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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Entrevista: Actitis macularius, o Maçarico-pintado.

 

Ele é incrivelmente gracioso, delicado e apresenta um curioso trejeito que ajuda muito no diagnostico da identificação: Um pequeno e ligeiro movimento de "vaivém" ao se locomover, seja fugindo de outras aves, ou procurando alimento nas pedras e lugares húmidos onde pode ser encontrado.


Actitis macularius, conhecido aqui no Brasil pela alcunha de "Maçarico- pintado" foi visto hoje, 19 de outubro, pela manhã, na Ilha do Boi, nesta cidade de Vitória -Es.


Ao vê-lo, logo reconhecemos o visitante frequente de todos anos e nos dirigimos a tão ilustre viajante, para uma pequena entrevista. Primeiro, procuramos contato próximo, mas ele, consciente dos perigos advindos com a pandemia da Covid-19 e outros pandemias pré-existentes, exigiu o cumprimento de um rígido protocolo: um distanciamento social de no mínimo uns 6 metros!.


Resolvido esse problema, nossa entrevista deu-se calmamente:

1) Pergunta: Olá amigo, quem é você, quer se apresentar?

R: Meu nome de batismo  é Actitis macularius, mas aqui no Brasil, sou mais conhecido pelo nome popular, Maçarico pintado.

2) Qual a razão desse nome popular?

R: Obviamente por que sou um maçarico, da família Scolopacidae,  mesma das Sanãs e saracuras. E pintado devido ao fato de na época da reprodução, apresentar a plumagem toda salpicada de pintas pretas, daí o pintado!


3) De onde você vem?

R:Sou um navegante de longo curso. Apesar de meu diminuto tamanho, 10 a 18 cm., viajo  longas distancias. Venho do hemisfério norte, Canadá e do Ártico. Lá esfria muito e venho passar o verão aqui no Brasil, principalmente nos manguezais e na costa, mas posso também visitar e ser visto no interior do país.

4) Por que sempre vem para Vitória nessa época do ano?


R: Como disse, gosto de passar o verão aqui no Brasil e Vitória tem muitos lugares com alimentação farta! A comida é muito boa. Também tem muitos locais onde me sinto bem: nos mangues e nesses locais como na ilha do Boi.

5) Que "comida boa" é essa que tem aqui em Vitória, que tanto te agrada?
R: Gosto muito desses animalejos que se escondem, ops, tentam se esconder nos orifícios das pedras e nas arvores do manguezal, como minúsculos caranguejos, baratinhas, camarões, minhocas de praia, pequenos moluscos, etc. Mas também aprecio outras delicias que não ficam à beira mar como lagartas, besouros, grilos, gafanhotos, etc. Esse mundo tem muita comida!

6) Dizem que aqui em Vitória, dos maçaricos migratórios, você é o primeiro que chega e o ultimo a ir embora. O que diz disso?
R: Geralmente chegamos aqui quando o outono no hemisfério norte está bem instalado, ai pelos meses de Outubro e Novembro. Mas tem alguns, apressadinhos, que já foram vistos a chegar em meados de setembro, logo no inicio do outono boreal. Talvez nos anos mais frios,  alguns comecem a viagem mais cedo. Para voltar, preferimos no inicio da primavera boreal, geralmente no mês de abril. Alguns, poucos, esperam até o inicio de maio.

7) A reprodução é toda no hemisfério norte?
R: Sim, sabe como é, temos de manter a tradição! Preferimos no período entre Maio e Agosto, com as fêmeas escolhendo o local de reprodução, no solo, uns quatro dias antes dos machos retornarem. É por isso que muitos aqui, nos meses de abril e maio, já ostentam a plumagem reprodutiva, chegando lá é só procurar uma companheira. Elas põem cerca de 3 a 4 ovos por ninho.





8) Finalizando, meu amigo, como é que vocês conseguem fazer tão bem essa viagem de mais de 10.000Km ?
R: Podemos viajar de dia ou de noite e geralmente viajamos sozinhos ou em pequenos grupos. Sendo uma ave pequena, em poucos dias podemos percorrer uma distância grande passando quase que despercebidos. E, ao contrário que algumas pessoas pensam, não viajamos em linha reta. Vamos fazendo paradas, Vitória, São Mateus, Salvador, Recife, até chegar ao Ártico!

9) Muito obrigado pela entrevista e sejam muito bem vindos!
R: OK.


Aos nossos amigos e amigas visitantes,  também um muito obrigado!


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