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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Aves registradas em Gramado-RS, e a natureza do lugar.

 Entre os dias 11 a 15 de outubro, pp. estivemos em Gramado, serra gaúcha, junto com a família para conhecer a cidade e passar dias agradáveis no lugar. É claro, que, para um passarinheiro, uma oportunidade de conhecer lugar diferente, significa também, possibilidade de ver e registrar AVES diferentes!

E como tal, levei na mochila binóculo e câmera para a oportunidade de fazer algum registro interessante!

Então, fui com o Swarovski 8x30 e a Canon R7, mas acompanhado da lente 300mm f/4, ao invés da RF 100-500mm., fato este que depois me decepcionou um pouco. Por melhor que seja a lente de 300mm, para o birder -fotografo, o ideal é uma maior distancia focal quando as aves estão longe, e foi o que ocorreu.

Mas, primeiro, algumas notas sobre a natureza do lugar. Gramado situa-se a cerca de 800m. de altitude e seu clima é classificado como Cfb, isto é, um clima temperado oceânico, com geadas frequentes e com eventual queda de neve no inverno. Sua vegetação é muito bonita, com um verde intenso e a mata atlântica ocupando todas as encostas. A região ainda é bastante florestada, com ocorrências de algumas aves do interior da mata atlântica. Não praticamos observação convencional, pois ficamos apenas no hotel e em alguns passeios pelo município. Mas, mesmo assim, conseguimos apreciar a beleza da natureza do município. A vegetação remanescente é dominada pela floresta com araucárias, tendo em seu sub-bosque outras espécies muito interessantes, como o Pinheirinho -bravo, Podocarpus lambertii,  outra conífera nativa do Brasil e que pode ser encontrada em florestas de altitude.





Imagens do Pinheirinho, ou Pinheiro- bravo, Podocarpus lambertii, encontrado nas margens do Lago Negro em Gramado.☝☝

E as florestas com araucária, Araucaria angusifolia, remanescentes da mata original, são belíssimas, apresentando quase sempre arvores maduras e com a copa típica. 👇



Com essas pequenas considerações sobre as belíssimas florestas remanescentes com araucárias, passemos a falar sobre as aves que avistamos e também algumas que não vimos, mas registramos pelo som.

Nossas observações de aves foram feitas no próprio hotel onde ficamos hospedados. O Hotel possui, em sua área traseira, de uma vizinhança com uma mata de bom tamanho, Foi lá que registramos várias espécies ou observamos algumas que passavam voando sobre a região.


Curicacas, estão entre as aves mais vistas em Gramado.














O Quete do sul, Microspingus cabanisi, foi uma das aves da mata próxima ao hotel, que apareceram no pomar do hotel.











A Saira preciosa, Stilpnia preciosa, também saiu da mata para visitar os pomares onde poderia se alimentar. Vimos essa ave sugando nectar de flores vermelhas do jardim.












O Sanhaçu-frade, Stephanophorus diadematus, apareceu várias vezes no jardim, demonstrando ser comum na região.
Lembrando que aqui no sudeste, registramos essa ave nas maiores altitudes, enquanto em Gramado, vimos a 800 m.








O Tecelão, Cacicus chrysopterus, é um belissimo icterideo, habitante das matas e que apareceu nos fundos do quintal do hotel como outros habitantes.
Ao contrário de muitos icterideos que são gregários, essa ave parece gostar de viver solitária ou, no máximo, aos casais.







O Ameaçado Papagaio de peito roxo, Amazona vinacea, também "deu as caras" nas vizinhanças do hotel, enestavamos lá ´para registrar.






 Ave muito dependente das araucárias, o Grimpeiro Leptasehenura setaria, foi visto nas araucárias dentro do terreno do hotel por duas vezes nos quatro dias que lá ficamos.

É um caso de dependência que esse Grimpeiro tem com a árvore e, parece que até mesmo está sendo considerado como ameaçado tendo em vista o perigo que corre com a diminuição dessa belíssima arvore.





Tapicurus, Phimosus infuscatus também estão entre as aves  que  mais vimos na região.
Esses dois da foto estavam nas cercanias de uma lagoa próxima.











Os  Cuiu- cuius, Pionopsitta pileata, foram das aves mais incríveis que registramos e de dentro do hotel.

Ficávamos nos fundos do quintal observando as aves e todos os dias pela manhã passavam pequenos bandos desse periquito. Ás vez um casal, e outras vezes, bandos pequenos, de quatro a seis indivíduos passavam voando.
Algumas fotos ficaram muito ruins, mas essa, dá para ver que se trata mesmo dos Cuiu - cuiu.

Esse psitacídeo é uma ave que não é comum em outras regiões como no Espirito Santo.

Além dessas fotos, também registramos pela vocalização, o Pinto -do- mato Cryptopezus nattereri. Como se trata de uma ave muito esquiva, respondeu mas não seguiu a gravação de sua voz que reproduzimos. Também ouvimos e vimos vários Tucanos de bico verde, Ramphastos dicolorus, que chegaram bem perto da cerca que divide o terreno do hotel da mata circundante.
Apesar a excursão ser do tipo familiar, onde a observação das aves estava em segundo  plano, ainda assim ficamos contentes com as espécies que registramos e mais ainda por constatar que no sul do país a natureza está sendo protegida.

Agradecemos às pessoas que nos visitam!!

domingo, 5 de outubro de 2025

Conhecendo o Anumará, Anumara forbesi.

 Em nossa recente viagem ao Caparaó, aproveitamos para dar uma passeada até o município de Alto Jequitibá em Minas Gerais, para tentar conhecer o Anumará, Anumara forbesi, um enigmático icterídeo, habitante de pouquíssimas localidades, em Minas e no nordeste!.


Como pode ser visto, o Anumará ocorre apenas em partes de Minas Gerais e nos estados de Pernambuco e Alagoas.

É um belo Icterídeo, com uma "shape" muito típica da família, tendo uma cauda mais longa. Devido sua ocorrência restrita, já é classificado como ameaçado, na categoria de EN, ou Endangered : é o segundo nível de classificação de ameaça a uma espécie. e Significa que a espécie será extinta num futuro próximo. Isso, se medidas de conservação não forem adotadas!

Mas será isso possível? Na localidade onde o encontramos, graças ao auxilio do colega Plinio Povoa, observador de aves da região, que gentilmente nos indicou os locais prováveis, não percebemos nenhum sinal de ameaça para essa ave. Afinal, não é caçada, encontramos um pequeno bando vocal e muito alegre, transitando entre as árvores da propriedade e o brejo circundante. Á maneira de outros icterídeos, como, por exemplo, o Garibaldi, Chrysomus ruficapillus. Talvez a ameaça a essa ave seja o fato de ser muito  local, isto é, não se afasta muito de seu território para colonizar novas áreas. O ideal seria mesmo um acompanhamento periódico para se verificar a flutuação da população.


O nosso herói, em uma posição típica: empoleirado no brejo, encima das taboas, Typha domingensis.

Segundo o Wiki Aves, essa espécie habita próximo a matas, frequentando bastante áreas alagadas próximas, como vimos nessa localidade. Além disso, uma das ameaças é que é vitimas do Nido parasitismo, isto é, aves que depositam seus ovos em ninhos de outras espécies, no caso aqui tratado, a vitima seria o Anumará,que assim teria sua própria ninhada prejudicada. E, um dos parasitas, com certeza, sabemos já, é seu primo o Chupim, Molothrus bonariensis.

Observando o mapa de distribuição, obtido junto ao Wiki Aves, podemos ver que já foi registrado em 14 municípios de Minas Gerais, 14 em Pernambuco e em 2 de Alagoas.


Possui hábitos alimentares onívoros, apreciando sementes, grãos, pequenos insetos e invertebrados e também infrutescências de plantas como nos canaviais.

AGRADECEMOS ÀS PESSOAS QUE NOS VISITAM!!