moradores dos campos.

A seguir, mostraremos algumas das aves registradas nessa excursão.


O Bacurau da telha, Hydopsalis longirostris: avistamos esse belo bacurau pousado na estrada de terra logo após a localidade de Macieira, Ave muito interessante, que não é muito fácil de ser registrada. Mesmo não sendo considerado como ameaçado, é uma ave que chama atenção por seus hábitos. Vive mais em regiões rupestres e locais de altitude, como vimos no Caparaó. Estava nesse local a 2.000 m. de altitude.



Saíra -lagarta, Tangara desmaresti, é uma saíra típica de lugares de altitude, geralmente acima de 1.000m. No Caparaó, vimo-la na região de matas, onde busca seu alimento sempre em bandos. Habita a região das matas de altitude, não sendo vistas nos campos de altitude.


A Garrincha chorona, Asthenes moreirae é famosa habitante dos campos de altitude das regiões altas do Brasil. Essa ai foi clicada nos campos da Macieira, há mais de 2.000m. Ave endêmica dos campos de altitude da região sudeste do Brasil. Forma pequenos grupos e movimenta-se entre os arbustos dos campos coletando sua alimentação: insetos e também pequenos frutos.


O Trepador quiete, Syndactyla rufosuperciliata é uma ave da família Furnariidae, assim como a Garrincha chorona, e habita a mata atlântica, ocorrendo também nos Andes. Usualmente encontrado até 2.000 metros de altitude. Alimenta-se de insetos e também de alguns frutos que encontra perambulando pelas matas. Tem uma voz bastante forte e alta e também pode acompanhar os bandos mistos que percorrem a mata.


Para nossa surpresa, encontramos andorinhas morenas, Alopochelidon fucata sobrevoando os campos na localidade de Pedra Menina. Trata-se de andorinha pequena, que habita campos, cerrados e locais abertos.


A Maracanã, Primolius maracana, pode ser avistada diariamente na região do Caparaó. É uma ararinha muito bonita e costuma viajar em bandos. Em alguns lugares ao sul de sua área de distribuição encontra-se ameaçada e ou extinta. Felizmente suas populações na região sudeste ainda não estão sob ameaça.


Dentro da área de matas mais altas, na subida da serra do Caparaó, encontramos o piolhinho verdoso, Phyllomyias virescens, um casal vocalizando muito. Habitante da mata atlântica, esse piolhinho é o maior da categoria dos "piolhinhos". Pode ser encontrado na mesma mata do piolhinho -chiador, Tyranniscus burmeisteri, o que ocorreu em nossa excursão. Não conseguimos fotos do chiador mas gravamos seu canto.


Esse belíssimo beija flor, é o Colibri serrirostris, um dos mais encontradiços do Brasil. Este foi fotografado há 2.000 m. na parada da Macieira.



O Belíssimo Sanhaço de fogo Piranga flava apareceu na Macieira, a 2.000m. Trata-se de uma das mais belas aves do Brasil, com ampla distribuição na região oriental do pais. Prefere habitar locais com matas baixas ou abertas como o cerrado, campos, etc. É onívoro, alimentando-se tanto de insetos quanto de fruas e até néctar.



E finalmente, uma das aves mais espetaculares da viagem! O Bacurau- tesourão! Hydropsalis forcipata. Essa ave, com incríveis 76 cm. de comprimento, dos quais a cauda tem 55 cm.!  foi vista na Macieira, na altitude de 2.000 m. mas apenas na estrada de terra. É um habitante das regiões altas principalmente na região sudeste do Brasil. Ocorre nas regiões sul e sudeste do Brasil e também na Argentina. Exclusivamente insetívoro. A ave levantava voo com suas retrizes muito compridas e bem que tentamos capturar esse momento com fotos, mas, não conseguimos! É um desafio para o fotografo de aves conseguir capturar esse momento.

AGRADECEMOS ÀS PESSOAS QUE NOS VISITAM!!



segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A Incrível Borralhara-assobiadora, Mackenziaena leachii.

Uma das aves mais ouvidas no Parque Nacional da Caparaó, nessa época do ano, agosto e setembro, é, certamente, a Borralhara assobiadora, a Mackenziaena leachii. Trata-se de ave pertencente à família Thamnophilidae, grupo de aves que antigamente eram englobadas na família Formicariidae.


 De beleza extraordinária, essa ave vive escondida nas brenhas de matas baixas de altitude. Na região sudeste, geralmente acima de 1.000 metros de altitude. A Fêmea é semelhante ao macho, mas as pintinhas do corpo são de cor marrom em vez de brancas, e, também possui a cabeça de cor marrom. Curiosamente, já com vários anos que conhecemos essa ave incomum,  e até hoje não vimos uma fêmea! É uma ave de bom tamanho para um passeriforme, alcançando até os 27 cm. de comprimento, boa parte devido à sua longa cauda.

Nas montanhas onde ocorre, não é rara e nessa época do ano, já começo da estação reprodutiva, podemos ouvi-la constantemente. Essa espécie, inclusive não é mencionada em nenhuma categoria de ameaça. Alimenta-se de insetos que captura nas brenhas onde se movimenta, mas também preda pequenos anfíbios e, desconfia-se que aprecia também ovos e filhotes alheios! Visita todos os locais da floresta. Apresenta-se até mesmo nos campos de bambuzinhos, Chusquea pinifolia, a mais de 2.000 metros de altitude e acima da linha das florestas, como vimos nas proximidades do local conhecido como Macieira.


Bambuzinho, Chusquea pinifolia. Há 2.000 m. de altitude: até aqui ouvimos a Borralhara assobiadora!



Já observamos que essas brenhas emaranhadas, muitas vezes com muitas taquaras, são locais que a Borralhara assobiadora aprecia muito. Seu voo não é longo ou alto. Movimenta-se entre as brenhas em voos curtos e discretos, mas seu tamanho a denuncia!


Infelizmente não encontramos na literatura maiores detalhes sobre a alimentação e ou nidificação dessa espécie. Efetuamos pesquisa com as fotos publicadas até esta data, no site Wiki Aves, e observamos várias fotos das aves se alimentando. Foram 4 fotos com as aves predando borboletas e ou libélulas, 03 fotos com formigas no bico,  e 5 fotos com lagartas e também 02 fotos com a ave se alimentando de pequenas anfíbios, pequenas rãs. Mas não vimos nenhuma foto do ninho ou da ave nidificando. No livro Pássaros do Brasil, Eurico Santos nos informa que, os pesquisadores, H. Von LHering e Berlepsch, "as acusam de pilhar ovos e filhotes em ninhos alheios, o que não será de duvidar, pois muitas espécies da família também possuem esse mal costume".

Isso demonstra que temos muitas coisas a estudar sobre nossas aves!

Muito obrigado, pessoas gentis que nos visitam!!