A Pedra dos cinco pontões é um monumento natural tombado pelo Patrimônio histórico do Estado do Espirito Santo. Trata-se de um magnifico maciço montanhoso natural que engloba terras dos municipios de Laranja da Terra e Itaguaçu. Seu pico mais alto alcança 1.200 metros de altitude e são várias as lendas e histórias que se contam sobre o lugar. A "pedra" como é conhecida constitui-se de um magnifico conjunto de cinco picos graniticos que se erguem e podem ser apreciados a grande distância.
Todo esse conjunto de rochas, incomuns em seu aspecto de relevo brasileiro, são margeados por remanescentes da floresta atlantica, existindo ainda uma mata em bom estado de conservação.
A beleza cenica das montanhas é tão grande que tem atraído visitantes de várias partes para conhece-las. Inclusive, anualmente é organizada uma caminhada ecologica que procura chegar até o pico mais alto. Todas essas formas de turismo precisam ser bem orientadas para que não se causem transtornos e destruição da fauna, flora e também das montanhas.
Nossa visita deu-se no ultimo dia 30 de setembro, um domingo ensolarado. Recentemente tivemos uma boa queda nas temperaturas normais aqui no Espirito Santo. Durante toda a semana tivemos minimas em torno de 14-15 graus e nesse domingo, já na primavera, a temperatura aumentou um pouco o que nos propiciou condições boas para a observação de aves. Nossa excursão foi composta dos amigos e membros do COA, Eu, José Ronaldo de Araujo e Israel Kuster, que vieram de Afonso Claudio para nos encontrarmos na encruzilhada da estrada Itarana-Laranja da Terra, que vai para cinco pontões.
Apesar do pequeno atraso da comitiva que veio de Afonso, pudemos iniciar nossa caminhada por volta das 7,30hs. depois de muito bem recepcionados por D. Penha e seu marido o Sr. Gelson, que nos brindaram com um delicioso café da manhã composto de café da roça com bolo e queijo natural. Iniciamos a subida em busca de um dos lados da mata, mais fechada, onde imaginamos que veriamos mais aves. Porém, sem nenhuma trilha que permitisse adentrar a mata. Sem muito sucesso. Nesse local vimos poucas aves, como o garrichão Thryothorus genibardis e o Petrim Synallaxis frontalis.
Voltamos a apreciar a beleza do lugar. Da base da pedra, já a uma altitude de uns 800 metros, é possível vislumbrar todo o horizonte. Pode-se ver, por exemplo, a pedra dos Três Pontões em Afonso Claudio, lugar de várias de nossas passarinhadas:
Outras elevações importantes, como a pedra da Lajinha:
Continuando nossa busca por aves, finalmente elas começaram a aparecer. Antes viamos aves mais comuns. Apareceu a maria-preta de garganta vermelha, Knipolegus nigerrimus.
o Urubu de cabeça vermelha, Cathartes aura:
Quando finalmente, já por volta das 9,30hs, resolvemos ficar do lado esquerdo da mata, é que tivemos mais sorte e as aves apareceram em bom número e várias espécies.
Logo, vimos um bando misto onde se sabressaiu a Juruviara, Vireo olivaceos:
Outras aves vocalizavam muito, como choquinha de peito pintado, Dysithamnus stictothorax, mas, infelizmente nossas fotos não ficaram boas. Mas um dos comensais mais cantadores e graciosos desse bando era o Chorozinho de asa vermelha, Herpsilochmus rufimarginatus. Realmente essa avezinha deu um show e nos encantou não só com sua disposição, mas também com a graciosidade de seus movimentos: a cada canção ela balança a cauda em um movimento caracteristico de muita graça. A foto da artista:
Outra ave belissima e muito inquieta, que também chegou a nos brindar com suas exibições foi a saíra-ferrugem, Hemithraupis ruficapilla.Vários casais estavam presentes, vocalizando intensamente. Ás vezes tinhamos a impressão que iriam pousar nas nossas lentes tão próximas chegavam de nós.:
De repente, apareceu sobrevoando os picos com seu vôo magestoso, aquela que pode ser considerada como a habitante mais ilustre de nossas elevações rochosas, a Águia-chilena ou águia serrana, Geranoaetus melanoleucus. Ano passado, estivemos nessas serras e ficamos com a impressão de que eram algumas as águias. Hoje só vimos uma, mas, como pode ser visto por uma de nossas fotos, a ave deve estar nidificando pois observa-se uma placa em seu peito, sinal de que pode ter ficado deitada sobre os ovos e, naquele momento, tinha iniciado seu turno de liberdade.
Ela aparecia e depois sumia, levando alguns minutos para retornar. Tiramos várias fotos mas a distância era grande.
De qualquer forma, percebe-se a beleza desse extraordinário gavião e lembramos, a pedra dos cinco pontões é o segundo lugar que o registramos no Espirito Santo. De tanto procurar a aguia ao pousar nos paredões, fizemos várias fotos e pudemos vistoriar as paredes. São inumeros os locais onde essas águias podem nidificar nos penhascos:
Pensei ter encontrado uma, descansando em um desses buracos, da rocha, mas com o zoom da Canon 100-400mm L, pude bisbilhotar foi um urubu comum, Coragys atratus pousado calmamente em sua "varanda" rochosa.:
A distância é muita e o urubu é o ponto preto na cavidade maior. Com certeza esses urubus também nidificam nesses penhascos.
Tentamos com o play-back o som de várias aves do lugar. Inclusive, com imitação do canto do falcão-de-peito vermelho, o Falco deiroleucus, e, para nossa surpresa, houve resposta muito parecida. Infelizmente a ave não apareceu no aberto e não podemos afirmar co certeza. Mas o canto era de deiroleucus ou do cauré, Falco rufigularis. Pouco depois quem apareceu, belissimo e dando também um show de canto e vocalização foi o grande Pica-pau de banda branca, o Dryocopus lineatus:
Já na descida, finalmente conseguimos fotografar o garrinchão pai-avô e na casa de D.Penha, a maria cavaleira de rabo enferrujado, Myiarchus tyrannulus, fazia o ninho:
Conversando com o Sr. Gelson sobre aves do lugar, ele nos informou que há poucos dias atrás, ainda em setembro, tinha aparecido uma araponga Procnias nudicollis, que ficou pelo menos uma semana cantando e batendo no lugar. Infelizmente não nos esperou. E por falar em esperar, D,Penha nos aguardou com um almoço maravilhoso. Arroz, feijão, salada, carne de porco, carne ensopada de Boi, torta capixaba e outras guloseimas e um gole de cerveja para molhar a garganta. Os "expedicionários", já cansados e com fome, não se fizeram de rogados:
E assim terminamos mais uma passarinhada muito divertida e cheia de aventuras em nossas matas.Voltaremos mais vezes, e, segundo D.Penha, pode-se mesmo acampar no terreiro para bem cedo iniciar-se a subida da serra.
Um abraço em todos os nossos amigos visitantes!
josé silvério lemos.
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